Uma antevisão a Out There
Admito que o meu primeiro contacto com Out There foi uma cedência ao preconceito: imaginei de imediato que fosse uma espécie de FTL. O que é de compreender quando temos um jogo que bebe tanto dos jogos de tabuleiro e que se tornou um sucesso massivo. Mas dizer que a criação da Mi-clos Studio é o FTL não só é injusto como limita tudo aquilo que os autores quiseram trazer ao jogo.
A ideia de estar à deriva é recorrente na história da literatura humana, e consequentemente dos meios culturais modernos. Estar perdido no espaço é não só a ideia de alguns autores de sci-fi como a série com o mesmo nome (que deu origem ao malogrado filme de há 16 anos atrás). Em Out There estamos completamente sozinhos na imensidão do espaço, apesar de sabermos de antemão qual o sistema ao qual deveremos chegar. O grande problema é a distância até lá, e os recursos que não possuímos para o alcançar.
Out There tem uma jogabilidade simples e um certo feel de iminente desastre. É que sendo mais do que tudo um jogo de exploração em que nos podemos mover a nosso bel-prazer pelo universo (se tivermos recursos para isso é claro), cada novo sistema solar e cada novo planeta são uma verdadeira incógnita, e tanto podem significar sucesso em conseguirmos obter minérios, combustível ou oxigénio, como pode significar um ambiente hostil que nos destrói o casco da nave.
O grafismo tem muito de banda-desenhada franco-belga, e sentimos, sempre que damos um salto entre sistemas solares, que virámos uma página dessa mesma estória. É claro que toda a linguagem visual utilizada nos remete para a Nona Arte, e os parágrafos de texto apresentado trazem-nos uma dimensão ao jogo, adicional à exploração espacial.
O espaço limitado que temos na nossa nave obriga-nos a seleccionar da melhor forma que componentes guardar, que upgrades construir, sendo que todas as nossas decisões importam no futuro. O que é que nos garante que o ferro que deitámos fora por estar “em excesso” não vai ser necessário após uma chuva de meteoros quase destruir a nossa nave?
Em Out There existem diversas formas de morrer, o que significa que tanto eu como a minha mulher (que esteve igualmente viciada no jogo) perdemos e recomeçámos inúmeras vezes, mas com uma pequena diferença: em cada vez que recomeçámos estávamos mais sábios, e já fazíamos uma melhor triagem dos recursos a guardar e quais os que deverão ser desperdiçados.
Ainda não chegámos a casa com o nosso astronauta, mas cada vez que jogamos estamos um pouco mais próximos. Out There é dos melhores jogos para iPad que aí vêm, e que requer uma mistura saudável entre sorte, inteligência e poder de decisão. Explorar galáxias nunca foi tão arriscado, em que uma mera escavação por ferro e tungsténio pode fazer-nos perder a nossa nave, ou o contacto com uma raça aliengínena ameaçadora ser afinal a mais anti-beligerante das conversações, assim como traz exploração espacial não para fins expansionistas mas pela mais primordial das necessidades: a sobrevivência.
Out There é difícil e viciante, e garante-nos decerto muitas e boas horas de jogo, enquanto mantemos a cabeça no vazio aterrador do universo.
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