Este não é o Metroid 2D que ansiávamos mas é um Metroid que poderíamos ansiar. Depois de mais de dez anos a trabalhar na Nintendo como o responsável pelos indies, Dan Adelman juntou-se ao developer Tom Happ para nos trazer um regresso às origens de um género que nos apaixona há vinte anos: os metroidvanias. Aproveito, porém, para abrir umas gigantescas aspas no termo metroidvania. É que Axiom Verge não é apenas um metroidvania, mas sim uma revisita a Super Metroid, com tudo de genial que essa inspiração acarreta.
Em Axiom Verge há um verdadeiro arsenal à nossa espera, e facilmente passamos do cientista-totó dos primeiros minutos de jogo a uma espécie de canivete-suíço, com mais armas disponíveis do que mãos. Está presente o típico “mundo aberto” algo enganador usual do género. em que todos os caminhos estão inicialmente disponíveis, nós podemos é não ter a “chave” certa para os abrir. O único ligeiro problema que esta parceria entre Happ e Adelman me traz é que sinto que a narrativa nos é empurrada, como quem obriga uma criança a comer a sopa até ao fim, ainda que ela gesticule e se mostre empanturrada. O interesse que todos nós demonstrámos pela história de Metroid centra-se unicamente na forma genialmente bem doseada como ela é incluída dentro do próprio jogo. Axiom Verge tenta mostrar excessivamente que tem uma história, penalizando por vezes o ritmo de um belíssimo jogo, fazendo-nos inclusivamente perder o interesse em saber mais. A realidade é que esta distracção faz-nos perder o Norte, e leva-nos à incapacidade de saber se a narrativa é boa é má. É, de um certo ponto de vista, excessivamente omnipresente. O que quer que isso queira dizer.
O visual de Axiom Verge é o único sentimento agridoce que possuo, mas é possível que eu o tenha colocado num patamar bem elevado. O grafismo apresentado é exímio, do melhor que se tem feito de forma sólida em 16 bits, com inimigos, cenários e animações perfeitamente conseguidas, mas que, em comparação com a sua grande inspiração, soam excessivamente monótonas.
Axiom Verge é, apesar destes pontos de extrema exigência minha, um dos grandes jogos do género a sair, e é o Metroid 2D que esperamos desde Metroid Fusion., memorável, bem conseguido e respeitoso para com a série da Nintendo. Como diria o Diácono Remédios “não havia era necessidade” de nos impingirem uma história: é que o jogo que está ali por baixo é suficientemente bom para falar sobre si mesmo, sem ter um enredo gritado aos nossos ouvidos.
Axiom Verge está disponível para PS4, PC, OS X e Linux.