Um Chicken Nugget de Kromaia

Para terminar a minha trilogia dos joystick shooters (simuladores/arcade de aviões e naves espaciais), e depois de um MOBA deixado às moscas e de um cel-shaded Top Gun ultra fácil foi um alívio poder desfrutar de umas horas de pura parvoíce “aeronáutica” com Kromaia, lançado ontem (23 de Outubro) no Steam pelos independentes da Rising Star Games.

Para aqueles de nós que “respiram” videojogos há umas décadas, este título quase parece um remake de Asteroid o clássico de 1979. Em Asteroid controlávamos uma simples nave espacial (na verdade um triângulo… gráficos de última geração para a altura) no meio de um campo de asteróides. Cada vez que atingíamos um com o nosso canhão, este separava-se em dois menores e mais rápidos e assim sucessivamente até serem desintegrados. Volta e meia uns OVNIs tentavam estragar-nos o dia. Era um título de arcada simples e directo, cujo único propósito era colocar o nosso nome no topo do ranking do café local. Um verdadeiro clássico.

Kromaia 02

Pew! Pew! Morre! Morre!

 

Kromaia é mais ou menos isto mas em 3D, com várias naves ao nosso dispor, e em vez de desintegrarmos asteróides, desintegramos formas geométricas complexas. Tudo em Kromaia é geométrico e com um aspecto muito Néon. O ritmo é frenético, os controlos hiper-intuitivos e a Inteligência Artificial é adaptável. Kromaia não é um jogo fácil. Os inimigos são infinitos, os objectivos pouco claros e o tutorial inexistente (quer-se dizer ensinam-nos os comandos, mas entre saber que determinada tecla faz “frito” e saber quando devemos “fritar” vai uma bela distância).

Kromaia 01

Ataque Epiléptico em 3!…2!…1!…

 

Como referimos, a Inteligência Artificial é adaptável. Com isto queremos dizer que o jogo vai escalando a dificuldade e ritmo face às acções do jogador e proficiência do mesmo. E confesso que desde o Left for Dead que não via um Director AI tão sacaninha. Não é apenas uma questão de colocar mais inimigos no ecrã e esperar o melhor. Houve uma instância em que apenas queria explorar o mapa (aliás, melhor dizendo, estava à procura de paredes invisíveis. Para fins científicos, sabem?) e para tal parei todas as minhas armas, apontei-me ao Sol e liguei todos os turbos. Num primeiro momento os inimigos (que estavam a responder ao meu desempenho passado) ficaram algo baralhados e passados uns segundos, aparentemente, deixaram-me em paz. Afinal eu não estava a disparar. Passados outros tantos segundos, o jogo quase pareceu perceber o que eu estava a fazer… e os portões do Inferno abriram-se. Não percebi bem o que aconteceu no meio de tanto Néon, mas garanto-vos que não voltei a tentar ir incessantemente na direcção do Sol. A única coisa que posso garantir: não bati em nenhuma parede, ou asteróide.

Escolhas

Escolhas, escolhas… Será que estes cubos atómicos combinam com os meus reactores cónicos?

 

Também referi que dispomos de quatro naves e associada a cada nave temos um mundo distinto, com objectivos diferentes (e alguns nada aparentes). É notoriamente uma forma de estender o tempo de vida do jogo e introduzir alguma variabilidade, e é muito bem-vinda. Aliás, como gamer já tive a oportunidade de “pilotar” muitos veículos, alguns bastante únicos, mas quase todos dentro de uma expectativa lógica de semi-realismo (um avião voa, um carro anda, etc.), mas pela primeira vez tive o enorme prazer de experimentar um caça-espacial (geometricamente estilizado, mas ainda assim…) com armamento melee. Sim, podemos mesmo pilotar uma nave que desfere poderosos “socos” nos seus inimigos. The lulz.

Numa única frase que descreve o jogo (para mim) na perfeição: Kromaia coloca-nos na personagem de Flynn em Tron (o filme original), e caímos na arena do Master Control Program onde vamos competir no Asteroid. Quem perceber esta frase é pelo menos tão geek como eu. Kromaia é um piscar de olhos aos tempos das arcadas, com uma perspectiva moderna a um velho conceito. É difícil, visualmente complexo, e provavelmente vou acabar por partir o meu joystick com as manobras que tento freneticamente executar. Vale bem os (cerca de) 20€ no Steam para dar uso à nossa velha vara da alegria…

Nota: No decurso da pesquisa para este Nugget, deparámo-nos com um rumor que merece ser “espalhado”: diz-se por aí que Roland Emmerich estará a realizar a adaptação ao cinema de Asteroid. Just saying…