Hideo Kojima, gamedev Japonês originalmente empregado na Konami. Responsável por séries como Zone of the Enders, Metal Gear Solid e outros

Metal Gear Solid V – The Phantom Pain.​ É este o título do tão aguardado, tão rodeado de polémica e tão sedento de expectativa por todos os salivantes fãs e simpatizantes da série. Muitas palavras se têm agrupado e publicado à cerca de toda a polémica por detrás deste jogo: O desaparecimento de Kojima, a teoria da conspiração por detrás do cirurgião responsável pelo transplante de cérebro no jogo e também na vida real, a mudança da Konami para o mobile market e a tão esperada linha de roupa Metal Gear Solid (que, curiosamente, é fabricada no país de Camões).

Escrevo este texto sobre motivos igualmente falados, mas de forma diferente. Kojima no final do ano deixará a Konami e esta ficará com a propriedade intelectual de MGS sobre sua posse. O que pode ou não significar que o Kojima deixará de dirigir a série. Li um artigo há uns tempos com todas as ocasiões em que o Kojima disse que o mais recente título que desenvolveu iria ser o último. Entre 2000 e 2015, o artigo capturou 10 citações de entrevistas a entidades diferentes onde é revelada a intenção de deixar a série. E certamente houve muitas mais.

Screenshot de Super Smash Bros para a WiiU. Mewtwo na Master Fortress, uma das formas do boss final da campanha.

Quando se cria (sim, essa actividade que muitos se privam de fazer pelos mais diversos motivos) e se tem o devido reconhecimento, é, acima de tudo, muito gratificante. No entanto, em projectos grandes como um videojogo, muito se passa e muito trabalho árduo é necessário. Estas duas coisas juntas fazem com que amor à obra se despolete, principalmente quando é algo tão único naquilo que a rodeia. E é este amor que nos faz bem e mal ao mesmo tempo, como qualquer paixoneta de secundário: Por um lado queremos investir tudo de nós, por outro é um esforço ainda maior para não contribuir para a banalização e desgaste do sentimento. E lutar todos os dias com toda a força para o mesmo fim ao longo de mais de 20 anos consegue ser doloroso quando a meta é bater tudo o que foi feito anteriormente. E é óptimo ter feedback positivo das pessoas que ansiaram pelo nosso trabalho, mas ao mesmo tempo desapontante por interiormente querermos fazer algo diferente. Talvez por isso todos os Metal Gear Solid “N” tenham sido criados como se fossem o último jogo da série e talvez por isso foram tão bons títulos. Talvez seja isso que Masahiro Sakurai tenha sentido com cada iteração de Super Smash Bros e tenha posto no jogo, de forma mais subtil, o que dificilmente conseguiria explicar por palavras (e vale muito a pena pesquisar sobre isso).

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Metal Gear Solid V – The Phantom Pain

Tudo isto são incertezas e ‘senãos’. O que não é incerto, é a dor que assombra cada criador de magníficas obras. P​hantom Pain existe. Muitos sentem-a na pele. E enquanto os criadores estão a morrer para criar coisas novas, estamos nós do outro lado a morrer para jogar mais um jogo que nos vai fazer rir, suar e fazer perder muitas horas do nosso sono, sem que qualquer raio de lucidez diga o que está certo: um criador estar acorrentado à sua criação ou o egoísmo do jogador que não quer que essas correntes se partam.