The Room dos videojogos

Vamos esclarecer uma coisa, não percebo nada de NBA.

No entanto, quando me foi pedido para fazer a análise deste jogo, confesso que nunca pensei que iria ficar tão “viciado” como fiquei.

“Mas como?”, pergunta o leitor. Simples, porque este NBA 2K15 tem o modo carreira mas hilariantemente espectacular que vi e tive oportunidade de jogar nos últimos tempos.

Já toda a gente viu as brutais e francamente assustadoras como um raio, face captions que este jogo permite fazer (infelizmente, apenas disponível para a versão das consolas), que inclusivamente foram usadas como máscaras de Halloween por muita gente. Mas o protagonismo dado a essa faceta do jogo, acaba por enterrar o tesouro que é o modo carreira deste tíulo.

nba

AH! Kill it! Kill it before it lays eggs!

 

Mas aqui o vosso amigo, qual pirata das caraíbas, matou o Kraken, desenterrou esse mesmo tesouro e irá partilhar o saque com todos vós!

Senão vejamos, desde logo no painel de  criação de personagem, e não obstante o rôr de alterações e fine-tuning que podemos fazer ao nosso personagem, apenas poderemos escolher uma de entre duas vozes para dar ao mesmo… Ghetto ou Ainda-Mais-Ghetto. O que só por si já proporcionará horas de diversão ao vermos como o nosso “profissional” interage com as altas patentes da liga e do clube que escolhermos; inclusivé apelidar carinhosamente de “dawg” os nossos presidente e treinador.

Só aqui já valeria a pena comprar o jogo, mas o épico está apenas a começar… Na nossa equipa enquanto rookie, teremos um “mentor” que nos ajudará a integrarmo-nos no plantel, e no meu caso, foi um senhor chamado Markieff Morris dos Phoenix Suns. Como já referi, o modo carreira, tenta (muito ao estilo do franchise WWE), incluir alguns elementos de RPG em que teremos de interagir com outros personagens, dar conferências de imprensa e falar com o nosso agente por forma a melhor decidir o nosso futuro financeiro e desportivo, pedindo até às vezes, que tomemos decisões relativamente ao discurso/resposta que iremos dar. No entanto, e como já referi no parágrafo anterior, falando do Sr. Morris, posso afirmar que muito poucos personagens me fizeram rir tanto como esse senhor.

keef2k141014_768x500

Vai por mim que eu não te engano!

 

Explicar será um exercício em futilidade, uma vez que a delivery de falas é tão insípida, monocórdica e por vezes até diferente do que aparece nas legendas, que resulta em ruidosas gargalhadas do jogador, pois parece que o tipo fez o voice-over na pausa do almoço enquanto falava ao telefone com o seu corretor de bolsa ou agente imobiliário, tendo saído do dentista, esquecendo-se de tirar as bolas de algodão de dentro da boca. Simplesmente genial, parabéns 2K Games.

Como profissional, continuaremos a ser Ghetto até ao estrelato e Hall of Fame, sendo que a nossa placa comemorativa dirá o seguinte: “Congratz, dawg!”

ad-2k15

Nice uni-brow you got there, Dawg.

 

O modo carreira pode ser complicado ao início, uma vez que o nosso jogador será pouco melhor do que um agricultor especializado em plantar alfaces, pois é uma nódoa desde a sua coordenação motora, a realmente ser capaz de acertar com o raio do cesto! Pior ainda quando o treinador nos põe logo a marcar o melhor jogador da equipa adversária. isto faz com que a nossa “nota” para o jogo (que pode subir e descer durante o mesmo) caia a pique.

Em termos de gráficos, NBA 2K15 é o que seria de esperar de um jogo next-gen, ou seja, é irreprensível, modelos de jogadores quase perfeitos, equipamentos “vivos” que bailam ao vento e se movem conforme quem os usa, e uma textura quasi pele, que até emula as gotas de suor que escorrem pelo corpo dos basquetebolistas. Nota-se de qualquer forma, aqui e ali, algumas texturas que poderiam ser melhor trabalhadas, tais como a parte de cima das tabelas e algumas roupas com pormenores esbatidos.

nba2k15_gc2014_01_1080

Farto-me de transpirar e não posso tomar banho por causa da Legionella

 

Nota também para a banda sonora do jogo, integralmente escolhida por Pharrell Williams, que conta, entre outras, com a Personal Jesus de Depeche Mode (adoptei-a como música de entrada do meu modo carreira).

O melhor: Os gráficos extremamente realistas e o modo carreira que me proporcionou momentos absolutamente deliciosos, em que me ri a bandeiras despregadas. A tentativa de incorporar elementos de RPG num jogo de basquetebol é admirável. Toda a envolvência que, de facto, por vezes nos faz pensar que estamos a jogar na NBA, especialmente para os comentadores, pois o seu banter é por vezes genial.

O pior: As texturas inacabadas, a IA da nossa equipa e do treinador. Por vezes é difícil para um noob perceber o que de facto a equipa técnica pretende que façamos, contribuindo para que seja muito mais fácil termos uma nota negativa do que positiva ao início. Ocupa 55(!) gigas de espaço em disco.

Em suma, acho que NBA 2K15 deve ao invés de ser um jogo de desporto, ser considerado um Comedy RPG. Uma vez que o seu valor cómico suplanta em muito, outros títulos que do mesmo fazem alarde desde o início. Recomendo vivamente a amantes de Monty Python e basquetebol. Em termos de mecânicas, é sem sombra de dúvida o melhor jogo de basquete que já joguei devido ao seu ultra-realismo.

NBA 2K15 está disponível para todas as plataformas. Testada a versão de PC