“Quem é que ganhou a E3?”, quem?
A Microsoft anunciou nesta E3 que a partir de agora podemos jogar títulos da Xbox 360 na Xbox One!
FESTA!
Agora podemos jogar Mass Effect! E Viva Pinãta! E Geometry Wars! E World of Keflings. E Perfect Dark? E Toy Soldiers…? Super Meat Boy…
Esperem. Acho que fomos enganados.
Podem encontrar a lista de jogos compatíveis aqui.
Vi recentemente a pergunta “quem ganhou a E3?” como título num site de jogos conhecido; até o Frederico Lira levanta a mesma questão, parafraseada; parece ser algo que preocupa e interessa muitos gamers.
Quem ganhou? Fomos nós. De certeza.
Mas pergunto-vos, caríssimos, sem retóricas irónicas, porque não faço mesmo ideia: há um prémio?
É que pelos vistos, se não houver devia de haver. O público diz que está farto de programas de cozinha de duas horas, com um chefe a olhar aborrecido para a camera, a segurar em tachos e cortar legumes, narrando as suas próprias ações numa voz monocórdica que sugere medicação forte e antecedentes suicidas; o que o público quer, e elegeu com audiências, é ver Master Chef.
Uma batata não é uma batata. É um drama. Os concorrentes têm trinta minutos para fazer puré com essa batata, e se não fizerem esse puré bem e a tempo, são “eliminados”. É um episódio de 24, só que os Jack Bauers choram no fim, porque o puré de batata ficou demasiado mole. Adrenalina. Competição. “Eliminação”.
E se a E3 fosse um reality show? Assim sabíamos com mais certeza quem tinha ganho. Os apresentadores dos painéis tinham que responder a perguntas de forma correta, enquanto jogavam as demos dos jogos anunciados, de costas para os ecrãs, e do outro lado, num fogão, e iam fazendo puré de batata. Tinham direito a duas ajudas, e depois vinham uns quantos jurados que julgavam os jogos: a apresentação, o trailer, o puré; davam pontuação, e o público também votava em casa.
É verdade que a Microsoft diz que vai expandir lista de jogos compatíveis. Mas pensem um bocado comigo, se não se importarem: se há uma lista, sequer, quer dizer que estão a fazer ports dos títulos um a um, não? E se estiverem, achar que o catálogo da 360 vai estar disponível para a One antes de 2020 é irrealista; não?
O que me intriga mais sobre esta perceção de “quem ganhou?” do público é a sua origem: de onde veio? Como começou? Não me digam que é por causa da guerra das consolas; não acredito. Só muito recentemente é que comecei a ouvir falar de “ganhar a E3”. Será que tem a ver com a apresentação que a Microsoft fez em 2013? Terá a ver com a apresentação da Sony desse ano, que basicamente se resumiu a “não somos tão maus como a Microsoft”? (E que aproveitou para meter lá pelo meio o anúncio da Playstation Plus, a mensalidade para jogar online obrigatória).
Sejamos honestos, a guerra das consolas nunca fez sentido: ambas as empresas (desculpa, Nintendo) são mázinhas; as consolas desta geração, quer uma quer outra, são PCs disfarçados e limitados, ambas têm um catálogo demasiado reduzido, e só servem para jogar remasters e uma mão meio cheia de exclusivos, a maioria deles medíocres; a Microsoft não era pior há dois anos, o departamento de marketing deles é que era composto só por estagiários.
Mas foi isso? Será que isso deu a impressão que a Sony tinha ganho à Microsoft, e que criou esse precedente na mentalidade gamer? Será que não? Será que sou só parvo? Será que isto é sempre assim e que tenho estado desatento? Será que a Microsoft e a Sony são como a Esquerda e a Direita em Portugal (e na maioria do mundo), combinam que ganha ora uma ora outra, e apertam mãos nos bastidores?
Será que não se pode falar de política, religião, futebol… nem de consolas?
Dava um grande reality show, não dava?
Tudo isto para vos dizer que: GANHOU A MICROSOFT!