Um Chicken Nugget sobre OlliOlli

O skate foi possivelmente das coisas mais cool a acontecerem nos anos 90 e que catapultava qualquer inadaptado social para uma espécie de estrelato-rebeldia de um James Dean com roupa uns números acima do que deveria usar. Destronando essa outra maravilha social dos anos 90, o diabolo, o skate era uma espécie de afirmação urbana, e que trazia anexa uma série de estereótipos culturais que ajudaram a definir uma tribo urbana. E para todos, o expoente máximo deste desporto era mesmo Tony Hawk. O meu desconhecimento genérico de tudo o que envolve o skate faz-me pensar se a fama de Tony se deve à  série de jogos ou se vice-versa. É que o meu interesse pelo skate remetia-se apenas aos jogos que jogava na Playstation, porque a minha azelhice na vida real permitia-me fazer apenas aquele truque super-hiper-espectacular: o de por um pé em cima da prancha, dar balanço com a outra e quando levantava ambos os pés do chão, separar-me fisicamente do skate  – o skate ia sempre em frente e eu ficava a olhar para ele, dorido, com as costas e os glúteos no asfalto.

Sai da frente Rúben

 

O interesse pelos jogos de skate parece ter definhado a par do estúdio que desenvolveu o primeiro Tony Hawk’s Pro Skater, a Neversoft. E defunto que está o estúdio também com ele morreu a vontade de  jogar jogos mais “realistas” sobre o skate. E quem diria que seria um jogo indie, desenvolvido pela Roll7 com um visual simples à base de pixel art que traria para a ribalta dos video jogos a temática do skate? E esse acto de pura rebeldia criativa materializou-se em OlliOlli.

Ao contrário do que se esperaria de um jogo de skate em que temos de fazer infinitos truques com uma tábua de madeira, as mecânicas de OlliOlli não só são extremamente simples como requerem poucos botões para os executar. O segredo de toda a jogabilidade deste pequeno (gigantesco) indie prende-se quase unica e exclusivamente com os timings de quando e onde pressionar dado botão. Em que momento dar balanço, em que momento saltar e em que momento executar x truque. Tudo isto requer 1-2 botões no máximo, o que não significa porém, que seja mais fácil. Significa sim que temos de ser extremamente eficazes no momento em que pressionamos os botões, em especial naquele que é o momento mais difícil de dominar: as “aterragens”. Chegar ao chão, em OlliOlli, requer que pressionemos um botão no momento salto para executar um safe landing, o que nos impedirá de desequilibrar e cair da prancha.

OlliOlli 01

 

O ambiente em torno de OlliOlli, assim como a sua apresentação, são extremamente simples, e permitem criar o foco necessário ao longo dos mais de 100 níveis que possui. Percebe-se o porquê do sucesso que o jogo obteve na PS Vita: os seus níveis são curtos e trazem-nos uma satisfação imediata, para além de requerem um grande nível de perícia para cumprir todos os objectivos que o jogo nos coloca. É que efectuar cerca de 120 truques e grinds com tão poucos comandos representa um gigantesco esforço de game design dos seus criadores. E é claro que o objectivo final – para além de ultrapassar os subsequentes níveis – é o de ter a melhor pontuação da nossa rua, e bater os scores de todos os amigos e desconhecidos que possuem o jogo.

OlliOlli  02

 

O melhor: A diversidade de truques e níveis, os poucos comandos, o desafio.

O pior: o visual (apesar de genial) poderá levar muita gente a ignorá-lo.

OlliOlli representa um belíssimo ponto de vista sobre os jogos de skate, e marca o seu regresso aos video jogos em toda a glória. Extremamente simples e viciante, vai obrigar-nos a repetir vezes infindáveis os mesmos níveis para nos tentarmos ultrapassar a nós mesmos, e a exibir a nossa pontuação, com todo o orgulho, nos placards online.

 OlliOlli está disponível para PS3, PS4, PS Vita, Mac e PC. Analisada a versão de PC.