Uma antevisão a Cosmonautica
Sendo Pisciano de signo, basta que me acenem com com sci-fi puro e duro para que consigam pescar a atenção deste Peixe chamado Wanda, aliás, Ricardo. Já aqui falei de tantas obras da ficção-científica que são parte obrigatória do que eu sou hoje que me resta apenas justificar o porquê de ter corrido ao stand da Chasing Carrots durante a Gamescom. Já antes falei da minha paixão por Firefly, a malograda obra de Joss Whedon que terminou cedo demais, mas que fui quase obrigado a ver por algumas pessoas aqui do Rubber. E ainda bem diria eu.
Cosmonautica, com o cruzamento de géneros que traz, fez-me automaticamente sentir como o protagonista o “Mal” Reynolds interpretado pelo grande Nathan Fillion. É que o mais recente jogo do estúdio alemão é uma divertida mistura entre space simulator e life simulator e que nos faz sentir em todos os aspectos como um comandante de uma espaçonave.
O interface de Cosmonautica – a Space Trading Game não poderia ser mais simples, e daí a sua existência natural no mercado mobile, paralelamente ao do PC. Assim que começamos a nossa aventura temos automaticamente de vestir o papel de Departamento de Recursos Humanos e contratar a nossa tripulação. A habilidade dos candidatos é aleatoriamente apresentada em cada visita a estações espaciais, o que significa que se procurarmos um piloto que seja simultaneamente empregado-a-dias, temos de ter alguma sorte para encontrar essa combinação. E ao contrário de outros jogos em que a nossa tripulação é incansável, invulnerável e inesgotável, em Cosmonautica temos de definir parcelas do dia entre trabalho e lazer, sob pena de esgotarmos os nossos funcionários e eles não corresponderem na eficácia devida. É claro que eles também estão vulneráveis a adoecer, o que os vai atirar para a cama de Baixa Médica, e por isso vamos sentindo que a polivalência (tão advogada no mundo neo-liberal) é uma obrigação para a nossa sobrevivência no espaço sideral.
Depois só nos resta mesmo comprar as devidas salas e espaços para a nossa nave, que vão desde carga, armamento, cockpits de passageiros, dormitórios, cozinhas, áreas de lazer, entre outras. E mediante o espaço limitado que temos é normal que tenhamos mais cedo ou mais tarde por enveredar por um caminho específico.
Cosmonautica permite-nos ir de planeta em planeta a responder a missões e a tentar facturar algum dinheiro com a compra e venda de bens entre sistemas. Existem três caminhos distintos (e que podem ser respondidos em simultâneo) o de sermos uma nave mercantil, tentando levar bens em falta a alguns planetas para obter o maior lucro possível, até sermos uma espécie de Carris da Galáxia, levando passageiros entre planetas e terminando na óbvia batalha espacial, em que somos uma espécie de Han Solos do cosmos à procura de recompensas.
O objectivo primário é mesmo lucrar, e melhorar a nossa nave o melhor possível. Entre despedimentos, promoções, contratações, o importante é que vamos conseguindo ter orçamento suficiente para pagar os salários semanais ou então vamos progressivamente “entrando no vermelho” e cair na bacarrota.
Cosmonautica apresenta-se como um space/life simulator divertido, simples e difícil. Apresenta muitos momentos de qualidade quando fazemos zoom no máximo na noss anave e vemos a tripulação no decorrer do seu dia, entre o trabalho estabelecido, irem sentar-se no sofá, fazer uma sandes e sentarem-se na sanita. O aspecto cartoonesco ajuda, em muito, o ambiente descontraído e os textos/diálogos de humor que o jogo apresenta. Apesar de estar ainda em Early Access, Cosmonautica apresenta verdadeiros momentos de genialidade e de dificuldade, e traz pormenores tão bem-pensados que temos de assumir decerto que os simpáticos membros da Chasing Carrots são fãs de sci-fi. É que neste mundo divertido os planetas não estão estáticos no firmamento, mas deslocam-se em torno de uma estrela, o que condiciona os nossos dias de viagem. E parece que é preciso um jogo com este tom de descontração e humor para levar o sci-fi muito a sério.