– Não percebo, o que é um [Chicken] Nugget, afinal?”
– Ninguém te contou?”
– Não. É um selo? Tipo “Rubber Chicken recomenda”?
– Não, não, nada disso. Os Nuggets são análises curtas. 300 a 500 palavras.
– OK. – Uns segundos de hesitação silenciosa, e repito: – OK.
– Que é algo – dito em tom de desafio – que não consegues fazer.
Sunless Sea já está acabado, nasceu no Kickstarter, cresceu no Steam Early Access, e interessou muitos curiosos enquanto amadurecia, inclusive a mim – eu, que tinha jogado Fallen London, quando ainda se chamava Echo Bazaar, e que tinha ficado desiludido – esse grande jogo revolucionário, uma quimera de vários géneros que resultava numa experiência ímpar, que na verdade não era nada disso, que era chato, que confundia “ter narrativa” com “narrar acontecimentos sem fio condutor”, e cujo hook eram mecânicas viciantes de mobile gaming; um jogo com elementos estilizados mas sem estilo, sem ambiente, sem voz – eu, que tinha ficado desiludido não só com o jogo mas com o estúdio por detrás do mesmo, Failbetter Games, por receber demasiados elogios, pelo prestígio que tanta gente lhe atribuía e ainda atribui gratuitamente – eu, ainda assim, estava interessado em Sunless Sea, o “próximo projeto da Failbetter”, tinha curiosidade: desta vez havia mais ênfase mecânico no jogo, controlava-se um barco, talvez desta vez houvesse foco, estar-se um barco não é o mesmo que estar-se numa cidade, ainda por cima um barco perdido (parecia no trailer) num oceano negro: há menos oportunidades, a narrativa contrai-se, concentra-se, torna-se mais intensa, quem sabe mais dramática.
O meu lado optimista enganou-me, Sunless Sea são dois jogos e não um, ou pelo menos assim me pareceu: um é Fallen London e o outro é um simulador 2D de um barco; a primeira parte do jogo consiste em andar perdido numa embrulhada de pequenos episódios, que custam “pontos” para serem desbloqueados, para aumentar artificialmente a duração do jogo, como em Fallen London, e a segunda parte é andar perdido num mapa oceânico enorme, sem muito para fazer nele para além de matar piratas (ou um monstro de vez em quando) e andar a fazer de pombo correio entre ilhas, quando se sabe onde estão os quest goals, ou, quando não se sabe, explorá-lo para encontrar esses goals (por sorte); esses modos de jogo não são remotamente parecidos, nem estão integrados um no outro, dando a impressão que são dois jogos distintos; para reforçar ainda mais: a maioria do conteúdo narrativo só pode ser desbloqueado em terra, quando o navio está parado.
433 palavras, diz-me o editor de texto. Acabaram-se as frases longas.
Pontuação:
Eu recomendaria a casual gamers? Sim (1).
Recomendaria a hardcore gamers? Não (0).
Recomendaria a um amigo? Não sei (∅).
Encaixa-se num género conhecido? 0.
É um jogo de curta duração? 0.
É um jogo com sentido de humor? ∅.
É uma experiência linear? 0.
É irritante? 0.
É viciante? 1.
É chato? 1.
É repetitivo? ∅.
Gostei? 0.
Desgostei? ∅.