Estava a trabalhar no meu PC, inocentemente, quando fui apanhado de surpresa por algo que não consegui ainda esquecer, algo que me perturbou o raciocínio, algo por um lado previsível mas por outro incrível. Esta é a versão da história que vos quero contar.
Infelizmente o que aconteceu foi que sim, estava a trabalhar, e sim, estava no meu PC, mas essa mesma suposta surpresa não me chocou nada: vi um pop-up do Steam a explicar-me que agora podia fazer stream – Stream no Steam – e não liguei muito, não liguei mesmo quase nada, fechei a janela antes de chegar ao segundo parágrafo, e quando dei por mim semi-interessado com o que tinha acabado de ler, já era demasiado tarde.
A culpa é do Steam, que me abre janelas no portátil com anúncios de lançamentos e promoções com demasiada frequência, que banalizou esses ditos anúncios, e nos educou a fechar essas janelas sem lhes prestar atenção nenhuma.
Se, como eu, esta notícia vos passou ao lado por já não ligarem a quase nada da jorrada de informação que o Steam atira para cima dos seus utilizadores, ou se o assunto ainda não vos chegou de todo aos olhos, ou aos ouvidos, ou se estão confusos com aquilo que sabem, ou com aquilo que ainda não sabem – mas voltando à primeira hipótese – se queriam festejar um dia que o Steam decidisse ter um serviço destes, e ficaram frustrados porque não reagiram apropriadamente, se ficaram desiludidos convosco próprios e com o Mundo, como eu fiquei, mais uma vez – então bem vindos, estão no sítio certo.
Vou explicar-vos as coisas como deve ser e depois vamos todos celebrar isto como deve ser também; e há motivos para celebrar, garanto-vos.
https://steamcommunity.com/updates/broadcasting
Chama-se “Steam Broadcasting”, encontra-se em Beta, e será um serviço gratuito e simples de usar.
Nada disto é surpresa para quem está atento; estamos nos finais de 2014, o streaming explodiu, as pessoas na internet adoram ver outras pessoas na internet a jogar jogos. A Sony há um ano atrás anunciou dois serviços para a Playstation 4, um de “cloud-gaming” e outro que permite partilhar vídeos de gameplay diretamente da consola. Há uns meses atrás a Google ia comprar o Twich, e chegou a Amazon e fez uma melhor oferta (diz-se, e não é difícil de acreditar): 970 milhões de dólares, quase mil milhões, ou um bilhão, como lhe chamam os nossos leitores do Brasil – toda a gente quer um bocado dessa mina de ouro.
E o Steam? Não bastava o Steam ser uma ideia de génio arriscada para a Valve, que revolucionou para sempre a indústria dos jogos, do entretenimento – não só isso, tudo o que foi acrescentado ao Steam nesta última década foi igualmente louco e genial – desde as Steam Sales, ao Early Access, ao mais recente sistema de curadores, a Valve arrisca, tem arriscado, sempre. Era uma questão de tempo até o streaming chegar. Com a tecnologia de streaming a ser desenvolvida já hà um ano para um serviço semelhante ao do OnLive, ou ao do Gaikai (comprado pela Sony para ser incorporado na PS4) – o chamado “cloud gaming”, em que se está a jogar noutra máquina através de streaming – só foi preciso um pequeno passo para chegarmos ao “Steam Broadcasting”.
O serviço funciona assim: qualquer pessoa que esteja a jogar através do Steam é um potencial streamer, por defeito, a menos que especifique o contrário nas suas opções de conta. Para se assistir ao Stream de alguém, basta abrir o menu de amigos, fazer clique direito em alguém que está a jogar, e selecionar “watch game”. As streams podem ser feitas livremente ou por convite do streamer, ou de quem está a assistir, dependendo das opções que forem escolhidas.
Para experimentarem o serviço e verem os jogos dos vossos amigos neste momento, basta escolherem “steam beta update” no menu “beta participation” das opções de conta; os vossos amigos só precisam de alterar nada.
Comments (4)
logo no dia de abertura era tanto porno nas streams lol
que gente atrasada, agora foi tudo banido
Sempre que a humanidade inventa qualquer coisa algum(ns) idiota(s) tratam quase instantaneamente de responder à questão “como posso ganhar dinheiro com isto?”. A larga maioria das vezes a resposta passa por um de dois caminhos: transformar numa arma/aplicação militar ou pornografia. Natureza(?) humana…
Equiparar a pornografia à tecnologia militar é um conceito muito interessente na minha opinião, nunca tinha visto as coisas assim antes; mas sim, de facto é mais ou menos tudo o mesmo.
Pornografia, armas, salada.
http://rubberchickengames.com/2014/11/19/analise-a-this-war-of-mine/
Um This War Of Mine versão porno? Isso sim, era um jogo dramático. Tenho a certeza que também acabaria a chorar.
Bem vistas as coisas, faltou essa componente no This War of Mine… o uso do corpo como moeda de troca em palcos de guerra… Compreensível, mas ainda assim.