A idade pesa em festas que já não são de arromba
Não podia começar um ano em que eu não tivesse de analisar party games. Depois de cerca de seis jogos do género no ano passado, começo a pedir aos deuses dos Videojogos por um ano mais calmo ao nível das festas. É que este fígado trintão já não aguenta.
Após uma iteração na 3DS, a faceta mais festiva do Mario estreia-se na Wii U. Na altura do lançamento de Mario Party: Island Tour ficámos algo desiludidos e até acreditámos que poderia ser o melhor a Nintendo dar algum descanso à série, que de iteração para iteração tem demonstrado alguma fraqueza crescente. Mario Party 10 é mais um desses exemplos, em que nem uma boa inovação consegue fazer-nos esquecer que já jogámos a tudo isto muitas vezes.
Em quase tudo este Mario Party 10 é o party game que todos já jogámos. Podemos jogar com mais três amigos e cada um escolhe um personagem da família do canalizador mais famoso do mundo, enquanto competimos no tabuleiro numa espécie de Jogo da Glória adaptado. Com muitos mini-jogos à mistura, em que as diferenças de qualidade, inovação e diversão diferem, mas que acabam por garantir um serão bem passado na companhia de amigos a jogos o modo Mario Party que pouco ou nada mudou desde 1998.
O modo que experimentámos em Colónia, Bowser Party é que é a verdadeira estrela da companhia. Numa época em que a jogabilidade assimétrica tem sido explorada em quase todos os géneros, e no qual a Wii U com o seu Game Pad é uma plataforma privilegiada para este tipo de abordagens, não é de admirar esta experimentação. E é por isso que este modo competitivo, em que um jogador veste o papel (e a carapaça) de Bowser (navegador de internet para alguns) utilizando o Game Pad para roubar corações aos outros restantes quatro jogadores que tentam, desesperadamente, chegar às estrela no final do tabuleiro. Bowser Party era a grande curiosidade que eu tinha para esta décima iteração da série principal, que tinha ficado aguçada com alguns minijogos disputados rapidamente com a equipa da Nintendo of Europe na Gamescom. E este é, sem dúvida, o modo mais divertido e inovador que a Nintendo lança para os seus títulos de festa.
Sendo uma versão modificada do modo “clássico” tive algum receio que houvesse um desequilíbrio entre jogadores. Teria a Nintendo tornado o Bowser (e os seus poderes) demasiado poderosos para equilibrar a sua inferioridade numérica, ou a “força dos números” dos restantes quatro jogadores seriam amplamente devastadoras para derrotar o gigante? Após ter um jogado algumas partidas deste modo percebi que o difícil equilíbrio tinha sido eficazmente bem-encontrado, resultando num dos momentos mais divertidos da série. Não existem qualquer dúvidas quem jogar mini-jogos em que os nossos amigos em cooperação tentam escapar de ver os seus personagens a levarem marretadas na cabeça e a perderem os seus preciosos corações. E sentindo, acima de tudo, que o doseamento de sorte (na variável sempre presente dos dados) estava abaixo da variável destreza nos minijogos, o que separava o sucesso do Bowser em eliminar os jogadores do tabuleiro.
A contrariar este modo original e que utiliza bem as potencialidades do Game Pad está o segundo dos novos modos criados para este Mario Party 10: amiibo Party. Receava que de alguma forma a existência dos amiibo e o seu respectivo sucesso servissem de motor comercial à Nintendo para criar modos de jogo que pouco ou nada adiantam à fórmula base, e neste caso este amiibo Mode é uma tentativa de dar impulso (e justificar) a criação de uma série especial de amiibo para Mario Party 10. O grande problema desta série especial? É que apesar de usar toda a minha verborreia vernacular para a Nintendo por lançarem tantos amiibo em pouco tempo, existe uma gigantesca necessidade da minha parte de os comprar. E suponho que esta sensação quase febril se deve estender a muitos milhares de outros jogadores. E a Nintendo bem sabe deste facto e anda a entreter-nos como um Flautista de Hamelin. Entretanto já venho que preciso de comprar as figuras especiais antes que esgotem.
O melhor: o modo Bowser Party é o melhor modo de sempre na série
O pior: a repetição e monotonia em que a série (com dez títulos principais e três spin-offs) já caiu
Apesar de achar o modo Bowser Party a melhor experiência que os criadores da série já produziram, acredito que o timing de lançamento de mais um Mario Party poderia ser um pouco atrasado. É que passou tão pouco tempo desde a versão de Wii, e apenas um ano da versão de 3DS que a Nintendo está a cair no erro de massacrar a sua base de fãs com jogos que pouco diferem entre si. Mario Party 10 é, obviamente divertido, mas poderia ter muito a ganhar se lançado noutro período da história da consola. E talvez o modo Bowser Party não fosse a única razão para o comprar.
Mario Party 10 é um exclusivo Wii U.