Uma antevisão a Crypt of the NecroDancer
Todos os que nos seguem sabem que temos um fraquinho gigantesco por roguelikes. Não conseguimos explicar se são reminiscências dos tempos da NES e da marca do Link da nossa memória, se os já alguns anos de pen-and-paper RPGs ou simplesmente pela felicidade de ver o género a ter alguma exposição no mercado independente neste últimos anos.
Crypt of the NecroDancer, do estúdio independente Brace Yourself Games trouxe-nos uma brilhante mistura entre dois géneros: por um lado os roguelikes e por outro os jogos de ritmo. E se à primeira vista a ideia nos parece estranha, a realidade é que a aplicação prática resulta num dos jogos mais criativos, estranhos, viciantes e inovadores dentro do género.
Para além da coragem e do espírito aventureiro da nossa protagonista, ela vive também sob uma grave maldição perpetrada pelo NecroDancer (o NecroDançarino? Soa a nome de bar cyber goth): tem de se mover sempre ao ritmo ditado pelo seu coração, sob pena de morrer. E é sobre este conceito estranho, mas fundamental ao desenrolar do próprio jogo que nos vamos aventurando pelas diversas dungeons.
Crypt of the NecroDancer é um rythm action roguelike em que a música tem um papel essencial. Se nos primeiros minutos vamos estar a mover a personagem fora de tempo, assim que começamos a sentir o ritmo já nos sentimos uma espécie de Michael Jackson no Moonwalker. Compreender o ritmo de ataque dos adversários, os seus padrões de movimento, em que batidas é que efectuam os seus ataques, para que nós, dentro do ritmo da música possamos também atacar sem sofrer qualquer dano.
A banda-sonora a cargo de Danny Baranowsky traz-nos uma música de 16 bits altamente dançável, que nos vai por a agitar na cadeira na cadência da batida, enquanto esventramos os nossos inimigos pixelizados pela dungeon. E para quem prefere experimentar o jogo ao ritmo de músicas/bandas/artistas da sua preferência, Crypt of the NecroDancer permite-nos importar .mpr e .ogg como banda-sonora rítmica do jogo, o que à primeira vista nos pede de imediato para entrar heroicamente pelas dungeons a dentro ao som de Bee Gees. Punts-punts-punts-Satur-night-Satur-night*-Feeever!
Crypt of the NecroDancer está ainda em Early Access no Steam mas demonstra já um desafio implacável aos seus jogadores. Ultrapassar as três dungeons disponíveis é uma tarefa para um super-dançarino, que consegue atravessar os campos de batalha com sapatos brilhantes, coragem no peito, braços bem estendidos em pose e espada na mão. A mexer a anca, sempre a mexer a anca. Mas com muitas mortes à mistura, especialmente a nossa. Tentativa-erro, tentativa-erro, até que a nossa cadeira do computador comece a ranger de tanto agitarmos os glúteos ao som da música.
Felizmente que apesar de estar ainda em Alpha que demonstra já uma jogabilidade bastante afinada, desafiante, ficando apenas a faltar conteúdo. Mas Crypt of the NecroDancer relembra-nos o porquê de alguns conceitos mais geniais e estranhos serem apenas possíveis no ambiente de grande risco que é o independente. E abre-me as portas a ter um roguelike com a Céline Dion como banda-sonora. E isso é épico.
*A sílaba day parece sempre omitida na música se prestarem atenção.
Comments (1)
Eu pensei logo em jogar isto com a banda sonora do Streets of Rage do senhor Yuzo Koshiro, é capaz de ser uma boa “pomada”. Mas a sugestão de Céline Dion é merecedora da minha atenção e deixo aqui o desafio de jogares isto ao som dos êxitos do festival da canção!