Comprei aos poucos todos os jogos da série Assassin’s Creed nas sucessivas promoções do Steam. Até hoje só  joguei o primeiro e comecei a jogar o segundo. A sensação de déja vu e de ordenha violenta fez-me desinstalar o jogo. O factor-novidade tinha-se rapidamente esfumado com o ritmo vertiginoso com que a mina ia sendo garimpada: ano após ano éramos relembrados de que o Natal vinha aí, com o lançamento de mais um FIFAssassin’s PEScreed. Há para mim uma sagrada pentarquia de jogos que vai sendo lançada todos os anos sem falhar, e cujos subtítulos poderiam ser facilmente substituídos pelo ano de lançamento, ao estilo do que os jogos de desporto fazem. Lançamento após lançamento, Assassin’s Creed cada vez mais denunciava o interesse da Ubisoft em fazer o máximo de lucro anual com a série. E quem é que perdeu com isto? A criatividade e qualquer marco que o primeiro jogo da série possa ter efectuado. E no caso do lançamento de Assassin’s Creed Unity quem perdeu foi o bom-senso.

A minha curiosidade com AC foi subitamente espicaçada com o lançamento de Black Flag. Não porque os saltos conceptuais da série a tenham feito evoluir muito, mas apenas porque a Ubisoft conseguiu tocar num dos meus calcanhares de Aquiles: piratas. Na verdade, por falta de tempo ainda não o joguei, e portanto não vou ceder à tendência vigente de se avaliar um jogo sem o ter jogado ou apenas por ver alguém jogar no Youtube (parece que esta prática é trendy), mas atrevo-me a inferir que a série de riscos corridos com a introdução de batalhas navais é um dos mais relevantes desde o início da série. E de repente a vaca leiteira parecia luzir de criatividade, de deslumbramento e inovação.

O anúncio de ontem do lançamento de Assassin’s Creed Syndicate veio espetar-me um dedo gigante na cabeça, a lembrar-me que se os piratas são o meu calcanhar de Aquiles, então a época vitoriana é o visco para o meu Balder: a Ubisoft vai finalmente desenvolver um jogo da série num dos meus settings favoritos. Da literatura de Dickens, as Brönte e Lord Tennyson, passando por toda a imagética que os movimentos steampunk souberam glorificar, o período do reinado da Rainha Victória é sem sombra de dúvida um dos mais interessantes. Numa mescla com GTA: London versão 1820, Syndicate poderá ser a minha rendição à série. E espero reconhecer nela a mesma vaca leiteira mas criativamente mais honesta, inovadora e respeitosa para com todos nós. Eu até gosto de leite, mas procuro sempre um de qualidade elevada. É pedir muito?