Uma análise a Chibi-Robo! Let’s go Photo!

Tantos são os títulos japoneses mais pequenos que chegam ao Ocidente que invariavelmente grande parte deles acabam por demonstrar as peculiaridades do seu País de origem. Para quem vive fora de um bunker é difícil de esquecer ideias tão estranhas, e para alguns tão absurdas, que rapidamente obrigam a um “só podia ser japonês” da boca de quem as conhece. E acredito que esta exclamação não seja fruto da mais básica estereotipização de um povo, mas sim do reconhecimento de que é graças à imaginação (literalmente) sem limites dos nossos amigos nipónicos que grande parte das indústrias culturais têm evoluído. E os videojogos são decerto o grande exemplo disso mesmo.

Posto isto é preciso avisar de antemão: Chibi Robo! Let’s go Photo! é um dos jogos mais estranhos que já joguei. Começando pelo conceito do jogo, em que vestimos o papel de um pequeno robot tarefeiro que vive num museu do futuro e que tenta, através da captação fotográfica, encontrar elementos do passado (o nosso presente) ao qual dão o nome de NostalJunk. Para isso tem de resolver uma série de mini-jogos cujo sucesso ou insucesso acarretarão uma série de Pontos de Felicidade, a unidade monetária que nos permite comprar chapas fotográficas. O conceito parece estranho? Na realidade é. Mas mais estranhos são os mini-jogos que temos à nossa disposição.

Apesar de controlarmos o simpático e mudo robot, o nosso grande auxílio é um telemóvel com olhos que nos relembra de imediato os auxiliares do Microsoft Office dos anos 90. Possivelmente este telemóvel com olhos é um tetraneto do clipe que nos chateava a salvar os ficheiros no Word 95, que deve ter andado a dar umas escapadelas com uma ou outra Clipart. Através das sugestões dele vamos tentando manter a colecção de NostalJunk do museu, que é coordenado pelo Curador, uma figura estranha que tem a qualidade proporcional de uma personagem dos primórdios dos filmes de animação em 3D.

Chibi Robot Let's Go Photo 03

O que é que andas a fumar telemóvel?

 

E quando referi a estranheza dos mini-jogos refiro-me a quantos níveis de WTF conseguem alguns deles atingir. Desde responder ao apelo de dois cozinheiros, que são respectivamente uma garrafa de ketchup e outra de mostarda, que nos pede para entrar num frigorífico e escolher uma série de alimentos, até sequências de “FPS” num planetário, à disputa com um personagem saído de um qualquer tokusatsu. Passando também por concursos de medição com fita métrica contra um robot brinquedo, daqueles que imaginamos a crescer até ao tamanho de um prédio e a derrubar Tóquio com raios ópticos. O grande problema dos mini-jogos é a sua repetição que vai progressivamente apagando o sorriso surreal da nossa cara, enquanto esquecemos o impacto inicial de contactarmos com cenas tão absurdas.

Chibi Robot Let's Go Photo 02

O Sr. Ketchup e o Dr. Mostarda. Num videojogo perto de si!

 

O outro ponto que se tornou o grande corolário da estranheza deste Chibi Robo! Let’s go Photo!  é o facto de que temos uma bateria que temos de carregar ligados à tomada. E todo este processo de carregamento, apesar de rápido, é a cereja no topo do bolo de todo o absurdo que rodeia este jogo. Só é pena o absurdo cansar após pouco tempo.

Chibi Robot Let's Go Photo 01

A melhor posição de sempre de um protagonista de videojogos? Sim?

 

O melhor: a estranheza temporária, alguns dos personagens, o uso da 3DS

O pior: a repetição, o absurdo que cansa

Chibi Robo! Let’s go Photo! é um daqueles exemplos de um jogo com algumas ideias curiosas que tentou em excesso por ser um jogo “engraçado”. O resultado não só não consegue equilibrar em doses agradáveis o absurdo, como permite que ele seja exaustivo e que nos impeça de querer jogá-lo mais do que meia dúzia de horas. É que a sensação que ficamos é a de que tanto absurdo serve apenas para mascarar uma ideia supérflua que encanta no primeiro contacto mas que nos aborrece de morte. E que mata, dessa forma, um personagem potencialmente tão bom como o Chibi-Robo.

Chibi Robo! Let’s go Photo! é um exclusive 3DS.