Antevisão de Gabriel Knight: Sins of the Fathers 20th Anniversary Edition
Em pleno auge das aventuras-gráficas no início dos anos 1990, em que a LucasArts e a Sierra viam o sucesso comercial dos seus jogos a justificarem o investimento em criações de novas séries e as sucessivas apostas em sequelas das já existentes, e em que muitas delas o tom humorístico era o dominante, acabámos por ver nascer uma que parecia fazer a parelha perfeita com Broken Sword de Charles Cecil. Nascido da mente de uma das históricas game developers deste jovem mercado, Jane Jensen, Gabriel Knight: Sins of the Fathers viu a luz do dia em 1993, com grande influência em Angel Heart, o filme de 1987 com deNiro no principal papel.
Jane Jensen desenvolveu o primeiro jogo da série a apostar num tom mais próximo do policial, onde vivemos o papel de Gabriel Knight, um romancista com um bloqueio criativo e que ao investigar uma série de assassinatos relacionados com o voodoo de Nova Orleães se vê mergulhado na própria trama.
É curioso que a primeira vez que vi a série de TV Castle, criada por Andrew Marlowe, que senti em muitos aspectos a personaldiade de Knight no protagonista Richard Castle. E não o senti como uma forma de plágio, mas sim com uma crença de que os autores poderão ter sido influenciados pela obra de Jensen, como tanta gente entre so 30 e os 40 o foi. E conseguimos notar não só a premissa em comum (escritor que mergulha em investigações policiais como forma de inspiração) até ao tom de adolescente que nunca deixou de o ser de Knight que é brilhantemente traduzido no papel de Richard Castle pela interpretação de Nathan Fillion. Até ao aspecto mais playboy que ambos demonstram e um sentido de irresponsabilidade latente que são a base para muitos dos problemas que ambos os protagonistas sentem nos seus próprios enredos.
Para além de um enredo mais maduro, que oscilava entre momentos de algum humor entre Knight e a sua assistente e a seriedade dos assassinatos que ocorriam em Nova Orleães, em Gabriel Knight: Sins of the Fathers dir-se-ia que a grande chave do sucesso foi não só o argumento altamente bem-escrito como também o brilhante voice acting que foi levado a cabo por gigantes como Tim Curry e Mark Hamill, e que soube imprimir a qualidade que o jogo (ainda hoje) possui.
A série Gabriel Knight acabou por ter apenas três iterações, e cair no grande fosso do esquecimento a que o género foi fadado na última década. Depois do desaparecimento da Sierra, recaiu sobre a Phoenix Online Studios, o estúdio que Jensen criou e que tem investido (com sucesso) na revitalização do género, em lançar a edição de vigésimo aniversário de Gabriel Knight: Sins of the Fathers com gráficos e banda-sonora remasterizadas. Para além de trazer novos puzzles, o que acredito é que esta actualização visual mantendo a estrutura base inalterada (desde o voice-acting ao próprio enredo) é que este Gabriel Knight: Sins of the Fathers 20th Anniversary Edition servirá dois tipos de público: por um lado os fãs da série que (tal como eu) verão com bons olhos esta edição comemorativa, e por outro lado a todos aqueles a quem esta brilhante série de aventuras gráficas passou ao lado, e que terão agora a oportunidade de o jogar pela primeira vez.
A sair dia 15 de Outubro deste ano para o Steam e o GOG, ainda sem data definida para o lançamento no mercado mobile, e de compra obrigatória para todos os fãs de aventuras gráficas, fica-nos apenas a dúvida se o sucesso comercial desta edição comemorativa se significará o remake de toda a trilogia. Fica a esperança.
Comments (2)
Muito obrigado pela preview! Espero que goste da versão final do jogo. :)
Apesar de já o conhecer esta viagem à edição de vigésimo aniversário está a ajudar-me a relembrar alguns pormenores do jogo e ainda a ansiar os novos puzzles. Para fãs de aventuras gráficas clássicas (ou não) é absolutamente obrigatório! ;)