Minecraft Zen
Admito que Minecraft me passou totalmente ao lado. Apesar de reconhecer o fenómeno e de ver muitos dos meus primos pré-adolescentes a jogá-lo, havia muito pouco apelo que a galinha dos ovos de ouro da Majong me conseguisse trazer. Falando em galinhas, e não fosse uma das que coabita a nossa capoeira e eu nunca teria posto as mãos em Minecraft e percebido – apesar de não ter dado continuidade nem envolvimento ao jogo – qual o fascínio que o jogo suscita nas multidões.
O mercado sempre nos mostrou que após o sucesso de dado produto, seguir-lhe-ão legiões de cópias, inspirações, e homenagens, na busca (muitas vezes infrutífera) de capitalizar o sucesso original desse mesmo produto. Poderíamos efectuar listas gigantescas de sandbox games que apareceram em Early Access com a tentativa de ser o próximo Minecraft. São tantos que quase parecem veranenantes na Costa da Caparica em Agosto, a encher a Ponte 25 de Abril pela manhã. Mas quantos deles serão realmente relevantes, ou quantos deles vão ser desenvolvidos para além da versão Alpha e lançados por completo? Se a vossa resposta foi “quase nenhuns” então estamos completamente sintonizados.
Conectei-me a Rising World (em modo sandbox) e literalmente caí num mundo verdejante. Sem informações sobre o que ou como fazer, consegui perceber pela picareta e pelo machado que detinha as ferramentas básicas para sobreviver. Lá fui escavando o solo, escavando, até que o céu estava já distante e apenas visível ao olhar totalmente para cima, atravessando com o olhar o túnel que tinha acabado de escavar. Ao contrário de Minecraft e outros clones, aqui sempre que escavamos fazêmo-lo de forma “realista” (as devidas aspas à utilização do termo) já que esburacamos parte do cenário em oposição aos blocos perfeitamente poligonais que estamos habituados. O que significa que a nossa acção no cenário altera-a de forma menos convencional nos videojogos, mas mais próxima do que seria no real.
As mecânicas de Rising World são simples, e o ciclo dia-noite está perfeitamente implementado. Por enquanto, e tanto que se saiba, não existe uma necessidade de nos abrigarmos após o cair do Sol, mas podemos optar por dormir numa tenda para que as horas passem (e para que descansemos). Entre recolher recursos naturais, podemos (e devemos) caçar alguns animais selvagens e recolher bagas para nos alimentarmos. A diversidade é curta, tanto de animais como de vegetação, mas sendo um jogo ainda em Early Access só temos a esperar novos patches para novas implementações, das quais a água (e a variável da sede) será uma delas.
Mas a grande surpresa que senti com este Rising World foi mesmo o aspecto totalmente relaxante que o jogo tem no modo sandbox. Apesar dos sons da natureza serem fruto de bancos de sons e notórios placeholders para a versão final, há uma aura de exploração do mundo selvagem que me soou totalmente inovador. Sem as pressas de fugir de perigos, ou a tensão de me alimentar (recolher alimentos era muito fácil no mundo onde estava), pude simplesmente começar a criar as fundações para uma casa numa encosta. Construí o pavimento que se apoiava em escoras no morro, e fui até à ponta: à minha frente existia apenas uma floresta calma e um ambiente envolvente da reflexão natural. E um mundo gigantesco para ser explorado e alterado.
Culpa das horas em que tenho jogado (usualmente de madrugada) não consegui entrar em nenhum servidor cooperativo ou PVP do jogo, limitando-me quase sempre a voltar ao meu mundo, à minha casa em construção na encosta, e à sensação de solidão reconfortante que o jogo tão bem reproduz. É que o mais recente título da Kiss Ltd mantém os nossos save games e servidores após cada patch, o que significa que qualquer alteração ao jogo traz apenas inovações e nenhum tempo investido perdido.
Não sei se a postura do estúdio JIW-Games é descomprometida tanto quanto parece, mas que conseguiram demonstrar nesta fase muito embrionária um jogo muito sólido, lá isso conseguiram. Sem dúvida um dos melhores sandbox games a surgirem num mercado completamente polvilhado de títulos oportunistas e de qualidade duvidosa. E um jogo que vou de certeza querer voltar, sozinho, ou na companhia de amigos, e começarmos a criar o nosso refúgio virtual e o consequente escapismo das tensões do dia-a-dia.
Comments (3)
porque as coisas como as ferramentas e os
blocos ficam pretas
eu nunca jogei mas quem jogou e um filha da mae e muito
minicraft e bom ou nao