Um Chicken Nugget sobre McDROID
É possível que o destino tivesse marcado a criação da nossa rubrica Chicken Nugget para que um dia pudéssemos fazer um sobre um jogo McDROID. E por alguns instantes o Rubber Chicken transfigura-se de site de opiniões sobre artigos sobre revistas sobre videojogos, para ser, durante um parágrafo, uma alegoria gastronómica à indústria da fast food.
Apesar do nome e do visual bastante simpáticos, McDROID é um tower defense extremamente difícil de digerir (prometemos que as piadas alimentares acabam aqui. Acho eu…). A palavra difícil é aliás o grande sumário que podemos dar a esta curiosa abordagem shooter ao género.
Há diversos aspectos do jogo que me lembram WALL-E, a longa-metragem da Pixar. A começar pelo facto de que controlamos um pequeno robot que tenta salvar o seu ecossistema da corrupção levada a cabo por uma raça alienígena, colocando a temática ambiental na entrelinha. E porque há algo de simpático no protagonista que nos remete à memória visual do terno WALL-E.
Em muitos aspectos McDROID segue os elementos clássicos dos tower defenses: possui duas moedas distintas, os morangos (?) que são plantados e colhidos por nós servem para construir torres de defesa e os diamantes, que são largados aleatoriamente pelos inimigos ao morrer, e que servem para upgrades. O grande twist que McDROID tem em relação ao género é que o protagonista, controlado por nós, é uma espécie de trabalhador contemporâneo, polifuncional e que tem de responder a todos os problemas e efectuar todas as tarefas. É que para além de plantarmos e colhermos os recursos, temos de construir torres, repará-las, melhorá-las, carregá-las no lombo como torre-móvel, enquanto não só defendemos as nossas defesas como o nosso bem mais precioso, e cujo término significa o final da missão: a nossa nave-mãe.
É algo irónico, após 199 artigos no Rubber Chicken em que em 70% deles eu exaltei a dificuldade e o desafio dos videojogos como ponto positivo, e de finalmente, ao ducentésimo artigo, apontar a extrema dificuldade de McDROID como um dos elementos negativos. Dizer que este arcade tower defense poderá ser a materialização no género das frustrações típicas de um Dark Souls não é decerto um eufemismo. A inventiva experimentação de multitasking que o estúdio Elefantopia criou em McDROID poderá ter sido levada ao extremo, impedindo-nos por vezes de usufruir em pleno de algumas boas ideias que criaram.
O melhor: a experimentação do género, o desafio (se procurarmos algo extremamente difícil para jogar), a apresentação do setting e do visual.
O pior: a sua extrema dificuldade causará mais frustrações do que divertimento.
McDROID é enganadoramente difícil. A sua apresentação remete-nos para algumas uma jogabilidade quase casual, e é nesse pré-conceito que caem as nossas expectativas e que nos fazem emperrar vezes sem conta em alguns níveis. Não deixa porém de ser um bom jogo e uma boa experimentação ao género dos tower defenses, cuja fórmula parece por vezes esgotada.
McDroid é um exclusivo PC.