Porque existem poucas coisas assim tão len…esperem um pouco…dárias!

Lembro-me de há um ano ter visitado o showroom da Nintendo para e experimentar o lineup da E3 2013. O Miguel Nogueira vinha absolutamente maravilhado, e afirmava sem qualquer temor de que a mais recente criação da Platinum Games era o melhor jogo de todo o certame. Ainda assim a minha aposta foi em dedicar o meu tempo para todos os jogos que eu estava verdadeiramente espectante em jogar pela primeira vez, e Bayonetta 2 acabou por ser o último jogo do lineup que experimentei. E o resultado? Percebi naquele segmento de 10 minutos que estava perante o melhor jogo da Wii U, e hoje, após o lançamento, afirmo-o com ainda maior veemência: Bayonetta 2 é o melhor jogo da consola.

Apesar de ter estado cerca de ano e meio à espera do lançamento, vejo hoje que Nintendo soube gerir este ás na manga de forma magistral. A começar pela sua visão de relançar o primeiro jogo bundled com a sua sequela. É que há uma grande franja do mercado tão afecta às criações da Nintendo que possivelmente deixaram passar a oportunidade de jogar o jogo de Kamiya (relembrando que este foi apenas lançado na Xbox 360 e na PS3). Sendo este Bayonetta 2 um exclusivo da Wii U (pergunto-me eu “até quando?”), urgia a necessidade de dar a possibilidade da base de apoio da consola nipónica de jogar ambos os jogos na mesma consola. E assim aconteceu. O segundo centra-se na aparente “carta fora do baralho” que este título apresenta ser no catálogo da companhia, e que demonstra aos mais críticos da Wii U que existe uma oferta de jogos que extravasa a zona de conforto do Mario, Zelda e afins. Basta que os mais esquecidos relembrem que no catálogo da sua antecessora existiram títulos como No More Heroes e Madworld

Bayonetta-2-Es-ruckelt-mehr-als-der-Xbox-360-Vorgaenger2

30 Octoliões de Gigatons de murros, tiros e beijinhos

Para quem teve a possibilidade de jogar o primeiro jogo, rapidamente perceberá que esta sequela pouco ou nada diverge da fórmula criada. O que no caso deste Bayonetta 2 significa um gigantesco “ainda bem”. Grande parte do sucesso da série se deve ao seu teor explosivamente over the top, à euforia, ao exagero visual e narrativo, e ao frenetismo de cada minuto de jogo. A alterar-se algo da fórmula original dir-se-ia que apenas a elevação deste espírito extravagante, frenético quase-psicadélico, e que faz do exagero uma verdadeira forma de arte.

Estaria a mentir se dissesse que valorizei o argumento, ou que retirei algo dos diálogos repletos de overracting e estereótipos que fazem parte deste Bayonetta 2. Ao contrário disso, o que queria era que cada sequência em FMV passasse rápida e que eu pudesse voltar a esmagar botões de forma compulsiva, enquanto o ecrã da TV me ia brindando com uma série de efeitos visuais impróprios a pessoas com fotossensibilidade, e a nossa apaixonante protagonista desfere piruetas e contorções que envergonhariam qualquer ginasta russa.

Bayonetta-2-04

Podemos carregar-te com um transformador de 12v?

Bayonetta 2 é acção pura, exageros injustificados e diversão tão constante, e tão recompensadora, que rapidamente nos lembra (em tempos que parece ter sido esquecido), o porquê de nutrirmos esta paixão assolapada pelos videojogos. E é claro, num período em que o sexismo nos videojogos rendem mais cliques a muitos meios do que notícias sobre 60 fps, é curioso, e algo triste até, que se relativize este jogo pela sensualidade da sua protagonists. Bayonetta não tem, de forma alguma, a vontade de banalizar a sua própria sensualização, mas é sim um sinal criativo de um autor que quis chegar o mais longe possível com a mistura possível do épico e do over the top/quase cheesy, tornando-a uma personagem memorável por não esconder a sua própria excentricidade. E sim, terem exponenciado a vertente secretária MILF de cabelo curto e óculos só torna a personagem mais divertida, inesperada e eficaz no seu propósito: a diversão. Não é por isso que quase todos nós fomos apaixonados por Super Sentai, apesar de toda a cheesiness que transbordava em cada frame e em cada prédio de papelão?

Bayonetta-2

Nunca mais venho à Feira de Esculturas na Areia…irra!

 

Bayonetta 2 traz-nos cerca de 10 horas de jogo quase incessante, sem tempo para respirarmos ou para recuperarmos do ritmo frenético que equivale a beber quinze Ristrettos de seguida. O jogo é tão acelerado que é possível que as verdadeiras maravilhas artísticas que constituem os concepts dos inimigos (desde o minion mais insignificante até aos colossos que aproximam a nossa personagem à dimensão de um pequeno insecto) possam passar despercebidos. Mas se prestarem muita atenção a cada animação, a cada ideia e ao valor artístico de cada personagem/cenário que vos aparece no ecrã, perceberão o esforço criativo impresso neste jogo.

O melhor: o ritmo do jogo, o visual, a diversão pura, as sequências de acção que constituem todo o jogo.

O pior:.

Bayonetta 2 é sem dúvida o melhor jogo da Wii U. Se será suficiente para impulsionar as vendas da consola? Ainda não sabemos, mas possivelmente o Natal e o consequente lançamento de SSB ditarão o seu futuro. Depois de jogarmos os dois jogos de seguida temos de admitir que amamos Bayonetta. Amamos a série e a sua protagonista, e a sua postura confiante que não esconde os seus próprios exageros. Uma bruxa com revólveres nos saltos das botas, e cabelo que se tranforma em roupa ou em ataques gigantes. Se isto não são razões desavergonhadas para adorarmos o que a série atingiu e o nível de diversão que nos oferece, então não sei o que será.

Bayonetta 2 é um exclusivo Wii U.