Octodad nasceu pelas mãos de estudantes da universidade DePaul em Chicago, e ao verem o seu trabalho ser distinguido durante o Independent Games Festival, decidiram desenvolver uma sequela que resultou na criação de Octodad: Dadliest Catch. Este foi financiado através do Kickstarter e conseguiu assim ver a luz do dia, para PC, Mac, Linux e posteriormente para PlayStation 4.

Octodad é à partida um vencedor por resultar de um projecto escolar. E porque são poucos os videojogos que nascem de um grupo de estudantes e vêem o seu labor a ser disseminado pelos quatro cantos do mundo. O que levou este projecto a ter garantias de sucesso prendeu-se por duas razões: humor e singularidade, mesmo que a originalidade tenha derivado de outras ideias algo absurdas.

Em Octodad controlamos um cefalópode, um polvo, que vive uma vida normal e constitui uma família normal. Este molusco invertebrado e desajeitado consegue infiltrar-se num ambiente que não é o seu, fora das águas salgadas, sem ninguém dar por isso, a não ser um maníaco chefe de cozinha que descobre o seu segredo e o quer colocar no menu como prato do dia. Mas como é que um polvo tem relações sexuais com uma humana e nascem dois filhos humanos? Não perguntem o evidente. Como é que com o passar dos anos a esposa não repara na textura gelatinosa e pegajosa? Deve ser do amor cego. Como é que ninguém repara que os braços e as pernas são tentáculos? Haverá muito por explicar.

octodad_12

A treinar para os jogos olímpicos.

 

Este polvo é dos mais desajeitados personagens na história dos videojogos. Controlar este polvo é como estar sobe efeito de ketamina: uma espécie de bebedeira psicadélica, que deixa o corpo descoordenado e o cérebro desassociado do corpo. Controlar esta criatura é uma tarefa difícil porque é como dirigir o nosso amigo intoxicado da noite louca, depois de beber 6 cervejas, 4 whiskeys, 3 absintos e um gold strike. E não estamos a falar de copos pequenos. Os controlos são intencionalmente oscilantes, o que fazem das tarefas mais simples serem extremamente desafiantes, como fazer um simples café sem entornar nada ou andar num corredor sem deitar abaixo os vasos ou abalroar outros objectos. Mas cada tarefa acaba por ser hilariante porque o nosso protagonista é propenso a calamidades e o meio envolvente consagra-nos com um factor de imprevisibilidade e de caricatas abordagens.

Existe uma diversidade de ambientes para explorar desde um aquário, um barco de pesca ou um supermercado repletos de objectos, desafios e mini-jogos que atestam o difícil controlo do polvo. No entanto, não há muita variedade no estilo de tarefas, em que uma boa parte da campanha limita-se a situações simples como pegar num objecto, levá-lo a um sítio e voltar ou resolver simples puzzles para conseguir chegar do ponto A ao ponto B. Mas o que faz de Octodad captar a atenção do jogador é mais pelo irrisório protagonista actuar com o meio envolvente e que muitas vezes só sai trapalhada.

octodad_10

Sir, you are so fired!

 

A história é simplista, traduzindo-se num dia ocupado em família, cheio de paródia e in-jokes, enquanto o cefalópode tenta disfarçar a sua verdadeira identidade. Mas se acham que fica por aqui, terão de testar em modo cooperativo, localmente, em que cada um dos dois jogadores controlam um dos membros, culminando no desastre total.

O melhor: As situações hilariantes pelos controlos.

O Pior: Parcelas da história por contar. A experiência deveria ser estendida para mais horas de jogo.

Octodad: Dadliest Catch abraça a loucura e os controlos culminam num total divertimento inesperado. É pena não levar mais além a experiência com mais variação de jogabilidade porque a ideia merecia ser mais explorada. Contudo, a adição do modo cooperativo e o controlo com PlayStation Move proporcionam mais algumas gargalhadas e compensam por adquirir este jogo.

 

Versão testada: PS4. Também para Mac, PC e Linux.