Um Chicken Nugget de Armillo

É curioso ver que durante algum tempo a Sega anunciou Sonic Lost World como uma espécie de Super Sonic Galaxy. Mas a realidade é que falhou redondamente. E também é curioso ver que é um pequeno estúdio indie a chegar mais próximo deste objectivo do que a gigante nipónica Sega.

Numa fase em que começamos a ver pequenos estúdios a desenvolverem exclusivos para a Wii U e que alguns deles são títulos economicamente acessíveis e com bastante qualidade. Felizmente que este Armillo, criado e editado pela Fuzzy Wuzzy Games é um desses exemplos.

Armillo 03

Vem em direcção à luz, meu filho!

 

Com mecânicas e controlos simples, Armillo, o protagonista deste jogo e que lhe dá nome, é um simples armadilho espacial que vê o seu planeta invadido por uma raça imperialista. Nada de novo a ocidente do Sol, mas convenhamos que a simplicidade do jogo não pedia uma experiência narrativa metafísica, mas sim, o típico “vamos salvar os nossos amigos e o nosso planeta dos mauzões”.

A rodar pelos níveis esféricos, Armillo consegue tornar a tarefa de apanhar orbes e salvar criaturas tão, mas tão parecidas com os animais que o Sonic salva, que estão inclusivamente presas num contentor semelhante a uma cápsula. Estas parecenças com o clássico da Sega poderão não só ser a forma dos membros da Fuzzy Wuzzy Games de elogiarem o seu ídolo como pode simultaneamente ser uma forma de mostrar à Team Sonic como se consegue fazer um pseudo-cruzamento entre o ouriço e o Super Mario Galaxy. Por sua vez, o já típico sistema de upgrades marca presença também aqui, mas consegue conferir ao jogo uma aplicação genuinamente bem-estruturadas.

Armillo 01

Para um daltónico este é o Sonic.

 

Seria um exagero colocar Armillo e a genial obra de Miyamoto no mesmo nível, mas a diversidade, o desafio e a qualidade do level design deste exclusivo da Wii U coloca-o alguns patamares acima do típico jogo de plataformas (?). Em alguns momentos dos níveis temos de passar para uma dimensão paralela, mortífera e que introduz a contagem do tempo à equação que forma Armillo, e aqui a nossa destreza e precisão são obrigatórias para não cairmos de despenhadeiros ou falharmos em apanhar todos os itens dispostos pelo terreno.

Neste jogo não temos a velocidade imposta e natural ao um jogo do Sonic. Ou aliás a velocidade esperada de um jogo do Sonic, mas sim o ritmo compassado e mais estratégico de resolver alguns dos puzzles e dos obstáculos que nos separam da nossa meta e da salvação das pobres criaturinhas azuis capturados pelos alienígenas colonizadores.

Disperso por 5 mundos de 4 níveis cada um, Armillo surpreende ao trazer-nos batalhas de boss de final de etapa, que não só demonstram alguma criatividade, como trazem uma nova camada de complexidade para um pequeno título da eShop.

O melhor: o level design, o desafio, a diversidade

O pior: poderá pecar por falta de originalidade, e soar a déja vu

Armillo consegue com a profusão dos rolling platformers uma boa apresentação das capacidade criativas e de produção de um bom jogo de plataformas em 3D. Não nos deseja enganar com uma mistificação de enredo e confere-nos o suficiente para mantermos alguma dimensão conceptual ao que se passa naqueles mundos esféricos cheios de obstáculos, armadilhas, inimigos e abismos. E mais do que tudo mostra que sem inventar a roda (trocadilho intencional) consegue colocar na prática o que companhias de orçamentos milionários não conseguem: e fazem-no com um primo mais pobre do Sonic.

Armillo é um exclusivo Wii U.