Uma análise a Wooden Sen’Sey

O mercado independente trouxe-nos tantos exemplos geniais de action platformers  que rapidamente se tornaram dos nossos jogos favoritos dos seus anos de lançamento, que acabamos por sentir uma série compulsão em jogar (quase) tudo o que aparece numa esperança muitas vezes infrutífera de encontrar o próximo Mark of the Ninja, o próximo Spelunky ou o próximo Rogue Legacy. Como em tudo na vida, quanto maior é a nossa procura e abrangência, também maior é a nossa desilusão. Wooden Sen’Sey com toda a promessa que tinha cai na caixa de jogos que queríamos que fossem melhores do que são na realidade.

Em Wooden Sen’Sey, o jogo criado por uma equipa reduzida de três pessoas da Upper Byte Studios, traz-nos um jogo passado num Japão alternativo de “vapor e madeira” onde controlamos Goro, um guerreiro que parte em busca de vingança contra uma série de criaturas negras que invadiram a sua aldeia. Até aqui nada de novo a Oriente. E se a nossa primeira tendência é ficar admirados com a qualidade visual do jogo – que é bem acima da média – rapidamente percebemos que todas as intenções dos seus criadores em complexificarem a sua Física caiu em saco roto, ou em abismo, e que a máxima de KISS de Kelly Johnson poderia ter salvo a “honra do convento”, ou do mosteiro como é o caso do setting deste jogo.

Wooden Sensey 02

Filmes do Jet Li contados às crianças.

 

A grande força deste jogo reside em todas as mecânicas em torno do arpéu de Poro, que ora é utilizado como pêndulo ao velho estilo de Batman: Return of the Joker para Game Boy, como é utilizado como uma espécie de pogo stick de Duck Tales da NES, utilizando para isso, o acelerómetro da Game Pad da Wii U. E é aqui, mais do que tudo, que reside o problema. É que a utilização gestual do dispositivo põe em destaque a fraca definição da Física do jogo e evidencia em excesso as suas próprias vulnerabilidades. Sentimos acima de tudo que este jogo nos obriga a não-jogar com o Game Pad, em especial quando temos de fazer o típico ataque que precede o salto. É que para o executarmos temos de abanar o nosso Game Pad para a frente: obrigando-nos muitas vezes a falhar os nossos alvos e a lembrar-nos de quão diferentes são os propósitos do Game Pad e do Wii Remote. É pena que os criadores não tenham pensado nisso: é que as mecânicas inerentes à gestualidade com um Remote é muito pouco natural a um dispositivo que tem de ser manuseado com ambas as mãos, como é o caso do Game Pad.

Após percorridos os 30 níveis que o jogo nos traz, que vive simultaneamente de boas ideias (em especial dos inimigos que encontramos) e que são, em muito, exponenciadas pelo brilhantismo visual de que já falámos, sentimos que o esforço imputado ao level design acabou por ser bem inferior das intenções originais que Wooden Sen’Sey apresentou. Acabando por trazer-nos três dezenas de plataformas pouco inventivas e que caiem no aborrecimento, lembrando-nos para o seu próprio mal, que existem demasiados action platformers bem melhores no mercado.

Wooden Sensey 01

You shall not pass!!!!

 

O melhor: o visual, o ambiente.

O pior: a física, os controlos, o level design aborrecido.

Wooden Sen’Sey, não sendo um mau jogo, poderia facilmente atingir uma fasquia qualitativa acima do que apresenta, se os seus controlos e mecânicas estivessem mais afinados e depurados do que estão. Soa excessivamente a versão beta de um jogo do que a versão finalizada, ou se é salvo pela exímia apresentação estética que apresenta. E relembra-nos que há muitos outros action platformers no mercado ao mesmo preço, igualmente criados por estúdios indie, mas melhores, imensamente melhores

Wooden Sen’Sey está disponível para PC e Wii U. Analisada a versão de Wii U.