A Microsoft foi a primeira a abrir as hostilidades para a E3 no Galen Center em Los Angeles. Iniciou-se com um pré-show e um briefing do evento enquanto os convidados iam chegando ao recinto, com Ted Price da Insomiac Games a chegar com o resto da equipa no autocarro de Sunset Overdrive. A melhor entrada de sempre, como foi a apresentação do jogo em palco com um momento de jogabilidade. Explosões multicolores, muito divertimento a demonstrar os dotes de acrobacia de um personagem que deve salvar a cidade Sunset, munido de armamento pesado que espalha uma magia technicolor ao seu redor. Também foi confirmado que será alargado à experiência multijogador.
Mas antes de tudo, comecemos pelo início. Phil Spencer, director da Microsoft Xbox Division e da Microsoft Studios, estreia o palco e repete uma palavra para captar intencionalmente a atenção dos espectadores: “Jogos”. Jogos para gamers. Não houve um momento em toda a apresentação que mencionasse aplicações, funcionalidades ou Kinect. A Microsoft não quis repetir alguns erros que cometeu no ano anterior e optou pela mesma postura da Sony ao apresentar do princípio ao final da conferência apenas os jogos, fixando-se em exclusivos, topos de venda, alguns third-partys e na importância em apoiar os indies.
Phil Spencer ficou por poucas palavras com os agradecimentos àqueles que mais são importantes para a marca, isto é, os fãs, e arrancamos com um trailer de jogabilidade de Call of Duty: Advanced Warfare. A série demonstra avançar cada vez mais para um ambiente Sci-fi e, como não podia faltar, tem muitas explosões e prédios a cair. Juntam-lhe artilharia pesada, robôs de grande porte em formato de aracnídeo, Mechs e armamento de topo futurista. A franquia manifesta-se gasta, mas tenta renovar-se ou mostrar algo de novo alterando os pormenores de uma guerra sem precedentes. Mas bastam novas armas, novos mapas e um twist na jogabilidade para que este novo título da série seja reinventado?
Forza horizon 2 foi o seguinte da lista, desta vez como exclusivo Xbox. Introduz tempo dinâmico, alterando também entre o dia e a noite. Estão confirmados acima de 200 carros disponíveis para levantar o alcatrão da estrada e mostrou-se com um brilhante grafismo a que o franchise já nos habituou. E parece que foram agarrar a ideia de Need for Speed: Rivals para que os jogadores entram e saiam do jogo sem esperas ou a passar por lobbys.
Outro exclusivo e grande arma da Xbox é, indubitavelmente, Fable Legends. Um jogo multijogador 4vs1 com 4 heróis e um vilão, em que um dos jogadores é o vilão e comanda estrategicamente os seus minions através de vista aérea. Um mundo de fantasia muito rico que tem um aspecto incrível, e que consegue aproximar miúdos e graúdos de todas as idades. Fable Legends não foi o único multijogador 4vs1 exibido. Tivemos também uma demonstração de jogabilidade de Evolve, dos criadores de Left 4 Dead., em que comandamos 4 caçadores versus um monstro, fazendo deste novo título da Turtle Rock Studios tanto competitivo como cooperativo.
Uma das surpresas surgiu com a apresentação de Assassin’s Creed Unity, passado em Paris no século XVIII. É o primeiro da série que redefine a experiência ao permitir até 4 jogadores trabalharem em conjunto para assassinar um alvo. Durante o momento de jogabilidade pudemos confirmar que este novo Assassin’s Creed é bem talhado para multijogador.
O que não impressionou foi a apresentação de Dragon Age: Inquisition, que se seguiu à apresentação de Assassin’s Creed Unity. A Electronic Arts mostrou um pouco mais da jogabilidade na sua conferência, mas também não emocionou muito o público. Parece que Dragon Age não teve uma evolução significativa em relação aos antecessores da série e as batalhas não acompanham alguns recentes AAA, e seria mais interessante perceber até que ponto a narrativa se transforma numa encruzilhada em vez de olharmos para um desactualizado sistema de combate.
Houve algumas surpresas com o anúncio de alguns jogos, designadamente Scalbound; Phantom Dust, um remake do jogo de acção e estratégia (mas o trailer parece um beat’em up); Rise of the Tomb Raider (com cenários impressionantes) e um novo Crackdown.
Um dos mais deliciosos momentos aconteceu com a apresentação do jogo Ori and the blind forest, da independente Moon Studios. Muito pouco se sabe sobre este jogo de acção/plataformas, mas parece influenciado pelo universo de Princess Mononoke, com visuais etéreos e criaturas fantásticas. Outro bem parecido indie surge da Playdead, criadores de Limbo. Intitulado Inside, é um jogo com um ambiente 2D muito semelhante a Limbo em que comandamos mais uma vez uma criança. Está datado para 2015 e será lançado para Xbox One antes de outras plataformas. A Microsoft foi clara no apoio que dá aos desenvolvedores de jogos independentes, fornecendo-lhes ferramentas grátis e outros privilégios para que estes possam usar a Xbox como uma plataforma obrigatória. Pareceu um déjà vu do discurso da Sony, mas pareceu convincente e sincera nas palavras.
Vimos mais um pouco de The Witcher 3: Wild hunt, que forçosamente aparece para manter o seu hype em alta e vimos um pouco mais do jogo da Ubisoft: The Division. A Inteligência artificial parece tomar um novo rumo com diálogos gerados rapidamente consoante a acção e com uma jogabilidade bastante robusta, o que faz pensar se a Ubisoft não roubará de novo o estandarte desta E3. Imaginem só a produzir Just Dance.
http://www.youtube.com/watch?v=tRl083Epiic
E no grande momento da apresentação, também por ser a cereja no topo do bolo para a Microsoft, surge Halo. Apresentaram impressionantes imagens de Halo 5: Guardians e não deixaram de aproveitar para fazer render o peixe com o anúncio de Halo Master Chief Collection, que inclui quatro jogos Halo desde Combat Evolved a Halo 4, mais as séries de Ridley Scott e acesso à beta de Halo 5. A gigante americana deu um passo muito maior que a vontade dos fãs, que esperavam que apenas fosse anunciado Halo 2: Anniversary, e que também estará incluído no bundle.
Resumindo a conferência, esta apoiou-se em duas coisas: 1) mostrar que a Microsoft redimiu-se progressivamente ao fazer deste negócio ser essencialmente direccionado para gamers e não tanto para utilizadores de uma nova tecnologia e interessados na interactividade. 2) Mostrar ter conteúdo suficiente e motivador para a compra da Xbox One, e sentiu-se que a Microsoft teve um discurso para tentar vender mais consolas. Esta conferência não impressionou no sentido de ver o público a remexer-se nas cadeiras e a aplaudir desenfreadamente o momento que iniciou o maior acontecimento do ano na indústria dos Videojogos.