Nota: Cada top pessoal é baseado apenas nos jogos que cada um experimentou e não na totalidade de jogos lançados este ano.
Nota 2: o autor reserva-se ao direito de ignorar os habituais comentários do tipo “Não acredito que esta besta não incluiu o ______ no top!!!!”
Nota 3: o autor disponibiliza-se para receber como prenda de Natal atrasada todos os jogos referidos pelos leitores e demais internautas que se incluam no tipo de comentário: “Este top é uma treta, onde é que já se viu o ______ não fazer parte dele?”.
10 – Watch Dogs
É exactamente no início da contagem decrescente desta lista que eu perco parte dos leitores deste artigo. Batem com a porta, praguejam, fecham este separador no browser e focam a sua atenção naquele outro com streams de filmes xxx que tinham inadvertidamente deixado aberto desde ontem à noite e tomam de um trago um copo de leite meio-gordo quentinho. Para quem leu os três artigos que escrevi sobre o jogo, Watch Dogs foi para mim surpreendentemente divertido, e em quase nada uma desilusão. E porquê? Porque me assumo como totalmente imune ao hype e aos pós mágicos que os estúdios adicionam para enaltecer certo produto antes do seu lançamento. Quando nada se espera, mais receptivos somos.
Watch Dogs reconciliou-me com os sandbox do género, depois da série GTA me ter enfadado ad infinitum. Não sendo o seu enredo principal um dos melhores (comparado com Mafia por exemplo), mas é todo o conteúdo adicional e secundário à espinha dorsal do jogo que me fez passear por esta Chicago virtual com algum prazer, e de lá ter passado algumas das dezenas de horas de jogo mais divertidas deste ano.
9 – Disney Magical World
A surpresa do ano e que me atingiu no cair do pano de 2014. Após um mês de o ter começado, continuo a visitar Castleton e o mundo mágico da Disney na senda de fazer o perfeito completionism a este jogo aparentemente casual e infantil. Disney Magical World é um dos jogos mais transversais para a 3DS: tem a leveza para agradar a um público mais jovem, tem a superficialidade não-punitiva para os jogadores mais casuais, e tem uma série de objectivos com alguma complexidade e dedicação que agradará aos jogadores mais aguerridos. Tudo isto com o elenco do mundo da Disney a matar-nos saudades de Animal Crossing e a prenda perfeita para quase todos os possuidores de uma 3DS.
8 – Space Engineers
Este jogo da Keen Software merece estar no top por duas razões. A primeira é por ter o condão de me ter devolvido a confiança ao Steam Early Access. É que os seus criadores mostraram à comunidade o fundamento de existência desta forma de lançamento, com updates regulares, e um desenvolvimento que o transformaram naquilo que todos sabemos que é. E em segundo lugar por ser, sem qualquer competição, o melhor jogo do género a ser lançado no ano anterior e a trazer um belíssimo volte-face para um setting futurista.
7 – The Book of Unwritten Tales 2
Foi um dos jogos que mais me surpreendeu aquando da visita a Colónia e conseguiu manter todas as expectativas que tinha para ele. É uma das aventuras gráficas mais inteligentes que vi serem criadas/escritas, e com uma apresentação tão fabulosa que o equiparo facilmente a um excelente filme de animação. Mais uma vez demonstra a seriedade e a qualidade que a Nordic Games tenta imputar aos seus jogos e conseguiu algo que não esperava: entrada directa para o meu top pessoal de aventuras-gráficas favoritas. Sim, é ASSIM tão bom!
6 – Child of Light
Durante alguns meses este jogo era um sério concorrente a jogo do ano. Todo o clima artístico de livro de fábulas infantis transportou-me para uma das melhores experiências que tive no ano transacto. Para além de ser um excelente RPG por turnos, consegue também ser um dos jogos visual e artisticamente mais interessantes lançados até hoje. E a provar definitivamente que a chancela UbiArt é um selo de qualidade, e quase distante da política da sua casa-mãe. O facto de Child of Light ter “caído” para sexto lugar não é de forma alguma demérito seu, mas apenas um sinal de que outros lançamentos vieram eclipsar o seu brilho.
5 – Bayonetta 2
Bayonetta 2 é a apologia do exagero, e a exaltação do quase-kitsch. Foi o primeiro jogo que eu analisei ao qual não consegui atribuir um único ponto negativo. E ao contrário do que algumas pessoas pensam, isso não é sinónimo de ter um jogo perfeito, o que em linguagem de videojogos se traduziria num “10 – Perfeito” ou neste caso, num Jogo do Ano. Bayonetta 2 não tem para mim qualquer ponto negativo porque responde em toda a eficácia aquilo a que se propõe a fazer: um jogo exagerado, um hack’n slash tão out-there que por vezes temos de parar para respirar fundo. E não é o jogo perfeito por não fazer avançar o mercado, não o reinventar, não o agitar, tal como o Super Mario 64 ou o Super Mario Galaxy o fizeram. A quinta posição num top é mais do que merecida para o melhor jogo (actualmente) exclusivo da Wii U e representa um marco de diversão e entusiasmo quase sem precedentes. Está explicado?
4 – Professor Layton vs. Phoenix Wright
Penso que já o tinha dito pelo menos em sete ou oito artigos: este foi o jogo que quando foi anunciado numa E3 me fez pensar: tenho de comprar a 3DS. Depois de alguns anos a amaldiçoar a Nintendo por não o trazerem para o Ocidente lá o recebi para análise pela altura dos anos. E que prenda de anos foi esta!
Professor Layton vs. Phoenix Wright não é o melhor jogo de cada uma das séries, nem é melhor que nenhuma iteração das respectivas, mas é, de longe, o melhor trabalho de terra comum que poderíamos encontrar entre estes dois mundos. É que existe uma dificuldade conceptual gigantesca em cruzar duas linguagens aparentemente semelhantes mas tão díspares quanto os mundos de Layton e Wright, e este jogo acabou por provar-se como um excelente exercício de game design. E um exercício bem-sucedido, para ser honesto, e que apesar de circular fora do holofote da atenção, é sem dúvida um dos melhores jogos lançados para a 3DS no ano passado.
3 – This War of Mine
Já tanto discorri sobre This War of Mine que pouco ou nada me resta dizer. É um jogo inteligente e emocionalmente arrebatador, e que quase que pisa a linha daqueles jogos que não devem ser jogados em períodos de maior vulnerabilidade interna. mas deve ser jogado não só por estar brilhantemente executado como por ser um retrato fiel de situações tão (infelizmente) quotidianas em algum recanto do mundo quanto nós irmos a um café. Sem velaturas, sem fantasias, esta é a dura realidade dos cenários de guerra. Que espero que nunca nenhum de nós tenha de experienciar, para além do rectângulo brilhantemente criado por este jogo.
2- Valiant Hearts: the Great War
Não sei se isto é o “espírito-trintão” a cair-me em cima, mas agora que chego à medalha de prata do meu top, vejo que ele está repleto de jogos de tom mais sério. Valiant Hearts: Great War é mais um jogo a sair com o motor UbiArt Framework e a demonstrar o pleno no que toca a jogos feitos com esta tecnologia: todos, sem excepção, são jogos soberbos. Este jogos bebe tanto da Banda-Desenhada franco-belga que em muitos instantes nos sentimos a folhear as páginas de um álbum, e a deixar-nos mergulhar no simultaneamente enternecedor e arrebatador enredo, enquanto circulamos por alguns dos teatros da Primeira Guerra. Um jogo de aventura que não é propositadamente difícil, mas cujo enredo e a arte são a melhor forma de mantermos viva a memória de um dos nossos momentos mais negros. E que nos vai tirar o fôlego e nos vai dar um aperto no coração. Apenas como as grandes obras o conseguem.
1 – Shovel Knight
Se Child of Light foi o meu candidato a jogo do ano durante um grande período de 2014, a partir de um certo ponto a disputa era entre Valiant Hearts: the Great War e Shovel Knight. Por razões diferentes, ambos os jogos mereciam esse cunho pessoal da minha parte, a de serem coroados como O Jogo do Ano. E porque é que nas contas finais o jogo da Yacht Club Games ganhou a disputa? Por diversas razões. A primeira de todas é que Shovel Knight é o elogio a um meus períodos favoritos da história dos videojogos. E acima de tudo, numa fase em que ser retro é sinónimo de ser “fixe”, Shovel Knight faz algo ainda mais brilhante: não se parece apenas com um jogo de NES – ele podia SER um jogo de NES. O feel de todos os ataques, movimentos, banda-sonora, visual, não são apenas mimetizados desse período, mas parecem ter sido descobertos de uma cápsula do tempo de 1988, e só aberta nos dias de hoje. Para além de que é um jogo equilibradíssimo, brilhantemente resolvido e na sua totalidade uma celebração a este meio que tanto amamos, e à diversão, na sua forma mais pura.
Menções Honrosas:
Não tendo chegado ao meu top, há cinco jogos que merecem um pequeno destaque:
– Broken Sword 5: the Serpent’s Curse
O regresso de Charles Cecil a uma das minhas séries favoritas de sempre, e que a trouxe para o patamar de qualidade que ela merecia. Depois da experiência tridimensional das duas iterações anteriores, o regresso em glória ao estilo bidimensional fê-lo chegar muito perto de ser um dos jogos do ano. E apesar de não estar nos 10+, é decerto um dos meus jogos de eleição.
– Out There!
Não costumo dar muita atenção a jogos mobile, mas quem acompanha o Rubber Chicken sabe o quanto fiquei surpreendido com este jogo, depois de o ter conhecido na Gamescom. Depois de horas deste jogo de sobrevivência espacial, consigo afirmar que apesar de não ter chegado ao meu Top 10, é sem dúvida o meu Jogo Mobile do Ano. Inteligente, desafiante, e respeitoso para o jogador. Algo que muitos jogos neste mercado não sabem ser. Obrigatório para fãs de sci-fi.
– Mario Kart 8 e SSB Wii U
Os dois melhores party games do ano e dois dos melhores jogos da Wii U. Com tanta concorrência feroz não conseguiram chegar ao meu Top, mas são dois títulos obrigatórios para noites regadas de álcool em casa com os amigos.
– Fantasy Life
Fez parte do meu Top durante alguns meses. Foi um life simulator que joguei largas dezenas de horas, e do qual quase cheguei a completionist, mas que foi empurrado da lista com a entrada de outro jogo do género no meu Top. Falo é claro do surpreendente Disney Magical World que transformou este jogo da Level 5 em medalhista de prata de life simulators. O que não lhe retira a imensa qualidade que possui.