Nos anos 1990, antes do advento da internet e do mundo virtual estar bem presente nas nossas vidas (ainda que imaterial), havia uma série de actividades que levávamos a cabo com os nossos amigos, e que requeriam a sua presença. Quando precisávamos de terminar uma caderneta de cromos tínhamos de contar com a troca directa com os amigos, ou recorrer a algum quiosque pela cidade de Lisboa que tivesse esse serviço. Agora basta-nos uma pequena procura online e percebemos que existem fóruns e páginas para estas coisas, e que nos ajudam a terminar colecções. Quando queríamos fazer trocas de Pokémon no nosso Game Boy, aquela consola tão portátil que quando a levávamos no bolso parecia que levávamos um pacote de 1 kg de açúcar nas calças, tínhamos de cumprir uma série de requisitos comparáveis a ter um assunto resolvido numa repartição pública. Primeiro tínhamos de encontrar alguém que possuísse os Pokémon que nos faltavam (especialmente os exclusivos da versão oposta), e depois fazer a ligação com um cabo cuja velocidade faria invejar os velhinhos modems de 28 kbit/s…ou não.

Mas em pleno ano de 2015 houve um utilizador que conseguiu resolver este problema. Suponho que ainda fechado no seu bunker não percebeu que a tecnologia avançou de forma a podermos trocar Pokémon com pessoas de qualquer parte do Mundo. Ou então é um treinador de Pokémon tão evoluído que atingiu aquele nível quase divino da Solidão. Devaneios à parte, o que Pepijn de Vos conseguiu foi programar um Arduino, o que lhe permitiu emular um Game Boy e efectuar trocas de Pokémon consigo mesmo. O solitário autor partilhou também o código do Arduino para que outros possam repetir os seus passos, e homenagear a obra do autor Gabriel García Márquez.

Bem-vindo a 1998. A Expo está mesmo aí à porta.