Ao lado de uma jogadora e mais dois jogadores, o Rubber Chicken sentou-se num longo sofá confortável com um comando na mão para experimentar Gauntlet, o remake do original de 1985 que a Warner Bros. e a Arrowhead vão trazer para PC e Steam. O original Gauntlet de 1985 e (algumas) sequelas distinguiram-se com um lugar especial na história dos videojogos, por se tratar de um dos primeiros dungeon crawlers multijogador a despertar a atenção pela longevidade, os sons, e a eternizada expressão “Warrior needs food – badly!”. Foi por esta expressão que, no stand de Gauntlet, estava disfarçado um homem das cavernas a distribuir insufláveis de pernas de veado, não menos inútil que a caixa de cartão de The Evil Within para colocar na cabeça. Todos aqueles que passavam pelo stand da Warner Bros. não resistiam em estender o braço para apanhar um dos muitos insufláveis que voavam pelo ar. Sempre que havia um aglomerado de pessoas a agitar os braços, com assobios e berros, era sinal que estavam a distribuir swag. E este era o swag que mais se via espalhado na Gamescom, como quem vê martelos na Ribeira do Porto durante as festas de S. João.

 

Foi com muitas expectativas que fui experimentar Gauntlet e não saí daquele sofá desiludido. Porém, depois de muitos quilómetros a andar num gigantesco espaço que é o Kolnmesse, e com poucas horas de sono, aquele sofá de couro preto almofadado convidava a estender a perna para dormir uma soneca. Need Nap Badly! Para meu bem, jogar a demo de Gauntlet não me deu ainda mais sono pela divertida experiência. O novo jogo da Arrowhead, a mesma produtora de Magicka, é uma combinação bem equacionada entre cooperação e competição. Por cada zona ultrapassada visualiza-se numa leaderboard a pontuação de cada um, derivada do número de inimigos eliminados, de tesouro colectado, e é retirada pontuação por cada vez que morremos, sendo bastante penalizante. Por outro lado, mesmo com o friendly-fire inexistente na maior parte dos ataques, é possível retirar vida aos companheiros com os ataques especiais. Isto faz com que os jogadores estejam mais atentos e possam comunicar entre si. Coopera-se especialmente ao combater as hordas e compete-se essencialmente na aquisição de loot ou comida.

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Em cooperação entre quatro jogadores, controlamos os mesmos heróis do clássico: Warrior, que é o mais forte; Wizard, que tem poderes mágicos mais poderosos; Elf, que é o mais rápido; e Valkyrie, que tem uma melhor armadura. Warrior e Valkyrie usam ataque corpo a corpo, enquanto que Wizard e Elf actuam com ataque à distância. Cada um possui habilidades próprias e poderes especiais, como por exemplo Warrior com o seu devastador ataque a 360 graus ou Elf que lança uma flecha do seu arco que trespassa tudo o que estiver à frente, o mesmo que a Valkyrie consegue com a sua lança.

Gauntlet apresenta-se com mecânicas simples mas ao mesmo tempo divertido, com um combate bem balançado entre as várias classes numa vista top-down. Faz recordar os finais dos anos 80 e inícios de 90 ao fazer o cruzamento da estrutura do clássico com o poder gráfico actual, transportando consigo vários detalhes que marcaram outra geração. Chaves que estão espalhadas pelas masmorras para abrir portas de salas cheias de inimigos; sistema de vida que é recuperada por comida encontrada ao acaso, mas que nunca chega para todos os jogadores; tesouros e loot que servem para upgrades ou para reanimar companheiros mortos; e os sons muito semelhantes à época dos 8-bit.

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O remake de Gauntlet tem um conceito simples, mas tem um aspecto gráfico agradável, um combate frenético e parece ajustado para os fãs do jogo original. Após várias batalhas dentro de masmorras com hordas, sub-bosses e muitos tesouros colectados, chegámos ao fim da demo mesmo antes de iniciar uma batalha com um Boss dez vezes maior que os nossos pequenos heróis. O único que me desiludiu foi não poder combater este Boss. E ter de levantar-me daquele sofá maravilhoso.