Para quem trava épicas batalhas de argumentação (ou até para fazer a humilde vida de qualquer ser humano) muitas são as ocasiões onde somos mal entendidos, mal interpretados. Há nitidamente, como podem ter reparado ao longo da vossa vida, um espaço entre aquilo que alguém pensa, comunica e é entendido. E para mim, lutar constantemente contra isto, torna-se por vezes difícil e cansativo.
No video de gameplay mostrado na E3 de The Last Guardian, houve cerca de 30 segundos que me prenderam durante horas a fio a pensar sobre o seu significado e a possível meta que podem ter acabado de atingir computacionalmente (ou não, vou especular um bocado, sorry). Basta observarem o video de gameplay abaixo disponível, entre os 1:30 e os 2:00 minutos.
Viram?! Viram?! Para bom entendedor, quatro saltos bastam!
De um ponto de vista de IA, este jogo tem um excelente pretexto para inovar de uma forma que eu nunca vi implementada. Ao jogador é-lhe dada uma forma de comunicação (a que chamo linguagem) que não é natural para Trico (a criatura que acompanha o protagonista que controlamos). Da mesma forma que existe uma folga de comunicação entre duas personagens fulcrais para o desenvolver da acção em Shadow of the Colossus e Ico, ela encontra-se visivelmente presente em The Last Guardian. O grande twist neste jogo é que, ao contrário de Ico (que tinha puzzle elements como TLG aparentemente irá ter), não há mãozinhas para dar, significando que a única forma de progredir é fazendo-nos entender. Com o que temos! É como estarmos na Jugoslávia à procura de um restaurante e ninguém saber falar alguma língua que conheçamos. Isto é inovador porque há quase infinitos futuros jogadores de TLG e cada um poderá ter uma forma diferente de querer dizer a mesma coisa, dependendo do quão rica é a linguagem fornecida no jogo. E a Trico sobra o trabalho de entender sem que a experiência se torne frustrante.
A parte que realmente me diz muito a mim, como pessoa, é a relação que ambos mostram um para com o outro. A linguagem mil e uma vezes pode mostrar-se como uma barreira para o nosso bem estar com os outros, e no caso dos protagonistas de The Last Guardian não parece ser de todo um problema. Quantas e quantas vezes escrevemos e rescrevemos frases com o intuito de não sermos mal entendidos e mal intrepredatos? Será que vale assim tanto a pena um investimento na procura pela perfeição no algoritmo de ordenação das palavras? Talvez não seja preciso floreados e eufemismos, metáforas ou hipérboles. Às vezes um sorriso basta para dizer que sim.
E quantas, quntaas e qutnaas vezes não somos enentiddos como prenetedmos? A ideia que gostava de realçar é que, grande parte das vezes, o entendimento não está tão relacionado com a forma que a informação se apresenta, mas sim com o seu conteúdo e aquilo com que a fazemos acompanhar.
Este texto foi escrito sem acordo ortográfico e sem revisão ortográfica e sintática intencionalmente por motivos de coerência criativa. Ou então não quis saber. Não sei bem.