Qualquer jogador de RPGs de tabuleiro da velha geração sabe o que é Shadowrun. E pelas mãos da Catalyst, as novas gerações estão cada vez mais a descobrir este maravilhoso mundo distópico em que o high-fantasy tolkiano anda de braços dados com o Cyberpunk.
Nunca fui fã de misturas de géneros forçadas. Sempre me pareceu que misturar elfos, anões e dragões com tecnologia avançada e ciborgues, ainda para mais com magia ao barulho, dava uma mistura muito pouco interessante. De um ponto de vista narrativo era demasiado non-sensical e desconexo, tornando a suspensão da descrença não só difícil de criar como impossível de manter.
Mas sempre gostei de Shadowrun. A mescla de géneros é não só bem conseguida e equilibrada, como bem explicada (pelo menos tanto quanto possível quando falamos de magia).
Ainda no rescaldo do “Year of Shadowrun” (2013, já agora), em que a Catalyst tomou a braços a titânica tarefa de relançar a franquia de volta para a ribalta, está para chegar Shadowrun Online. Depois do jogo de cartas, da 5ª edição do RPG de mesa e de Shadowrun Returns, a Catalyst arrisca-se a entrar no mercado dos MMOs, aliada à Cliffhanger Productions.
Mas contrariamente ao que pensei inicialmente, não é um MMORPG “clássico”, no sentido em que não é um mundo aberto onde controlamos um personagem e nos juntamos a outros jogadores para completar missões e afins.
Quero dizer, é! Mas não como pensam. O sistema mecânico central do jogo é um simulador táctico por turnos, em que um pequeno grupo de Shadowrunners de elite (mercenários) cumpre missões a troco de Nuyen (dinheiro).
Segundo a Cliffhanger, o produto final irá incluir todos os elementos clássicos de um MMORPG desde os itens, interacção social, mundo persistente (e multiplataforma), etc. Mas para já temos apenas um motor de combate por turnos (bastante simplificado), com modelos de personagens ao nível de Deus Ex (o primeiro) e alimentado por meia dúzia de missões de “campanha” e uma missão “diária”. Além das componentes multijogador (cooperativo ou competitivo), às quais infelizmente não tivemos acesso (por falta de jogadores ou falha de servidores).
As únicas coisas positivas que podemos para já avançar: os cenários transmitem muito bem a ambiência ciber-futurista da franquia. Por outro lado, é um universo tão rico e elaborado, com tantos anos de história e estórias que o potencial do produto final é imenso. Infelizmente, ainda está longe disso e já vai com pelo menos um ano de atraso face à alegada data inicial de “lançamento” aos apoiantes do seu kickstarter.
Para já, quem quiser matar saudades de Shadowrun ou ser apresentado ao universo, Shadowrun Returns é um excelente jogo, e com a sua expansão oficial Dragonfall valem bem o preço no Steam. Sobretudo se os apanharem em promoção.