Acompanhando a série de lançamentos exclusivos para Xbox One, a Microsoft Studios em conjunto com a Insomniac Games trouxe à luz Sunset Overdrive.
Sendo um título exclusivo da Xbox One, seria legítimo esperar que a gigante americana não se poupasse a esforços para nos proporcionar um experiência ímpar e inovadora. No entanto, não se verifica nem uma, nem outra… Passo a explicar.
Sunset Overdrive é uma espécie de shooter-platformer com um ritmo frenético e animações exacerbada e vincadamente cartoony. O seu estilo gráfico apresenta-se como não se levando a si próprio demasiado a sério, pois as proporções exageradas e armas completamente over the top dão-nos aquele tipo de jogo em que podemos relaxar e proceder à sempre gratificante aniquilação de inimigos das formas mais exageradas e silly, num ambiente colorido e muito retro. Na minha opinião é, sem dúvida, o ponto mais forte do jogo.
Neste título, o nosso personagem leva uma vida aborrecida a apanhar lixo de concertos, quando de repente uma bebida chamada Overcharge transforma a população em monstros mutantes irracionais (a Insomniac deve ter pensado que zombies já estava muito batido), cabendo a nós a árdua tarefa de deixar tudo para trás e salvar a cidade, usando para isso uma parafernália de armas que deixariam o Nick Ramos completamente envergonhado.
O carácter humorístico deste jogo é notório desde logo no ecrã de criação de personagem, pois é possível criarmos um “tipo durão” a usar nada mais, nada menos do que um másculo ‘tutu’… Para os mais esquisitos e abastados entre nós, há sempre a hipótese de comprar mais roupas e acessórios para fazermos do nosso personagem o floco de neve mais único e especial do bairro.
Em termos de jogabilidade, acho que a melhor descrição deste título é a de uma espécie de Assassins Creed que snifou 100 gramas de cocaína enquanto martelava Redbulls em série. Ou seja, temos presentes a maioria das opções de free-running de AC, mas elevadas à décima potência com wallrunning completamente absurdo e grind em carris e cabos de alta-tensão para que tenhamos sempre o melhor ângulo para estourar com os nossos inimigos.
O jogo possui também um sistema de progressão baseada em pontos de experiência; experiência essa adquirida pela finalização de quests… Aqui um ponto menos bom deste título, pois a maioria são muito grab, kill, fetch. Quem já jogou MMORPGs sabe bem como grindar este tipo de missões pode ser aborrecido. Ao longo da playthrough poderemos desbloquear novas habilidades, ataques especiais e até mesmo armas, que levarão a experiência de Sunset Overdrive a outro nível de caos e carnificina.
Ao longo da história (por favor, se pelo que leu até agora espera um enredo a la M. Night Shyamalan com twists, tome os medicamentos e vá dormir), encontraremos uma série de personagens que infelizmente na sua esmagadora maioria são tudo menos inolvidáveis, sendo que todo o conceito de facções (eu cá prefiro os nerds de Dungeons & Dragons) todas elas diferentes umas das outras é algo que abona a favor da experiência de jogo.
A Rogues Gallery deste jogo não é muito vasta, de facto poderemos até por vezes achá-la demasiado repetitiva… O que sem dúvida é legítimo dizer, pois apesar de haver 3 ou 4 variações de ‘mutantes’ (desde o típico kamikaze, até a ‘spitters’ e robôs), acabaremos por ocasionalmente desejar uma mudança; chegando a nós na forma de bosses completamente exagerados cujas fights demoram por vezes uma eternidade a terminar. De qualquer forma, acho que o ritmo frenético do jogo acaba por compensar de alguma forma este “travão”.
De louvar o modo co-op de até 8 jogadores que transforma uma experiência já frenética em algo completamente explosivo, sem dúvida que os fãs de multiplayer não sairão desapontados, especialmente se jogarem o novo Super Smash Bros. e forem bons.
O melhor: A experiência open world deste jogo que nos proporciona até, ocasionalmente, momentos de liberdade catártica. A mecânica de free-running que de facto coloca ênfase no free. O estilo gráfico muito retro que nos transporta quase instantaneamente para os anos 90. O humor tão presente quase em todas as cenas, que sem dúvida ajuda a aligeirar todo o ambiente de Apocalipse mutante.
O pior: A repetitividade de inimigos e a acção que por vezes é demasiado frenética. Notei também alguns picos de dificuldade em alguns bosses que ‘travam’ um pouco toda a experiência de velocidade que o jogo tenta passar.
Em conclusão, Sunset Overdrive é um bom “campeão” para a Xbox One, trazendo consigo uma bagagem de diversão bastante assinalável, e uma experiência de jogo muito agradável e divertida. Nota-se que de facto a Insomniac Studios quis tirar partido das capacidades da nova consola da Microsoft, mesmo não tendo uma história nada original, nem muito menos profunda (convenhamos que não era esse o objectivo), este título cumpre no que se propôs, ou seja, uma experiência de mundo aberto frenética com free-running e extremamente satisfatória, em que podemos rebentar com hordas atrás de hordas de monstros com armas completamente over the top.
Sunset Overdrive é um exclusivo Xbox One.