Quantas vezes, na nossa vivência pueril, não olhámos para os protagonistas 8 bits dos nossos jogos favoritos e imaginámos como seria ver o mundo pelos seus olhos. Quantas vezes nos quisemos soltar das nossas vivências mundanas e encarnar nos nossos heróis de predilecção, em mundos ficcionados mas para nós, tão reais. Como imaginámos os tortuosos corredores de relva e canos de esgoto do Super Mario Bros, e sentimos a adrenalina de saltar incontáveis abismos e aterrar em cima de pequenos monstros/cogumelo. Ou imaginarmos, no estaticismo dos sprites imóveis dos Pokémon da primeira geração, a nossa posição confiante, atrás de si, a ver o desenrolar do combate como se lá estivéssemos presentes.

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Ainda ontem, quando falei da Gamecube, referi o quanto o Super Mario Sunshine é subvalorizado, e que parte dessa subvalorização se deve à consola onde foi lançada. E foi em 2002 que a Nintendo comete uma das suas decisões mais arriscadas de sempre: a de não só mudar por completo a perspectiva de um dos seus jogos, como fazer a primeira e (acredito que a) única incursão na primeira-pessoa do género metroidvania: Metroid Prime.

Transpor a jogabilidade e o mundo de Metroid para a primeira pessoa não era uma tarefa fácil de apresentar e executar, a começar pela aceitação dos fãs da série. Passar de um jogo (ou jogos) que não só ajudaram a definir um género e que sempre viveram num plano bidimensional, para desta vez, encararmos este ambiente hostil e encriptado pela visão na primeira pessoa da bela Samus Aran. Há uma diferença de lógica e mudança de mindset que foi verdadeiramente inovador (proporcionalmente ao gigantesco risco incorrido) para quem criou o jogo, e para os jogadores, que não só perceberam que este era um passo em frente na série, e como lhe reconheceram o devido mérito.

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A trilogia de Metroid Prime é uma das melhores abordagens que temos desta série tão desafiante, e tão bem-executada, e que decerto mantém milhares de pessoas (assim como eu) a ansiar o anúncio de mais uma iteração. Não que Metroid: Other M, o último jogo a ser lançado e já com cinco anos de idade seja um mau um jogo, mas infelizmente situa-se uns patamares abaixo da trilogia de Prime.

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Trilogia essa que faz parte desta tentativa da Nintendo de conquistar novos compradores para a sua Wii U, através de alguns lançamentos para a eShop de grandes títulos da sua antecessora. A ser lançado hoje, e por um tempo reduzido, vamos poder palmilhar o brilhante mundo através do olhar da mais bela caçadora de recompensas dos videojogos por 9,99€. Para quem não comprou a Metroid Prime Trilogy em retalho, tem finalmente a oportunidade de jogar uma das trilogias mais inovadoras da década passada por mais ou menos o mesmo preço do que três t-shirts da Feira do Relógio. E uma sandes de courato.