I am a copy of a copy of a copy.
Olá, pequerruchos.
Experimentem esta receita – batata, arroz, couve-flor, e um saco de lixo cheio: abram o saco, metam tudo numa panela, juntem água, e passados uns minutos, se deixarem ao lume, essa sopa vai ganhar uma fina camada de espuma.
Que analogia é esta, perguntam?
Não, não estou a falar de Victor Vran. Estou a falar do Steam.
Confesso que estou um bocado farto dessa camada de espuma; os triple-A são a batata e o arroz, que são por si só são má alimentação, está um pouco acima daquilo que se come no terceiro mundo, também há couve-flor, misturada, que faz bem aos olhos, ou aos dentes, ou algo assim, e também há o lixo; aquela porcaria feita num mês, que crasha a cada dez minutos, aquele shooter genérico, com tecnologia ultrapassada há dez anos, e design há vinte, aquele jogo de puzzle com física, em que a gravidade é troll; aquele lixo que ninguém joga porque é mau, e que continuará a ser mau porque ninguém joga, que nunca vai sair do Early Access – e há a espuma; a crème de la crème, o lixo de le lixo, que não é bem lixo, derivado, destilado.
Estou farto; ou exausto, não sei. Sinto-me um embaixador dos indies de PC no Rubber Chicken.
Mas chega de divagações; enquanto embaixador, dou-vos as boas vindas formais ao PC Gaming, a indústria que não respira, nem dorme, e passemos ao que importa: falemos de Victor Vran; destilado, derivado.
“With insomnia, nothing’s real. […] Everything is a copy of a copy of a copy.”– Chuck Palahniuk
O jogo é uma cópia de Torchlight.
Não, não estou a falar de Victor Vran. Estou a falar da série The Incredible Adventures of Van Helsing; The Incredible Adventures of Van Helsing é uma cópia da série Torchlight.
Não é, pois não? Também não estou a falar de Torchlight. The Incredible Adventures of Van Helsing é uma cópia de Path of Exile; enquanto que Torchlight é uma cópia de Diablo; Path of Exile, por sua vez, também é uma cópia de Diablo, e Victor Vran é uma cópia de The Incredible Adventures of Van Helsing. Confusos? Não estejam, não é preciso.
O que quero explicar-vos com isto é que o jogo não é uma cópia de Diablo; é uma cópia de uma cópia. Não, não estou a falar de Victor Vran; estou a falar de The Incredible Adventures of Van Helsing.
Victor Vran é uma cópia de uma cópia de uma cópia.
Estou a ser parvo, eu sei; mas tem piada. The Incredible Adventures of Van Helsing não é uma cópia de Diablo, é um Diablo clone.
Há uma diferença; não é plágio, é inspiração.
Van Helsing é capaz de ser um antepassado evolutivo ideal para Vran, na verdade, visto que entre os jogos mencionados – e estes: Titan Quest, Hellgate, Grim Drawn, Marvel Heroes, Sacred, Darkspore, Loki: Heroes of Mythology, Legend: Hand of God; e muitos, muitos, outros – entre todos os clones, irmãos, e primos, e primos-irmão, que acabaram por formar um género ilegítimo, Van Helsing é capaz de ser um dos que se distingue mais, que tem mais identidade, tanto a nível de tom e estética como de jogabilidade; até teve direito a um título spinoff baseado num modo de jogo secundário, e foi tão bem recebido que para além de uma sequela, vai sair um Van Helsing III em Maio; (Não), não estou aqui para (falar) escrever mal de Van Helsing.
Listemos as diferenças principais entre Van Helsing e Vran:
(1) Há uma espécie de wall-run/double-jump à Super Mario que permite saltar para pisos superiores.
(2) Ao contrário de Van Helsing II, não há classes; esperem, isso é capaz de ser uma semelhança e não uma diferença, já que o primeiro Van Helsing também não tinha classes; se é para copiarem desavergonhadamente, ao menos copiavam a sequela, não?
Não, não copiavam.
Seja como for, o Rubber dá-lhe o selo de aprovação; a julgar por Van Helsing e Van Helsing II, temos a certeza que Victor Vran vai ser muito bom quando estiver pronto. Se fizerem um anúncio de televisão, podem citar-nos: um dos grandes jogos de 2015. Ou de 2016, esperemos.