Uma análise a Sacred 3
Qual é coisa qual é ela, que começa com “S” acaba em “acred 3” e não tem nada a ver com os outros jogos do franchise a que supostamente pertence? Não, não é o Call of Duty…
Falo, obviamente, do mais recente título do franchise Sacred desenvolvido desta vez pela Keen Games e publicado pela Deep Silver, vulgo Sacred 3.
Como já se percebeu, este jogo pouco ou nada se relaciona com os anteriores títulos, salvo algumas das classes. Sacred 3 é então uma tentativa descaradíssima por parte da Deep Silver de esmifrar Euros aos fãs do franchise Sacred, aliando a isso uma decisão no mínimo questionável de incluir o tão temido Day-1 DLC, mas já lá iremos.
Agora que a poeira do lançamento muito bipolar deste título já assentou, proponho que façamos uma análise fria e coerente. Tentando manter a ira num nível o mais reduzido possível.
Num tempo em que os RPGs de acção com perspectiva isométrica tinham como zénite Diablo, o Sacred original veio conquistar o seu espaço num mercado até então completamente dominado pelo título da Blizzard. Pela sua jogabilidade familiar, história interessante e personagens muito bem criados e desenvolvidos, Sacred conquistou por mérito próprio o estatuto de culto por entre os fãs do género, fazendo com que em 2008/2009 fosse então lançado Sacred 2 que possuia uma das melhores adições de sempre a um jogo deste género, ou seja, a colaboração na banda sonora por parte do grupo de Power Metal Blind Guardian. Este título como prequela ao original, continuou e bem o legado do franchise Sacred.
Em que peca então este Sacred 3? Simples, pelo facto de ser demasiado mediano… ou seja, este jogo rende-se a uma superficialidade e banalidade tais que mesmo alheando-nos do facto de ser um jogo que em nada tem a ver com o franchise que lhe dá o nome, com excepção do setting, seria sempre um título demasiado fraco por si só.
Até hoje ainda me espanta, muito sinceramente, o facto de entre outras coisas a história ser do mais básico que existe. Sendo que me recorda uma espécie de Exterminador Implacável mas sem viagens no tempo, numa lógica muito “vilões-mau, heróis da resistência-bom” com clichés atrás de clichés. Exemplo, o vilão alia-se com demónios e vai tentar obter um artefacto que lhe permitirá derrotar as forças do bem e governar o mundo (of course!)… Acho que já vi isto em qualquer lado.
Outro facto que o leitor deverá achar interessante é que não existe loot em Sacred 3... Sim, leu bem. Quem aprecia o facto de em títulos com Diablo, um dos maiores apelos ser ‘trabalhar’ para ter aquela peça de armadura especial toda ‘xpto’ e pense que isso seria transposto para este último título de Sacred, está redondamente enganado! Apenas poderá fazer upgrade com um aspecto visual do mais minimalista que existe ao equipamento com que já começa o jogo… Inacreditável.
Sacred 3 também não permite que alteremos as habilidades durante os níveis, existindo apenas a hipótese de o fazer antes ou depois dos mesmos… Comparando inevitalvelmente com Diablo (novamente), este último permite-nos usar as habilidades que quisermos, quando quisermos, como nos der na real gana. Em Sacred 3 acharam isso demasiado mainstream.
O sistema de combate é pura e simplesmente desinspirado, contando com uma mecânica extremamente básica de combos e com básica quero dizer 3 golpes… mais duas habilidades pré-definidas e uma habilidade defensiva que pode ser um bloqueio ou um dodge. Sim, é só isso. O combate é então, em consequência, extremamente aborrecido e repetitivo.
O modo co-op online e offline não melhora sobremaneira o combate, uma vez que a sinergia entre as classes, salvo alguns buffs que beneficiam mais ou menos, é practicamente inexistente.
Não havendo um modo open world, o sistema de mapas de Sacred 3 é competente, sendo fácil de seguir o suficiente para que saibamos de onde vimos e para onde temos de ir, com uma pequena sinopse da missão activa naquele local em particular.
Visualmente não se pode dizer que seja um jogo feio, de todo. Sacred 3 é um jogo visualmente atraente, com um estilo brilhante e colorido mas que nem pouco mais ou menos compensa a falta de ‘sumo’ que esta laranja tem.
Finalmente chegamos ao ponto que mais me revolta com este título e com a sua editora… o facto de ter o personagem com maior protagonismo da cinematic trancado. Apenas disponível como Day-1 DLC, ou seja, se quiser jogar com o que parece ser o personagem mais interessante do jogo, pague… além dos €50 que já terá de pagar para ter o dito jogo. Isto é o que nós peritos da indústria chamados de dick move. Minhas senhoras e meus senhores, é inadmissível.
Rage mode: OFF
O melhor: O ambiente e o visual mais edgy e brilhante dos níveis e modelos de personagem, o sistema de mapas é simples mas eficiente.
O pior: O sistema de combate é um aborrecimento e um desastre, o facto de um action RPG não ter drops ainda hoje me espanta e a total ausência de profundidade da história cheia de clichés. O Day-1 DLC é imperdoável num título de €50.
Em suma, Sacred 3 apresenta-se como um jogo mediano num nicho de mercado com títulos muito melhores e mais baratos (Path of Exile é free-to-play), e o facto de tentar ser mais do que aquilo que é torna tudo ainda mais deprimente. Deep Silver, por favor nunca mais repita esta abominação, pois Sacred 3 é dos piores, mais aborrecidos e decepcionantes jogos do ano.
Sacred 3 está disponível para PS3, Xbox 360 e PC. Analisada a versão de PS3.