Uma análise a Second Chance Heroes
Jogar Diablo e aprender história ao mesmo tempo?! Não… nem por isso…
A minha relação com a História sempre foi de amor/ódio. “Amor” porque eu adorava as aulas e ouvir os professores a falar de eventos excitantes e improváveis que mudaram o mundo e a sociedade para sempre, e “ódio” porque a maneira como esses mesmos eventos eram representados nos livros curriculares sempre foi a forma mais aborrecida e estéril possível, quase como se de matemática se tratasse (povo em crise + líder carismático com supostas soluções fáceis = CUIDADO!). Nas raras situações em que entretenimento e história se cruzavam era como se fosse magia. Um dia acordei e chego à escola e estamos a aprender mitologia grega, e eu apercebo-me que graças ao filme de animação Hercules já conheço detalhadamente todos os deuses do panteão e o seu papel no mesmo! Second Chance Heroes fez-me lembrar desta sensação de juntar divertimento com aprendizagem – duma maneira não aborrecida – e, apesar de ser um jogo recente, tocou bastante no enigmático sitio onde a minha nostalgia se esconde a maior parte do tempo.
Actualmente na indústria dos videojogos a nostalgia é um factor constante, desde os indies com a sua adição inquestionável à pixelart até aos títulos AAA que são relançados quase diariamente com gráficos melhores. Dei mesmo por mim a ponderar comprar uma Wii U apenas pelo Earthbound e o The Legend of Zelda: The Wind Waker, o que é de certa forma absurdo pois joguei ambos estes jogos nas suas plataformas originais… Mas prova que, mesmo estando consciente que a nostalgia é maioritariamente uma maneira de “imprimir notas” sem ter que fazer grande trabalho criativo, estamos imunes ao seu devastador poder. Será isso uma coisa má?
Second Chance Heroes é certamente um bom argumento que “não, não é nada má”! Pois, apesar das suas inúmeras parecenças mecânicas com jogos como Diablo ou Torchlight, as horas de puro divertimento que o jogo nos proporciona são um argumento irrefutável. É um pouco como ir ver o Godzilla – versão Hollywood – ao cinema, nós já sabemos quem é o bom velho Gojira, já sabemos o que vai acontecer do principio ao fim do filme mas… é divertido! E contra diversão não há argumentos.
Onde este jogo da Rocket City Studios se destaca claramente é no sentido de humor. A própria contextualização do jogo é por si só cómica – grandes nomes da história são lançados numa arena cheia de monstros fictícios em sítios absurdos como uma gloriosa cidade subterrânea governada por sem-abrigos – mas também a “história” e os diálogos do jogo são escritos com um tom que faz lembrar os clássicos da animação para adultos, com algumas piadas in-your-face mas também muitos piscar-de-olhos para os mais atentos.
Apesar da versão que nos foi dada pelos developers ser a de desktop eu acabei por comprar a de iOS, pois o jogo é ideal para preencher viagens em transportes públicos e noites insónias. O gameplay é perfeito para distrair o cérebro durante algumas meia-horas e os controlos traduzem-se bastante bem para dispositivos com toque, complementando mesmo a experiência na minha opinião.
O melhor: Um jogo com um grande factor de diversão e com um gameplay relativamente bem polido.
O pior: Não é propriamente um jogo inovador que venha adicionar muito à história da industria.
Second Chance Heroes não vai ganhar prémios “Game of the Year” ou revolucionar a industria, mas isso não interessa pois essa claramente não é a intenção dos seus criadores. O jogo proporciona bastantes horas de diversão e pode mesmo acordar o apetite dormente de alguns por História, pois o seu sentido de humor relativo às personagens acaba por nos despertar interesse nas mesmas. Se ver o Lincoln a lutar contra um robot gigante é algo com que sonhas então não há questão possível: este jogo é para ti!
Second Chance Heroes foi lançado para iOS e PC. Jogadas ambas as versões.