As doses cavalares de hype injectadas em Evolve, a mais nova produção da Turtle Rock Studios, publicada pela 2K Games é proporcional ao tamanho das bestas que por lá habitam. É verdade que Evolve partiu para esta Gamescom 2014 como o Benfica na primeira jornada (a priori é sempre campeão), o que lhe garantiu um desafio acrescido: convencer os media e os jogadores presentes de que todo o burburinho que levantou (de forma gutural) era merecido. Pelas filas que duravam de três a quatro horas na Zona de Entretenimento, e na religiosa procura que os jornalistas fizeram para as suas apresentações, será pacífico afirmar que Evolve foi um dos jogos mais ansiados na feira de Colónia.

Para quem não conhece o conceito do jogo ou nunca ouviu falar sequer dele, basta-nos explicar que se trata de um simulador da vida de Darwin, em que temos de fazer o chá das 5 para tartarugas, observar cadáveres dissecados à lupa e desviar dos apedrejamentos de membros da Igreja Anglicana.

Brincadeira! Evolve é um FPS cooperativo, em que o conceito de caçador e presa se interligam tanto que em qualquer um dos papéis nos sentimos simultaneamente a caça e o caçador. Nos quatro jogos que pude fazer com outros quatro jornalistas na apresentação de Evolve na Gamescom, não experimentei uma única vez o papel do monstro, e nem uma única vez saí vitorioso. Sendo um FPS cooperativo em que quatro combatem um, a coordenação dos jogadores que comandam os “caçadores” tem que ser altamente afinada para resultar em sucesso, visto que cada um dos quatro personagens tem tarefas, habilidades e capacidades únicas que têm de ser altamente sincronizadas para combater o poderio devastador do monstro.

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A assimetria do jogo demonstra-se na proporcionalidade inversa de poder que ambos os lados possuem: se de início o Monstro é ainda fraco e altamente vulnerável aos ataques dos Caçadores, após as suas duas evoluções os papéis invertem-se, e o Monstro consegue facilmente derrotar os seus inimigos em poucos segundos. E é por isso que que o sucesso de ambos os lados se mede pelo tempo despendido: por um lado os Caçadores querem matar o Monstro o mais cedo possível no jogo, caçá-lo e persegui-lo com todas as suas capacidades, enquanto que o Monstro quer adiar o encontro com os restantes jogadores até que esteja forte (leia-se evoluído) o suficiente para os poder dizimar. Senti porém que o Monstro – neste tipo de ambientes como a Gamescom em que os Caçadores não se conhecem – parte em larga vantagem porque só depende de si para vencer cada desafio, ao contrário da equipa que necessita obrigatoriamente de se coordenar para vencer.

Todo o ambiente criado é fenomenal, e o espanto demonstrado na dimensão altamente pormenorizada dos mapas e da flora e fauna presentes é de embasbacar qualquer um. A realidade é que menos do que o apresentado seria decerto uma desilusão: não nos esqueçamos que Evolve não é um mundo aberto, mas sim uma série de mapas “controlados” no espaço, o que permitiu á equipa de Turtle Rock toda a definição e minúcia de representação que apresentam.

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Evolve é mais divertido, mais imersivo e mais difícil e frenético do que eu próprio esperava. Admito que regra geral sou algo imune ao hype, em especial quando é disseminado de forma tão massiva como aconteceu neste caso. Mas rapidamente tive de admitir que o hype não só é fundamentado como representa bem a experiência real de o jogar.

E fica a real sensação de caçada que o jogo nos entrega e toda a tensão que a acção nos imprime, que é muitas vezes de cortar à faca.

Evolve venceu (e com toda a justiça) o prémio de Melhor Jogo da Gamescom. É um dos melhores que joguei mas surpreendentemente (avançando já um pouco do que será o meu Top 10 da Feira) não ocupa o meu lugar cimeiro. Mas temos aqui uma Besta de jogo com toda a certeza. E que vai ganhar um monstruoso consenso aquando do seu lançamento.