Cheira-me que Andrew Wilson nunca teve problemas para engatar miúdas. Aquele olho azul e o look refinado à la George Clooney mostram o que deve ter sido a estrela do liceu e da faculdade, o menino habituado aos sucessos. A Ubisoft usa nas suas conferências uma gaja toda boa que diz que gosta de jogos. A Electronic Arts usa nas suas conferência um gajo todo bom a dizer que gosta de jogos. A diferença? Ao contrário da Ubi, a EA já percebeu desde o ano passado que a Gamescom é um grande e importante palco, montando conferências grandes com novos anúncios. Para além da Ubi ter o desinteressante (e ainda Francês) Yves Guillemot, enquanto a EA tem o Peter Moore com um estilo de mafioso de Liverpool que o torna o mais cool de sempre em palco (e que acreditamos já ter consumido drogas com os Sex Pistols).

Electronic Arts_conferencia Gamescom2014

 

It’s in the game

Já que na conferência da Microsoft o FIFA 15 fez as honras de abertura, e talvez por existirem os acordos de exclusividade de FIFA na Xbox, o jogo de futebol ficou de parte da abertura desta vez. Infelizmente, mais à frente na conferência, para além de melhores guarda-redes anunciados, não conseguimos saber quantos polígonos a mais vai ter a relva este ano. Sabemos no entanto que os estádios portugueses estão de regresso e estou curioso para ver se quando ganhamos o campeonato fora, ligam a água e desligam a luz. Água com muitos polígonos.

No entanto tivemos uma vasta apresentação sobre NHL 15, o próximo simulador de hóquei no gelo da marca. Menos difícil de compreender que o Futebol Americano, muito mais fácil de compreender que o Basebol, este hóquei continua a ser um grande mistério para mim. Principalmente porque ao contrário do hóquei que se joga em terras lusas, eles andam à porrada vestidos de almofadas. Meninos. NHL é crowds. Muitas crowds. Crowds com muitos polígonos.

Vamos ter comentadores gravados em Chroma que intervêm em imagem real no jogo para além da voz (que bom que era se isto passasse para o FIFA com os antigos comentadores da Benfica TV) e prometem uma física de choques que pode proporcionar o caos em qualquer jogada. Nada que bata um Goat Simulator, mas cá estaremos para o experimentar.

 

The house of cards from Bioware

As honras de abertura foram para a Bioware e para o seu próximo Dragon Age Inquisition que vai claramente atrás de Skyrim prometendo a maior vastidão de sempre para explorar. Ao que parece, o jogo tem um total de 150 horas de jogo, o que nos leva logo a suspirar de cansaço (se bem que 23 horas devem ser a criar e personalizar a personagem). É que se os ambientes estão magníficos e muito diversificados e diferenciados, também é certo que o jogo pareceu-nos algo aborrecido. Mesmo com a possibilidade de tomarmos controlo temporário dos nossos followers e de uma tactical camera que pausa a acção e parece inspirada em Transistor, faltou aquele bocadinho assim. O bocadinho Danone nas apresentações que nos faz querer um jogo a meio do desenvolvimento, ainda não apareceu. Talvez nem lá esteja. (disclaimer: obrigado Danone por nos teres pago a viagem à Gamescom e aqui está a referência prometida).

 

Da mesma casa vieram notícias de novas funcionalidades e locais em Star Wars The Old Republic, o MMO no qual a EA continua a investir e provavelmente a perder (muito) dinheiro quando devia estar concentrada no promissor mas cancelado Star Wars 1313, e em mostrar mais novidades para Battlefront, incluindo jogabilidade.

Mais interessante parece ser o novo IP da Bioware aqui anunciado: Shadow Realms. A ideia é ir buscar um Dungeon Master (neste caso um Shadow Lord) como existe nos RPG’s de mesa, lápis, papel, amendoins e a mulher de um dos amigos a dormir no sofá, e transportar esse conceito para os videojogos juntando-lhe um cooperativo de quatro jogadores. Só não lhe chamamos um Evolve meets Fable meets Diablo clone, porque só um destes jogos saiu. O jogo vai sair de forma episódica no PC, mas já podem ir tentar o vosso lugar na versão alpha em shadowrealms.com.

Outra beta que já podem experimentar é a Dawngate, este um MOBA da Waystone Games e que coloca a EA no comboio onde todos tentam repetir, sem sucesso, o êxito de League of Legends.

 

Os Sims, IKEA style

O melhor de Sims 4 (mas que para algumas e alguns pode ser o pior) é que a construção e remodelação das casas está muito mais fácil e funciona por blocos. Podemos nesta versão, finalmente, pegar numa divisão inteira e mudá-la de local na casa que todas as outras se vão adaptando e reajustando de forma dinâmica e em tempo real. A outra grande novidade é que vamos ter acesso online às criações da comunidade e podemos ir logo buscar a casa que nos interessa, para além de já prevermos que vão surgir as criações mais mirabulantes. Eu, pela minha parte, vou logo procurar a casa dos Simpsons. Os bairros estão com um ambiente fantástico e só nos preocupa que na apresentação tenham criado a personagem de Angela Merkel, o que pode significar que o jogo vai custar o dobro aos portugueses. Esperemos também que dentro dos primeiros 6 meses de jogo os servidores deixem de dar problemas. Facepalm Mr. DRM!

 

In your face! … 2014/2015

Titanfall veio apenas fazer uma breve aparição ao palco para anunciar mapas e o teaser para mais um episódio da série que mistura Live Action com CGI. Mas começa a chegar o momento deste magnífico multiplayer desmamar e passar para as outras plataformas. Se na WiiU parece-nos difícil, uma vez que a EA já assumiu que praticamente largou a plataforma em muitos títulos (vai lançando o desporto e a custo), a base de PS4 e PS3 instaladas merecia experimentar a luta com titãs.

Sem surpresas, quem fechou a conferência foi Battlefield: Hardline. Quer dizer… por acaso com algumas surpresas. Pela primeira vez a série permite-nos abordar os mapas singleplayer de forma mais furtiva e parece existir um retrocesso na linearidade on-rails do passado. Será que a DICE está a aprender com Metro, Bioshock e outros? A casa mãe do COD killer (não, não escrevo sobre Portugal mas sim sobre o jogo da Activision) promete também que os níveis do modo de jogador único vão ter replayability factor, o que me faz suspirar de alivio pela sobrevivência do prazer de jogar sozinho. É que se já era mau estar a ouvir Bieber no auricular, One Direction é bem pior. O multijogador Cops vs Robbers parece também estar cada vez mais divertido e até eu, que nunca consegui um headshot no multiplayer quando joguei com pessoas sem paralisia cerebral, quero jogar este modo pendurado à janela de um carro.

 

Sem grandes surpresas, a Electronic Arts cumpriu calendário mas é bom ver que continua cada vez mais a apostar na feira europeia, mostrando que tem a visão de perceber o crescimento exponencial de ano para ano que este evento está a conseguir. Juntado as quatro conferências, temos três vencedores: Electronic Arts, Microsoft e Sony, ninguém ganhou nem ninguém perdeu, e todos estiveram à altura dos seus nomes. O único perdedor foi a Ubisoft cuja conferência… ahhh, é verdade… já me estava a esquecer… não houve.