Uuma análise a Color Zen e Color Zen Kids
Existem alguns jogos que nos cativam pela sua simples criatividade. Depois de ter feito sucesso ao captar uma legião de jogadores no mercado mobile, tanto em iOS como Android, Color Zen chegou às duas consolas da Nintendo com vontade de manter o seu espírito mais elementar: puzzles inteligentes sob um ambiente altamente relaxante.
O ambiente esteticamente minimalista poderia assustar muita gente: as suas formas poligonais e circunferências, as cores planas e saturadas, e a aparente ilusão de se tratar de um jogo simples podem enganar o mais incauto jogador. Color Zen é um jogo que se joga ao seu próprio ritmo, sem tempos, pontuações ou complexidade de controlos para nos afectar mas que se torna progressivamente muito, muito difícil.
O objectivo de cada nível é elementar: temos de preencher todo o ecrã com a cor do seu bordo, e para isso temos de colidir as formas cromáticas que dispomos pelo nível, Sempre que duas cores semelhantes colidem preenchem todo o ecrã, e é nesta sucessão de duplas colisões que temos de conseguir todas as cores, deixando para último a cor que queremos. E se a explicação parece simples, a execução não poderia ser mais difícil: muitos níveis quase que nos compelem a atirar a 3DS ao chão, enquanto arranhamos a nossa cara de tanta raiva. E só não o fazemos por uma razão: a Banda-Sonora de Color Zen é FENOMENAL.
Theo van Doesburg, estás aí?
Quando o comecei a jogar e a única indicação que feita foi “introduza os headphones e relaxe” não estava decerto preparado para a gigantesca qualidade da sua BSO. A sua música electrónica não só permite criar o ambiente que o jogo exige, como traz-nos também a plataforma exacta para que tomemos o nosso tempo e para que resolvamos os puzzles ao nosso próprio tempo.
Do ponto de vista de balanceamento entre qualidade/preço, este não poderia ser um dos melhores jogos na eShop. Ao contrário da versão original de mobile que era f2p com micro-transacções, por pouquinhos euros na loja da Nintendo podemos obter um jogo completo com 420 níveis espalhados por 4 modos, e que traz desafios tão díspares como o genial modo “reflectido” em que temos de gerir formas simétricas pelo ecrã.
Quase simultaneamente saiu também a versão infantil de Color Zen, no caso Color Zen Kids. Sendo exactamente o mesmo conceito e execução, a versão infantil tem apenas duas diferenças: a dificuldade, mais baixa, mas adequada ao público-alvo, e a significativa redução do número de níveis disponíveis. Este ponto acaba por pô-lo “a perder” em relação ao jogo original, por apresentar 4 vezes menos conteúdo ao mesmo preço. Não deixa de ser, porém, um grande estímulo ao raciocínio das crianças e um jogo que decerto compraria para o meu filho (fosse ele mais velho).
Eu vi um sapo. Bidimensional. Num guardanapo verde. Bidimensional.
O melhor: os puzzles, o desafio, a banda-sonora, os 420 níveis.
O pior: a repetição, o aparente minimalismo afastará muitos jogadores.
Color Zen e Color Zen Kids são grandes puzzle games que conseguem preencher as exigências de jogadores mais casuais e mais exigentes. A criatividade dos seus desafios encaixam na perfeição com o seu visual minimalista e com a Banda-Sonora que se ajusta na perfeição á vontade de nos “relaxar” que o jogo tem. Ponham os phones nos ouvidos e viajem para um mundo desafiante que parece viver entre o abstraccionismo geométrico de Malevich e os quebra-cabeças do jornal de Domingo. E por meia-dúzia de trocos, que é sempre bom.
Color Zen e Color Zen Kids estão disponíveis para iOS, Android, 3DS e Wii U. Jogadas as versões de 3DS e Wii U.
