Primeira parte da análise a The Sims 4

Uma nota prévia:

Apesar da minha formação académica em Design (a qual partilho com a minha mulher) a minha paixão pelo design de interiores e pela arquitectura é infinitamente inferior à que tenho, por exemplo, pelo design de moda (falaremos disso um dia). O que significa que mesmo quando comprámos casa, a minha vontade para escolher pelo (que me parece infindável) catálogo do IKEA os móveis para nossa casa assemelhava-se a sentarem-me no sofá e obrigarem-me a ver 30 minutos da TVI, ou seja, uma verdadeira tortura. Há uns anos a minha mulher começou a jogar Sims por conselho meu, e tal não foi o meu espanto ao perceber que, a par de quase todas as minhas amigas, a parte que mais a divertia era a da construção e da decoração das casas, assim como a criação dos personagens. Posto isto, e sob risco de dar munições à minha mulher para toda a eternidade sobre “a nossa casa não decoraste, mas para escrever a análise do The Sims 4 perdeste uma série de horas a encontrar qual o tapete que melhor joga com aquela chaise-longue de pele e o aparador em mogno, não é?”. Como prezo muito a minha paz doméstica (e vá, convenhamos, como vão perceber na segunda parte da minha análise e que já tinha referida na antevisão do jogo na Gamescom, a parte de construção é o que menos tenho paciência para jogar. E sob este somatório de factores decidi convidar a minha mulher, Ana Maria Baptista, designer de Comunicação e ilustradora, a escrever a sua apreciação sobre estas componentes de The Sims 4. Algumas noites de vício sem dormir e largas dezenas de horas de construção e decoração, aqui fica a primeira metade da análise que é da sua autoria.

Voltei à minha infância e construo as minhas próprias casinhas de boneca, visto-as, penteio-as e interajo com elas. Apesar desta premissa, a interacção em The Sims não é de todo inocente: basta-nos pensar que existem vezes em que o nosso Sim se sente “Flirty” e quer fazer “Wohoo” com outro/a Sim. Nunca fui uma grande jogadora de Sims, mas considero que as interacções estão cada vez mais verosímeis e interessantes, além de ter havido um melhoramento nas expressões dos personagens e que se ajustam às suas personalidades.

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Iniciei o meu anterior parágrafo a falar da minha infância essencialmente porque o que mais me motiva (e vicia) jogar neste simulador de vida é mesmo a construção das casas e a personalização dos nossos personagens, como antevejo ser aquilo que mais interessa a girl gamers como eu, tal como creio ser uma seca para qualquer boy gamer, que normalmente se interessam mais na acção do que propriamente em decorar uma casa com o papel de parede que combina bem com o móvel elegante azul. Mas não se preocupem! Existem casas já feitas e decoradas logo no início do jogo ou ainda divisões da casa totalmente organizadas e que se colocam em bloco directamente na nossa casa e por isso, não desesperem! E ainda por cima, conseguimos colocar blocos ao lado uns dos outros, e assim construir uma casinha personalizada sem nos preocuparmos de antemão como ficará o projecto final. Ainda assim, no meu caso, quando construo a personagem que quero, inspirado na vida real ou ficção, gosto sempre de fazer uma casa que imagino ser do agrado do meu Sims ou da família que estou a criar.

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Fiquei bastante agradada pelo facto de terem melhorado a personalização dos Sims, podendo alterar em pormenor um sorriso mais feliz ou uma pantorrilha mais redondinha, além da forma de andar e das características que atribuímos a um Sim serem coerentes com a forma como este age com os outros, ainda que possamos controlar na mesma os diálogos. Surpreendeu-me também a ferramenta “genetics” que nos permite sem grande esforço criar membros da família novos, com semelhanças físicas com os outros Sims, não esquecendo ainda que esta família pode continuar e ter descendência durante várias gerações. O que tive realmente pena foi ao nível das tatuagens: ao contrário do que acontece no 3, onde podemos alterar a dimensão, cor e posição da tatuagem que escolhemos, no 4 apenas podemos escolher qual queremos, quase como um acessório ou peça de roupa, mas sem a opção de uma cor diferente.

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Em suma, é um jogo demasiado viciante (por isso, cuidado se pretendem gastar poucas horas a jogar) e com muita animação a acontecer! Cada bairro tem a sua personalidade e a sua “gente” – tal como em quase todos os jogos da série – e à medida que vamos avançando com o nosso personagem outros itens e possibilidades vão sendo desbloqueadas mediante as escolhas de carreira que fazemos (e fizemos). Também são lançados desafios online onde podemos partilhar os nossos Sims e casas para nos sentirmos orgulhosos dos nossos feitos (além de consequentemente mais vaidosos das criações).