Um Chicken Nugget de Derrick the Deathfin

Derrick the Deathfin conta-nos uma estória triste. É uma estória de solidão, tristeza, justiça, redenção e vingança… contada por personagens de origami.

A experiência de Derrick the Deathfin é uma muito abrangente. Nela somos apresentados a Derrick um tubarão pré-adolescente que acredita ser o rei dos sete mares e senhor do Universo, até ao dia em que ambos os seus pais são pescados e transformados em barbatana de tubarão enlatada. O jovem Derrick jura então vingança aos perpetradores desta grave ofensa: os humanos da corporação M.E.A.N. e para cumprir com esta vingança, devemos conduzi-lo pelos mares dos cinco continentes numa viagem de matança indiscriminada de tudo o que mexa (seja animal, vegetal ou mineral), e provavelmente causando mais estragos e desequilíbrios no meio ambiente que a própria M.E.A.N. Mas sabem… para crianças!

Tanto pelo tema, como pelas mecânicas este título independente da Different Tuna Ltd. fez-nos recordar os tempos de ouro das consolas e o auge do Sonic e claro está Ecco the Dolphin. É um jogo de plataformas de passo rápido (mesmo muito rápido) e de scrolling lateral, em que estamos constantemente a mover-nos (o que afinal faz sentido já que somos um tubarão) para saciar a nossa barriga com tudo o que nela couber (pista: cabe lá tudo) senão morremos de fome. Isto enquanto vamos percorrendo os vários continentes do nosso mundinho (em cartão canelado) em busca de sabotar todas as plataformas e maquinarias da corporação que tornou os nossos pais em sopa de lata (ocorre-nos a expressão: é preciso ter lata!).

Tudo em Derrick the Deathfin grita silliness e humor digno dos Monty Phyton. A premissa é mirabolante, o humor permeia todos os cantos do jogo (desde o interface gráfico, aos “diálogos”), os visuais são de uma execução quase sem falhas em que a estética origami é muito bem utilizada num estilo cartonesco, e todo o panorama áudio incrementa as sensações que o jogo tenta criar sem nunca se tornar intrusivo ou demover a atenção.

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Peiiiixe! Peiixe! Peixe!

 

Num primeiro contacto, Derrick the Deathfin parece ser um revamp moderno a um estilo que há muito se via meio estagnado. Mas rapidamente a novidade e bobagem se esgotam e começa a estalar o delicado verniz de papel dobrado. Tirando alguns puzzles ocasionais, a viagem de Derrick é muito ortodoxa enquanto jogo de plataformas. Fazer os níveis o mais depressa possível, colectando o maior número possível de Macguffins (neste caso Diamantes Deprimidos e Pneus-em-chamas-no-céu) para destrancar o próximo conjunto de níveis. O ritmo acelerado do jogo faz-nos perder quase totalmente a beleza dos cenários e ambientes. Por vezes “avançamos” num nível em completo piloto automático (carregar no botão de “dash”, inclinar o analógico para a direita e tomar o nosso café com a outra mão) e por outras ficamos tão frustrados com alguns dos puzzles de salto ou demais estratagemas dos criadores do jogo, que não servem outro propósito que não o de aumentar o tempo de vida do jogo através do pior mecanismo possível: grind.

Também nos pareceu que o público-alvo não foi bem definido. Tudo é muito “infantil” e jovial, enquanto passeamos alegremente pelos sete mares a comer pessoas numa missão de vingança indiscriminada.

Citando o Ricardo “eu gostava de menos jogo no meu jogo se faz favor”. Excelentes audiovisuais e humor. Mecânicas medianas e desinspiradas. E grind! Oh meus deuses dos videojogos, o griiiiind.