Um Chicken Nugget de Back to Bed

É sempre surpreendente encontra criações no mercado dos videojogos com um pendor artístico-cultural tão forte. É que apesar de não ter chegado ao nosso top 10 da Gamescom, Back to Bed ficou muito próximo, com uma das ideias mais sustentadas que vimos nos últimos tempos.

Quando passámos pelo stand dos seus criadores, o estúdio Bedtime Digital Games, ficámos automaticamente agarrados ao ecrã, com o puzzle game que ali mostravam e que apresentava uma estética notoriamente Surrealista. E em especial a paleta de cores e o ambiente que relembravam em tudo o trabalho do genial pintor belga René Magritte. Há inclusivamente uma série de elementos no jogo que homenageiam o belga, e não é preciso conhecer muito a obra do pintor para percebermos as referências.

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O Surrealismo foi uma corrente cultural que se apoiava na compreensão e utilização dos sonhos e dos automatismos enquanto forma (ou voz) da criação artística. Salvador Dalí é sem sombra de dúvida o expoente de maior fama para o público em geral, com os seus ambientes impossíveis, retirados de um plano onírico ou de um estado de semiconsciência. Mas Magritte, do qual falámos, soube trazer outro aspecto ao movimento, através das suas criações simbolistas, em que os quadros de sentido irónico que representam um cachimbo e uma maçã são possivelmente as suas obras de maior reconhecimento.

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Back to Bed é em tudo apoiado no surrealismo. Vivemos o papel de um cão-com-cara-de-homem, ou um “Comem” ou um “Homão” se prefeirem, que habita uma série de níveis de construção surrealista, e com a utilização de maçãs consegue redireccionar o caminho feito por um sonâmbulo, até o devolver ao conforto e à segurança da cama.

A dificuldade é crescente e vamos percebendo através da compreensão mais apurada do jogo onde colocar as maçãs para conduzir o sonâmbulo até à cama. É que o sonâmbulo vai sempre em frente até colidir com um objecto, e aí muda a sua trajectória 90º para a direita. O desafio de colocar diversas maçãs em pontos-chave para que o sonâmbulo colida e mude para a trajectória que desejamos, torna Back to Bed num dos jogos do género mais criativos e com uma premissa mais curiosa.

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Tendo começado como um trabalho de final de curso, é curioso ver puzzle games como este Back to Bed que não só tem uma estética brilhante como utiliza um movimento artístico do Séc. XX para dar sustentação à faceta onírica do próprio jogo. Reconduzir um sonâmbulo para a cama num ambiente Surrealista retirado de um quadro de Magritte é algo que poucos conseguiriam atingir. E para além dos bons puzzles e da boa jogabilidade, fica uma outra camada de compreensão e de entendimento, e que mostra a maturidade criativa deste pequeno indie.

Back to Bed é um exclusivo PC e iOS.