Sempre fui fã de Indiana Jones desde que vi os Salteadores da Arca Perdida em 1983, tinha eu 6 anos. A criança que queria ser arqueóloga, ficou apaixonada pelo professor de História e Arqueólogo que percorria o Mundo em busca de relíquias perdidas. O facto de Indiana Jones ter sido representado por Harrison Ford no seu auge, talvez tenha contribuído para que a menina de 6 anos se apaixonasse….mas isso é conversa que não interessa a ninguém.

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Uncharted, ou como poderia ser traduzido para português, Não Mapeado, foi o jogo que em 2007 trouxe de volta a arqueóloga dentro da Alexa, a mesma que descobriu em Lara Croft o seu alter-Ego e que há muito tempo estava adormecida e solitária por não haver nada que a acordasse ou lhe fizesse companhia.

Quando joguei Uncharted: Drake’s Fortune a primeira vez (porque entretanto já joguei mais duas vezes), fiquei de imediato fã de Nathan Drake. A personalidade de Nate (como é chamado por Sully), o seu jeito despreocupado e aventureiro, o sentido de humor, e a sua capacidade de encontrar uma saída em todas as suas situações, foi algo que me prendeu ao desde os primeiros minutos.

Pacientemente aguardei pelo segundo jogo. A paciência, geralmente traz coisas boas – Among Thieves foi para mim, de longe, o melhor jogo da série. Drake’s Deception foi uma excelente continuação mas não foi o suficiente para me fazer sentir que a série não precisava de mais nada. Sim, quando há uma série, seja ela de jogos, de filmes ou livros, é importante que os seus criadores saibam onde parar. Saibam quando já estão a “mastigar” a fórmula e quando não há mais nada de novo a dizer. Poderia dar dezenas de exemplos onde considero que os autores transformaram um produto de qualidade em simples busca de dinheiro fácil aos fãs, mas hoje quero focar-me em coisas positivas – afinal é Domingo à noite, aquela hora em que a neura do início de mais uma semana de realidade vs. Matrix se começa a instalar.

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Desde o primeiro vídeo que nos foi mostrado de Uncharted 4, senti que este iria ser um jogo com um tom algo diferente. Pareceu-me mais sério, mais maduro, mais (poderei dizer?) “Dark”. Pareceu-me um jogo que iria finalizar a série. Como fã, não me importei. Sei que a produtora encarregue daquela que é uma das melhores séries de jogos que temos actualmente, sabe o que faz e sabe que se prendem os jogadores a médio e longo prazo, não com fórmulas rápidas e dinheiro tirado à pressa, mas sim com qualidade – que nada mais é que simples respeito por quem compra o nosso produto.

Esperei por Uncharted 4 na E3 quase tanto como esperei por The Last Guardian. A Thieve’s End, é o título que escolheram para este episódio. O Fim de um Ladrão. Não sei se será golpe de marketing ou se é mesmo para nos dizer que a série acaba aqui, mas o título confirma a seriedade e tom maturo que senti desde as primeiras imagens deste quarto jogo. Foi apresentada uma gameplay – uma Demo se preferirem. Os gráficos são de uma qualidade que começa a aproximar-se vertiginosamente com o cinema de animação. As novas gerações de consolas permitem maravilhas técnicas, como detalhes de chuva, pó, vento, absolutamente extraordinários e tão realistas que nos esquecemos que estamos a ver um filme. Sim – é fantástico apreciar cenários de jogo deslumbrantes e grafismo exímio, mas o jogo tem que ser bastante mais que isso.

Nate surge na imagem junto daquele que o descobriu e criou – Sully, e muito rapidamente estamos no ambiente que nos é tão familiar em Uncharted. Perseguições, tiros, acções em que temos que reagir rapidamente, ruas estreitas onde perseguimos ao mesmo tempo que fugimos de alguém e muita mas muita acção. E….aquilo que mais aguardamos…Nathan Drake a ser….Nathan Drake. A sua voz de rapaz, a sua resposta rápida em todas as situações, a forma como brinca mesmo quando não há razão para brincar e o seu tão característico: “Oh Crap”, trazem de imediato de volta as boas horas que passámos no mundo Uncharted.

Uncharted-PSX-Gameplay

Os detalhes do jogo: a forma como os pneus deixam marca na estrada, como os corpos se mexem nos movimentos bruscos do jipe, como Sully põe a mão junto à boca para se fazer ouvir quando fala, lembram-nos que não estamos perante mais um produto e que, a produtora que o desenvolve, está atenta a cada pormenor da nossa experiência enquanto jogadores.

Acho que é justo dizer que tudo o que tem o nome Naughty Dog associado, faz-me sorrir como uma menina perante a sua boneca favorita. Ou fazer aquele ar de envergonhada adolescente quando vê o rapaz giro da escola. Ou ainda mais, sentir aquele frio na barriga que só acontece quando gostamos mesmo de alguma coisa. Há mesmo qualquer coisa diferente que me acontece, enquanto jogadora, quando vejo a patinha vermelha do cão em cima do nome que se tornou uma referência de qualidade na indústria.

Estas imagens de Uncharted 4 não foram o suficiente para me deixar com a ansiedade que se traduz na tão famosa sensação descrita como: “borboletas” no estômago. Quero muito que este seja o final épico de uma série, e aquilo que vi, apesar de excelente, não foi o suficiente para sentir que esta fórmula não será espremida até não haver mais nada para sorver. Não quero ver a amada produtora de cães marotos transformada numa produtora canadiana que cospe um jogo de uma série que poderia ser mítica a cada ano que passa (não – não vou dizer que estou a falar da Ubisoft).

Mas confio nos “Cães Marotos” – até agora Nunca me desiludiram. E é com base nesta confiança, de quem se sentiu sempre respeitada enquanto jogadora por esta produtora, que aguardo a chegada de Uncharted 4. Espero pela aventura, pela descoberta, pelos enigmas que terei que solucionar e pela sensação de regresso da criança que queria ser arqueóloga. Acima de tudo, espero por Nathan Drake. Aguardo que Nate me pegue pela mão e me leve numa aventura que não me faça dizer “Oh Crap!” no final pois quero que Uncharted fique para sempre Mapeado na história dos videojogos como a referência que já se tornou.