Um Chicken Nugget sobre Monsters ate my birthday cake
Já diversas peripécias aconteceram nas minhas festas de aniversário. A começar pela chuva, que é uma constante, e possivelmente a entidade que mais festas minhas presenciou, um dos males de ter nascido no primeiro dia de Março. A passar por festas conjuntas, bebedeiras, ressacas que me levaram a chumbar no exame de condução na manhã imediatamente a seguir a uma noitada de aniversário. Mas ter monstros oriundos das trevas a roubarem-me o bolo de aniversário…bem…isso é coisa que nunca me aconteceu.
Mas infelizmente para Niko – e felizmente para nós que podemos jogar Monsters ate my birthday cake – esse é o início da sua aventura. Ao acordar na manhã do seu dia de anos, com o entusiasmo típico de uma criança que anseia receber presentes, acaba por perceber que monstros roubaram o seu bolo. Qual Link com motivos tão ou igualmente nobres (afinal o resgate de uma peça de pastelaria merece tanta atenção como uma princesa) decide partir à aventura por uma série de labirintos, recolhendo fatias do seu bolo pelo caminho, como Hansel & Gretel em versão vingativa. No fundo, um John McClane da pré-escola.
Pelo caminho vai conhecendo alguns monstros amigáveis que se juntam a si na demanda pelo bolo de aniversário e que com as suas habilidades especiais vão permitindo ultrapassar os níveis labirintícos que dão forma a Monsters ate my birthday cake. E o grande problema deste jogo que acaba por não ser problema algum, começa a desvendar-se aos poucos: é que tudo aqui aponta para um público-alvo infantil com toda a justiça, mas garantidamente quem vai tirar o maior proveito do jogo serão os adultos. A começar pelo seu visual genial, divertido, fofo, passando pelos belíssimos diálogos com camadas de interpretação para diversos tipo de público e pelo grande desafio que o jogo representa. Não nos deixemos enganar: Monsters ate my birthday cake consegue trazer uma boa abrangência de dificuldades, e não serão poucas as vezes que os “crescidos” terão de parar um pouco para pensar no que fazer para conseguir obter todas as fatias do bolo de Niko.
As mecânicas, apesar de simples, permitem-nos exercitar a mente com verdadeiros quebra-cabeças. É que apesar de muitos dos labirintos estarem pejados com monstros, o objectivo principal é usar as habilidades únicas dos nossos monstrinhos-amigos para os ultrapassar. Desde monstros que emitem um grito estridente que paralisa os inimigos, até um que vomita arco-íris, e todos eles em cooperação com o pequeno herói Niko. A dificuldade de Monsters ate my birthday cake prende-se tão somente na nossa capacidade de gerir em simultâneo os movimentos e as habilidades de Niko e dos monstros atribuídos a cada nível, e ir alternando entre eles para resolver puzzles e ultrapassar obstáculos. Com um desafio crescente que nos vai duvidar da nossa inteligência por vezes. “Então isto não era suposto ser um jogo para crianças?!” – pensaremos nós. E estaremos mais-ou-menos errados.
Monsters ate my birthday cake é daqueles jogos enganadoramente desafiantes. É que à primeira vista o seu visual e o selo Cartoon Network vão afastar alguns adultos deste jogo, seja no mercado mobile seja no Steam, sem saberem porém que aqui está um belíssimo puzzle game que consegue fazer algo dificílimo: ser um bom jogo para faixas etárias tão distintas. E a diversão é tão pura e tão espontânea, recheada de um desafio crescente, que muitas vezes imaginaremos que nós, tal como um dos monstros-amigos, também vomitaremos arco-íris pela gozo que o jogo nos dá do início ao fim. E se assim for teremos de pousar o nosso dispositivo móvel ou desligar o computador, e contactar a Linha Saúde 24. É que expelir arco-íris de qualquer parte do nosso corpo não é nada saudável. Agora Monsters ate my birthday cake? Diríamos que obrigatório para todos os fãs de puzzles, de todas as idades.
E já agora parabéns Niko! Felicidades!
Monsters ate my birthday cake está disponível para iOS, Android e PC. Analisada a versão de PC.