Um Chicken Nugget sobre Crimsonland
Crimsonland não é um termo de espionagem do tempo da Guerra Fria proferido por espiões norte-americanos para se referirem às ex-URSS. É sim o remake do jogo lançado em 2003 pela 10ton para PC, e que chega em toda a sua glória actualizada à década de 2010 ao PC (o seu habitat natural) e a PS4.
Numa era em que os top-down twin-sticker shooters parecem estar a regressar dos baús, prateleiras e armários onde foram guardados, Crimsonland traz-nos a forma mais elementar do género, sem controlos difíceis, enredo para “encher chouriços” ou quests para aumentar artificialmente a sua longevidade. Temos apenas um shooter com ínfimos laivos de RPG em que movemos o nosso soldado com as teclas WASD e disparamos com o rato (ou com um comando, se preferirem), e em que não podemos trocar de arma, correr, saltar, ou digerir “poções”. Começamos cada um dos 60 níveis com uma arma que não é de todo a indicada para a tarefa, e temos de esperar que a aleatoriedade dos power ups nos permita obter a arma que melhor nos conduzirá a terminar o nível. Não obstante da aparente simplicidade de mecânicas, a realidade é que este factor é um dos elementos que contribuem para a sua grande dificuldade, ao qual se juntam alguns outros. A começar pelo elementos sorte, já referido, e que nos pode levar a um erro fatal que nos obrigará a repetir o nível: substituir a arma indicada para a missão por uma que não fará os nossos inimigos gargalharem na nossa cara enquanto nos devoram as entranhas. É que para além do nosso personagem ser bastante vulnerável e de termos de estar constantemente a mover-nos para que as centenas de criaturas que preenchem o nosso ecrã não nos matem.
Ter a arma indicada para o tipo de monstros que encontramos em cada nível – de ressalvar que regra geral, as missões envolvem criaturas distintas para combatermos – pode ir desde necessitarmos de fogo rápido, e que aniquile dezenas de pequenos monstros de forma rápida, a precisarmos de verdadeiro poder de fogo para combater monstros mais resistentes. A sorte e a escolha da arma, associada à nossa perícia de disparo e movimentação são as grandes respostas para o sucesso em Crimsonland.
Para além do modo single player comum, que possui 60 níveis, temos também os habituais (nos dias de hoje) modos de Survival, que irão testar a nossa perícia em destruir hordas infindáveis de criaturas alienígenas. Ainda assim, Crimsonland poderá ser uma gigantesca desilusão para grande parte dos jogadores, visto que não só está visualmente a milhas de muitos shooters actuais, como o seu nível de repetitividade e monotonia cansará o mais fervoroso fanático de top-down shooters após uma ou duas horas.
O melhor: mecânicas simples e o desafio e dificuldade inerentes.
O pior: a repetitividade visual e dos níveis.
É verdade que o original Crimsonland poderá ter servido de influência para esta vaga de revivalismo do género que se vive hoje, e que é extremamente eficaz ao trazer um verdadeiro desafio com uma jogabilidade tão simples. Apesar disso o seu elevado valor no Steam (13.99€) poderá ser algo pesado para a pouca diversificação que o jogo traz, apesar das dezenas de armas, inimigos e níveis. Após algumas horas começa-nos a soar como um estranho déja vu.
Crimsonland está disponível para PC e PS4. Analisada a versão de PC.