O ilustre franchise continua neste novo título, que traz algumas ideias novas à fórmula.
A versão que nos deram a experimentar passava-se numa cidade norte-americana, reproduzida ao mais pequeno detalhe, e de longe muito mais ampla que as cidade dos títulos anteriores. Gostava de poder falar-vos sobre o jogo, falar a sério, escrever-vos que é uma Maria, que é uma grandessíssima Maria, mas não posso. O jogo ainda não saiu e tudo o que sei sobre este/ele/ela/Maria é ilusório ou imaginado – só pude ver o que eles me deixaram ver – “eles”, que neste caso não são (quase nunca são) os criadores – eles, o “departamento de marketing” – eles, que não fazem jogos, que não jogam jogos, que não gostam nem querem saber de jogos – eles, que só sabem manter o público “satisfeito”, interessado em nada; arte de ilusionista – eles, “departamento” de ilusionistas, entertainers e palhaços – eles que, afinal, também constroem um produto, outro, uma ficção – eles, que prostituem um jogo antes de chegar à maioridade, uma criança; que lhe tiram fotos sensuais, com batom e Photoshop, e que as põem na Internet. Não querendo entrar em spoilers, a história desta vez está cheia de twists é mais negra.
A nível de jogabilidade, foram-me dadas mais opções para lidar com os obstáculos do costume, e também há mais tipos de inimigo. De todos os títulos da série que já joguei, o meu tipo de inimigo favorito é um dos novos monstros, que anda sobre um monociclo e faz balões.
É também uma experiência mais envolvente e cinemática; sente-se o poder do novo motor de jogo. Não posso escrever nada de jeito porque a amostra de conteúdo foi, para além de reduzida, fabricada; assim, não posso escrever nem sobre quantidade, nem sobre qualidade; porque os palhaços nem sempre metem o jogo nas montras das redlights, nem isso, por vezes encontram sósias; por vezes usam uma prima pouco parecida mas mais bem-parecida. O nível em questão era linear mas complexo, e tinha muita variedade. Os jogadores podem contar com as ferramentas do costume, mas também com mais alguns gadgets, entre eles: a visão raio-X (que permite ver coisas através das paredes), duas variantes da arma principal (dano de fogo e dano de eletricidade), uma nova habilidade (Auto-Kill), que quando é ativada mata vários inimigos numa cutscene, e um sistema de crafting. Mas mesmo as primas mais belas têm defeitos; e algumas, mesmo com a melhor maquilhagem do mundo, continuam a chamar-se Maria, como esta – o ilusionismo é uma arte difícil, afinal.
Para ganhar a vida alguns dos tipos têm que trabalhar em part-time como chantagistas; “deixamos-te ser jornalista“ (e riem-se, não conseguem dizê-lo sem se rirem) “deixamos-te ver isto e aquilo, mas se queres ter este privilégio não podes falar de isto, e tens que dizer aquilo; entendes? Toma este texto, para o caso de precisares de ajuda; ah, e estás proibido de gravar seja o que for, usas as imagens que te dermos; ah, e escreves nas datas em que te dissermos para escrever; ou fazes isso ou nunca mais te chamamos para nada”. E assim, os palhaços, engenhosamente, perversamente, prostituem-nos também a nós; palhaços do Monte-Carlo, “carlões”, montes de Maria.
A partir de agora também se pode fazer upgrade a itens e a skills. Jardins Proibidos (Revista Maria): Gonçalo (Pedro Teixeira) apanha Josefa (Alexandra Lencastre) e Luz (Rita Pereira) aos beijos na cama. Leonor (Rita Blanco) acredita que Hugo (Jorge Sampaio) é o seu filho, e descobre que o gémeo de Carlota (Sara Butler) está vivo. A demo acabou com um boss novo. Há profissões mais fáceis e rentáveis, estou cá por amor, escolhi fazer isto por amor aos jogos e foi-mo quase todo sugado; como qualquer prostituta caí numa armadilha, deixei-me cair e que me roubassem a alma.
Quero acabar esta antevisão com uma piada, mas não me consigo lembrar de nada porque estou em depressão. E aqui está: uma antevisão sem alma. Nem dá para ler a Maria nas entrelinhas, que a Maria não me sai pelos dedos, o teclado não a capta, não a pode captar, quando sai, backspace e delete, jornalista; a Maria fica toda dentro de mim, fizeram-ma comer; desta vez como em tantas outras. O título vai sair para Xbox One e PC.
Se gostaram dos títulos anteriores, vão sem dúvida gostar deste.