O Chato – personagem criada e interpretada pelo Nuno Lopes para Os Contemporâneos – é que sabia bem a realidade que esperava os Sims. Qual andarem pela casa a flirtar ou a fazer festas com outros (e outras) Sims? O que os nossos avatares “simescos” precisam mesmo de se fazerem “à vida” e irem mas é trabalhar. E depois de muitas reclamações aquando do lançamento de The Sims 4, com os jogadores a não gostarem de ver os seus Sims a fazerem pop-out para o emprego, e desaparecerem para aquele mundo mágico que assoma por vezes o cinema e a televisão: o off screen. Quem nos lê sabe que ao contrário de muita gente pela internet até gostámos imenso do derradeiro jogo da Maxis, e até experimentámos uma análise diferente a duas mãos.
Mas com Get to Work, a primeira expansão (de muitas?) para este The Sims 4 e a última da defunta Maxis (paz à sua alma) temos finalmente três carreiras distintas para entreter o dia-a-dia dos nossos avatares virtuais, e que poderiam facilmente ser três séries de TV diferentes, um drama, um policial e uma série de ficção científica. Na onda criativa tresloucada que é habitual na capoeira sugerimos a criação de três séries distintas de televisão, cada uma dedicada a uma das novas profissões desta expansão.
Sim’s Anatomy
Em Sim’s Anatomy vivemos o papel de uma pobre jovem médica que tem de escalar na hierarquia do hospital, começando como uma explorada interna a fazer horas intermináveis nos serviços de urgência, a medir a temperatura corporal dos doentes através de orifícios mais escondidos dos seus corpos, enquanto suspira pelo cabelo esvoaçante e aparentemente feito de titânio do cirurgião-chefe. Com algumas escapadelas a meio do turno para Woo-Hoo, que poderão, ou não, impulsionar a sua carreira como um foguete flamejante com a ponta vermelha, lá teremos, dia-para-dia, de lutar a pulso para cumprir com os objectivos e evoluir na profissão. De prescrever meros paracetamóis a Sims constipados, até a complexas operações cirúrgicas com maquinaria próxima da ficção científica, a evolução na carreira é tão rápida que só poderia mesmo ser ficcional. E no fim? Casar com o McDreamy e ser Chefe de Equipa no hospital. Isto se sobrevivermos a todas as DSTs de tanto Woo-Hoo nas horas vagas, e de algum colapso cardíaco pelas horas de trabalho extra e cafeína em doses cavalares.
Sim Street Blues
O segundo ramo profissional de Get to Work lembra-nos o Sonho Americano policial que as séries televisivas, o cinema e o géneros buddy cop e CSIs ajudaram a fomentar. Mas é claro que à semelhança de Sim’s Anatomy não começamos logo como neuro-cirurgiões, mas temos de começar como um polícia de ronda, que recebe crimes “simples” e cuja resolução vai permitir passo a passo chegar ao escalão de detective. Para além desta carreira introduzir algumas experiência curiosas em que podemos soltar o polícia bom, o mau, o insano e o fã da Casa dos Segredos durante o mesmo interrogatório, é possivelmente a profissão que mais modifica o jogo. Falta, porém, a utilização da violência policial e a voragem de donuts ainda não estão incluídos. Um ponto a menos nesta criativa abordagem de The Sims 4.
E aproveitando a brecha para falar sobre TV e polícias: Brooklyn Nine Nine com o Andy Samberg e o Andre Braugher é completamente obrigatório na televisão actual.
The S-Files (leia-se De Ésse-Failes)
O Mulder e a Scully vão regressar este ano, e com eles toda a Verdade que anda por aí escondida. Mas não é de agentes federais que trata este terceiro ramo das profissões introduzidas em Get to Work, mas sim uma carreira na ciência. Naquela que é possivelmente a mais conservadora das vias profissionais desta expansão, o ramo das ciências leva-nos a fazer uma série de experiências, misturar químicos e outras tantas actividades relacionadas com esse termo-chapéu tão lato que é ser “cientista”. Química, Física, Biologia, Geologia, Medicina, é tudo uma área só na visão super-humana do cientista do mundo de The Sims. Mas sendo a mais conservadora é também a que permite desbloquear as facetas mais interessantes do jogo. A começar pela possibilidade de sermos abduzidos e engravidados (sendo homem ou mulher) a bordo de um OVNI. Aí, as malditas sondas que tanto medo causam aos alegados abduzidos do nosso mundo devem entrar aqui em acção. É que no final da gestação lá vamos parir o nosso pequeno alienígena, o qual poderemos customizar como qualquer outro personagem do jogo. Com a particularidade de que eles conseguem assumir um disfarce humano para melhor se misturarem com os restantes Sims. Tal como os Kelly Family.
Tendo escalado toda a carreira científica (mestrado, doutoramento, pós-doutoramento, Nobel?) e depois de construído um foguetão e um portal dimensional poderemos visitar o planeta de origem do pai (ou mãe, ou sonda, ou dedo) do nosso filho. E aí poderemos andar a passear por um mundo saído de Halo, mas em que trocamos disparos de espingardas de luz por engate a alienígenas curvilíneas. Entre os dois? Prefiro o engate e as “curtes” interplanetárias. Desde que não se pareçam com nenhuma das irmãs Kelly.