Um (estranho) Top para 2014

Disclaimer: Este Top contém alguns jogos que não são propriamente apropriados para todos, particularmente para os mais novos ou para pessoas propriamente integradas socialmente. O seu autor também não é uma pessoa muito apropriada mentalmente, tendo incluvisamente tendências que tendem à utilização redundante de pleonasmos. Continue a ler por sua conta e risco.

2014 foi um ano repleto de parvoíce revolucionária aqui no Rubber Chicken. Primeiro deixam entrar um tipo anormal e retardado extremamente inteligente e bem parecido como eu na capoeira e logo a seguir mudam-lhe a pintura. Pediram-me para fazer um Top de jogos que joguei em 2014 e cá está ele, sobejamente dividido por plataformas. Devo avisar desde já que aqui só incluí jogos que joguei (sim, é insano, eu sei) e sinceramente só espero ouvir vozes em concordância de “Ó Leonel, bela escolha, pá! Eu sim, também partilho do teu gosto refinado pelo melhor que o mundo dos videojogos nos tem para oferecer. E que bem escrito! Já te disse que és um tipo bastante charmoso?” – coisas a este nível. Fica desde já o meu agradecimento pelos vossos elogios futuros.

PC – Steins;Gate

E porque não começar com a escolha menos óbvia / mais controversa para a plataforma da “master race”? Steins;Gate é uma visual novel japonesa que saiu originalmente em 2009 para a Xbox 360, que viu o seu primeiro lançamento oficial em inglês em 2014 para o PC (com um anime muito bom pelo meio). Ela desenrola-se num “Japão actual”, em Akihabara, onde Okabe Rintaro – um universitário excêntrico fortemente iludido pela ideia de que é um cientista louco – e os seus amigos estão a tentar construir uma máquina do tempo e conseguem, por acidente, descobrir um método de enviar SMS de telemóvel para o passado. Com uma arma nas suas mãos que pode alterar a História como a conhecemos, Okabe e o seu grupo vão-se ver envolvidos numa aventura repleta de conspirações e realidades alternativas. Se alguém te enviasse uma SMS a dizer para não apanhares aquele comboio ou a dizer-te os números do Euromilhões da próxima semana, o que farias?

Este jogo está no topo desta lista devido ao forte impacto que as visual novels japonesas começam a ter no ocidente – a plataforma Steam levou em 2014 com uma valente enchorrada das ditas (se bem que a maioria ainda não tem grande qualidade). Infelizmente Steins;Gate ainda não saiu na Europa (oficialmente só saiu na América do Norte), tendo sido adquirida por mim na sua versão digital através da JAST USA. E sim, é uma visual novel japonesa, mas não é daquelas pervertidas e badalhocas para maiores de 18 anos (é na realidade para maiores de 15 anos).

Menções honrosas a This War Of Mine e a Valiant Hearts.

PS Vita – Monster Monpiece

Por falar em coisas japonesas pervertidas, jogaram Monster Monpiece para a PS Vita este ano passado? Se sim, aplaudo-vos pela vossa coragem e lamento pela vossa perda de amor próprio. Se não, fiquem a saber que é um jogo que se desenrola num mundo fantasioso onde humanos e raparigas-monstro vivem lado a lado. Aqui temos de conquistar, dissuadir ou dominar raparigas-monstro (confesso que por vezes tenho dificuldade em distinguir uma da outra) para combaterem a nosso lado contra outras raparigas-monstro – porque sozinhos não temos hipótese de vencer, por sermos meros e frágeis humanos.  Os combates desenrolam-se num tabuleiro 3 por 7 e a sua aparência simplista esconde um sistema mais profundo e interessante do que podemos esperar. Contudo, por mais interessante que possa ser, o sistema de leveling das nossas raparigas-monstro (estou farto de escrever esta palavra, confesso) envolve dar-lhes prazer, o que resulta neste espectacular aproveitamento das funcionalidades totais do touchscreen e do sensor traseiro da Vita:

A versão ocidental deste jogo foi bastante censurada quando comparada com a japonesa, mas ainda não é suficiente para nos fazer jogar este jogo em público. O leveling é melhor deixado para quando estivermos em casa. Sem pessoas à volta. Com headphones. No escuro. E um pacote de Kleenex.

Menções honrosas a Danganronpa: Trigger Happy Havoc e a Freedom Wars.

Nintendo 3DS – Shovel Knight


Não houve jogo este ano que me tenha dado mais prazer jogar que ao Shovel Knight. Inovador e retro ao mesmo tempo, foi o único jogo este ano em que carreguei no botão de New Game logo após terminá-lo pela primeira vez. Temos uma crítica ao dito cujo.

Menções honrosas a Persona Q: Shadow of the Labyrinth e a Professor Layton vs Phoenix Wright.

iOS/Android – Sorcery!

Recordam-se dos livros das aventuras fantásticas que muito nos estimularam a imaginação no final dos anos 80 e anos 90? Sorcery! foi uma série de quatro livros escritos por Steve Jackson entre 1983 e 1985 e que começou a ser (re)lançado em 2014 para iOS e Android. Neste jogo nós somos um aventureiro que procura recuperar a Crown of Kings, um artefacto poderoso que foi roubado ao nosso reino por um feiticeiro maléfico. Ao longo do jogo nós decidimos que acções tomar e que caminhos percorrer na busca desse artefacto, acompanhados por uma banda sonora impressionante e por uma óptima narrativa. O sistema de combate é interessante, usando uma mecânica de momentum para determinar o dano, mas o sistema de spellcasting é o que mais impressiona, onde invocamos feitiços soletrando 3 letras no nosso ecrã – temos acesso a um livro de feitiços com alguns feitiços já registados, mas exitem outros que não estão lá e experimentar feitiços diferentes quando desconhecemos os seus efeitos pode ser arriscado. Os 2 primeiros livros da quadrilogia de Sorcery! sairam em 2014 e os seguintes estão previstos sair ao longo de 2015.

Menções honrosas a Star Command e a Hearthstone.

PS3 – Tears to Tiara II: Heir of the Overlord


Não sabia bem o que esperar deste jogo quando o joguei, mas o seu argumento de visual novel meets strategy JRPG com uma fundação histórica (frágil, mas enternecedora) conseguiu cativar-me para o seu lado. Sou um fã de storytelling, se não perceberam já por esta lista, e Tears to Tiara II: Heir of the Overlord conseguiu agradar-me muito mais do que qualquer Call of Duty: Duas Palavras.

Menções honrosas a Tales of Xillia 2 e a Child of Light.

XBOX 360 – The Wolf Among Us

Foi com prazer que fizemos companhia a Bigby Wolf nas suas desventuras como xerife relutante de Fabletown ao longo desta aventura gráfica episódica, possivelmente a mais estranha da Telltale até à data. É certo que o primeiro episódio saiu em 2013, mas foi em 2014 que a série teve a sua conclusão. O resultado foi uma excelente viagem por um mundo negro populado por personagens de contos e fábulas inadaptadas a um ambiente mais real que fantasioso – f0i esse sofrimento da condição humana que nos permitiu identificar com estas personagens e nos fez acompanhá-las ao longo dos seus 5 episódios.

Menção honrosa a Strider (XBLA).

Jogo do ano 2014 – Shenmue


Pelo 15º ano consecutivo, seria de esperar que Yu Suzuki já tivesse percebido a dica.