Qualquer semelhança com Minecraft é pura coincidência (ou não)
Já algumas vezes dizemos que Minecraft veio mudar paradigmas no mundo dos videojogos. Foi um autêntico caso de estudo sobre empreendorismo, inovação, genialidade e simplicidade. Tanto pelos seus visuais como pelas suas mecânicas, Minecraft foi simplesmente a materialização de um dos nossos brinquedos preferidos de sempre: foi a passagem dos Legos para uma plataforma digital. Milhares e milhões de pessoas adoraram o jogo, não só dentro da comunidade gamer mas a todos os níveis. Um verdadeiro fenómeno.
Dito isto, e como de habitual num mundo que gira em torno do dinheiro, muitos clones surgiram nas suas pegadas e tentaram capitalizar da moda. Os sucessos variaram. Mas alguns títulos começam agora a surgir com um sentimento diferente. Não apenas de imitar em busca do nosso dinheiro, mas sim de expandir e amadurecer o género. Já vos falamos de Space Engineers e Planet Explorers, dois títulos que pegam na inspiração de Notch e aplicaram o seu próprio cunho e sabor.
Agora chega a vez de TUG. Originalmente apelidado The Unamed Game, é actualmente referido como The Ultimate Groove pelos seus criadores da Nerd Kingdom. Eles “caracterizam-o” como um multiplayer open-world sandbox-RPG mas nós chamamos-lhe o filho de Minecraft e Avatar – um Minevatar se preferirem.
Ainda num estágio muito embrionário, tivemos a oportunidade de testar o jogo. Não consigo expressar em palavras a sensação de deja vù. Senti-me verdadeiramente a jogar Minecraft pela primeira vez. Um mundo grande e assustador, um inventário vazio e a noite a chegar. E uma sádica (e imaginária) voz a ecoar na minha cabeça: “Aqui tens! Diverte-te… e não morras…”
Para os três de vocês que nunca jogaram Minecraft, a primeira experiência sem ter visto ninguém a jogar ou ter ido ler tutoriais é francamente frustrante. Em TUG é o mesmo. Existem uma série de regras internas do jogo que ninguém nos explica, e as possibilidades são quase ilimitadas e muito randomizadas. Podemos facilmente morrer em 5 minutos, ou conseguir prosperar durante alguns dias para morrer atrozmente no terceiro ou quarto dia e perder todo o nosso progresso porque ninguém nos disse que precisávamos de uma cama para estabelecer spawn point. Um deleite para fãs de Roguelike.
Para os menos intrépidos o modo criativo também está presente, em que os perigos são inexistentes e os recursos ilimitados. Toca a construir as nossas reproduções de cenários famosos.
Como referimos o jogo ainda se encontra num estado muito embrionário. Bugs são frequentes, a optimização ainda não é ideal (o jogo só corre em DirectX 11) e a progressão ainda é limitada.
No entanto o preço que pedem de 10€ (no Steam) é re-investido no desenvolvimento, e o feedback da comunidade está a ser ouvido no processo de criação. A promessa é grande e a fasquia elevada, com features prometidos como um sistema de magia, o envelhecimento dos personagens (e consequente mudança, com base nas acções do jogador) e um mundo ilimitado para explorar. Os visuais são sem dúvida impressionantes, e muito reminescentes de Avatar (o filme, não a série de animação) afastando-se do seu progenitor cubista.
TUG é um jogo sobre exploração e descobrimento. A ausência de um tutorial é propositada e a progressão tecnológica e etária do nosso personagem ajudam nesta metáfora. O sistema de construção é muito experimentalista, e sinceramente pareceu-nos fraquinho. Largar tudo no chão, carregar num botão e esperar pelo melhor não é muito condutivo de aprendizagem. É certo que podemos procurar as receitas na internet, mas onde está a graça disso?
TUG pode parecer um clone de Minecraft, mas não é. Nota-se claramente a inspiração e fonte de muitas das features do jogo, mas também se nota uma paixão intensa dos seus criadores e um certo reconhecimento das suas origens. TUG tenta evoluir. Dentro e fora do jogo, esta parece ser a grande força da Nerd Kingdom. Pegam em algo que claramente adoraram e aplicam o seu próprio cunho, tentando melhorar o que está para trás. Dentro do jogo é o mesmo: começamos a cavar na terra com as nossas unhas… vamos ver onde acabamos.
Nota final: os criadores avisaram expressamente que o preço do jogo irá subir à medida que mais conteúdo será acrescentado. O baixo valor destina-se a financiar a criação do mesmo e a envolver a comunidade. Como está vale bem o dinheiro. Um bom exemplo de Early Access.