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Uma das constantes discussões que acompanha o pensamento humano é a relação entre liberdade e livre arbítrio em oposição ao destino e predestinação. A técnica fez com que, de certa forma, esta dicotomia entrasse nos jogos de vídeo, não apenas como temática ou catalisador narrativo e elemento de enredo, mas também no estilo e personalidade de um determinado jogo. Há jogos que seguem um guião muito forte e preciso que condiciona todas as acções do jogador, no típico RPG contemporâneo (por muito que mapas abertos e missões secundárias o pretendam disfarçar) há sempre uma narrativa que o jogador não consegue afectar, uma história a desenrolar-se; no reverso desta moeda estão os jogos do tipo sandbox em que nos atiram para dentro do universo com o mínimo de guião possível, sendo que, numa primeira instância, até se formarem estruturas sociais, a leis que regem o mundo são o único parâmetro que define a liberdade do jogador. Os primeiros são tendencialmente offline (apesar de haver algumas boas excepções em MMORPGs tanto de calibre como de sucesso), sendo que os últimos conheceram o seu boom com o universo online que permite a interacção de centenas senão milhares de jogadores simultaneamente. Como em tudo nesta vida, há jogos online e offline em que estas fronteiras se esbatem. Por outro lado, o mercado é vasto o suficiente para que online ou offline, sandbox ou não se encontre um título de que se goste. Pela minha parte, gosto de ambos os géneros, mas é-me difícil entrar num sandbox sem objectivos ou um grupo de amigos para dar suporte e apelo ao jogo.

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Hoje escrevo uma antevisão sobre um sandbox de exploração, angariação de recursos e construção, o Medieval Engineers que está em acesso antecipado no Steam. É um parente próximo de um outro jogo já tratado pelo Rubber Chicken, partilhando com ela não apenas a ascendência, mas também 50% do seu nome o Space Engineers, bem como – temo – grande parte das suas linhas de código. Desta feita, com este título, a malta da Keen Sftware House, mantendo o desenvolvimento do título futurista, transita para a era medieval e, em vez de nos deixar construir naves e estações espaciais, põe-nos a construir castelos e máquinas de guerra à base de madeira, pregos e corda.

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Medieval Engineers, à imagem do seu irmão, promete ser um sandbox com capacidades online e offline, sendo que estas valências estão disponíveis para os modos criativo e de sobrevivência. Aí, poderemos moldar o mundo, construir e destruir, bem como brincar com as leis da física e catapultas. (Quem não gosta de catapultas?) Ainda tem um grande caminho a percorrer para se tornar em algo de concreto. A seu favor tem a boa relação que este estúdio mantem com os seus clientes, escutando aquilo que eles gostavam de ver e inserindo-o no seu jogo, bem como as actualizações em ritmo semanal.

8602504_origJá tive oportunidade de escrever que não tenho uma boa relação com jogos em early access, facto que Medieval Engineers não veio alterar. Para já, é um jogo que promete muito, mas que ainda não consegue cativar-me. Aprecio o visual , a forma inteligente como todo o jogo está contruído e a banda sonora de qualidade, vejo o seu potencial, mas creio que ainda tem que crescer e amadurecer como conceito, pois, apesar de trazer algumas novidades ao género, ainda não consegue competir com os títulos anteriores e já devidamente estabelecidos.