Peço desculpa pelo título em inglês, mas não resisti. A Square Enix finalmente deixou-se de provocar os seus fãs com vídeos do Final Fantasy VII em HD, para finalmente anunciar que vão refazer o jogo que fascinou milhões e ainda hoje é considerado um dos melhores e mais míticos da série. Mas a minha verdadeira questão é: devemos ler do Livro dos Mortos?

Sinceramente, quando começo a escrever este texto posso dizer que não sei… Há coisas que devem ficar para trás, certas recordações devem ser isso mesmo, recordações, intocadas, puras, onde nunca podem ser alteradas ou danificadas. Há outras, mas não muitas, que merecem ser actualizadas ou alteradas aos tempos de hoje. E quais nunca é fácil de escolher ou aceitar.

Eu sou um bocado puritano quando se fala de remakes, algo que está na muito na moda agora, e apesar de em certos RPGs a figura do necromante me fascinar, não sou fã de ressuscitar os defuntos. Certas coisas que devem ficar mortas, no chão ou debaixo dele. Gwen Stacy, Bucky Barnes, Jason Todd são três exemplos disso mesmo. Todos eles são personagens de comics que morreram, e foram uma cicatriz na vida dos personagens que os perderam (Homem-Aranha, Capitão América e Batman respectivamente). Durante vários anos eles desrespeitaram aquela máxima de que ninguém fica morto na BD. E eu não estou a dizer que a Spider-Gwen não seja das melhores alternativas do aranhiço, que o Winter Soldier não é das melhores histórias do Capitão ou que o Red Hood não é dos mais carismáticos anti-heróis da galeria do Detective. Mas as suas mortes e as suas recordações eram mais marcantes enquanto estavam… bem… mortos.

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“O que está morto não pode morrer, mas volta a erguer-se, mais duro e mais forte.”

Caught in a fanslide, no escape from reality!

Um remake do FFVII pode ser fantástico, vai vender, vai ser criticado, vai ser elogiado, mas vai ser o quê exactamente?

Não quero que me vejam já com pedras na mão prontas a serem atiradas à sede da Square Enix ainda antes do lançamento do jogo. Primeiro, eu tenho mais classe que isso, utilizaria flechas incendiárias; segundo, eu estou mais que disposto a dar as maiores oportunidades ao jogo; e terceiro, correndo o risco de ser considerado um blasfemo, o FFVII nem sequer é o meu favorito, gostei muito mais do VIII, e acima desse o Tactics para o GameBoy Advance, mas isso são contas de outro rosário, e a questão aqui é acerca do VII que é genial. Foi um avanço brutal nos videojogos do seu estilo quanto ao grafismo, à história, às personagens e outros aspectos. É por isso, e outras razões, que ele é tão apreciado e respeitado, pelas recordações que ele criou em nós que o jogámos naquele tão longínquo ano de 1997.

A Square Enix tem agora oportunidade brilhante nas suas mãos, após ter cedido à enxurrada de pedidos dos fanboys que muito provavelmente vão ser os primeiros a criticar todos os aspectos mais picuinhas quando o jogo não respeitar as recordações e os seus óculos da nostalgia caírem perante a realidade. Eles vão ter 3 caminhos para escolher. O primeiro é refazer o jogo original sem mudar nada a não ser os gráficos e ter vozes em vez de tudo por escrito. O segundo caminho é alterar mais uns factores, mudar ligeiramente alguns aspectos e a jogabilidade. O mundo fechado e jogadas por turnos do original podem não ser tão bem aceites nos dias de hoje em que o open-world e acção constante estão tão implementados.

E depois há o terceiro caminho, o que eu faria se estivesse encarregue do jogo. Refazer tudo, por completo, deitar fora quase tudo o que o original tinha e fazia algo novo, tão inovador como o original foi, estar-me a lixar para os fanboys que tanto pediram isto, qual Sephiroth a espetar-lhes uma espada friamente pelo coração, e criar uma base de adeptos completamente nova, para o futuro.

FFVII

Destino dos fanboys?

O passado é muito bonito, e as recordações também, mas são âncoras que prendem os barcos no porto seguro onde não lhes pode acontecer nada, mas não foi para isso que os barcos foram feitos. E a SquareEnix tem nas mãos uma nau para grandes aventuras, espero que não a desperdice.