No meio de muito fogo de artifício carregado de emoção artificial, corredores e mais corredores que separavam pequenos e grandes expositores, os transeuntes envolvidos numa quest em contagem decrescente e com muita dedicação circulavam e somavam pontos na barra da cognição. O objectivo desta quest era muito simples: poder estar a par das novidades e consequentemente conseguir ter uma opinião mais aproximada daquilo que as empresas estavam a marinar em caldo de cebolinha (alguns em cebolas geneticamente modificadas mas que só serviam para dar um toque no paladar). Pelos corredores da E3 as marcas tentavam destacar-se fosse pelas grandiosas estruturas, pelo perfil fotográfico ou pelo acrescento posterior ao buzz das conferências ou da palavra alastrada velozmente pelas redes: o maior estandarte dos tempos modernos que consegue transmitir a mensagem a um maior número de indivíduos, mas ao mesmo tempo um instrumento que mal orientado pode transmitir uma mensagem imprecisa ou até mesmo transformar-se em algo catastrófico (nanananananana Bat-maaan).

No meio destes corredores estava a Nintendo, com um dos maiores expositores igualado apenas ao da Sony e ao da Microsoft. Mas o brilho da Nintendo não se fazia transmitir como muitos outros expositores, e não era pela falta de concepção, porque sempre achei que os espaços de apresentação da Nintendo são dos melhores concebidos, seja lá fora ou cá dentro: é convidativo, tem reflexo fotográfico, ambiente solto e amigável, com pormenores recreativos. Esta falta de brilho derivou da falta da presença de The Legend of Zelda para Wii U, talvez o único próximo grande argumento para a venda desta consola. Mas no próximo ano é provável que a Nintendo possa reencontrar esse fulgor que conseguiu há pouco tempo com Splatoon, e não só com Zelda como também com a nova plataforma de código “NX”. E o ciclo da Wii U poderá ser mais curto que o da Wii, com Link a dar o último fôlego.

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Podemos achar que a Nintendo esteve algum tempo, e somando a E3, a percorrer um caminho sem arriscar muito. As estratégias de marketing ficaram desgastadas com uma consola ofuscada por uma concorrência que não é bem concorrência. Porque a Nintendo é um peixe que nada em direcção inversa à corrente (ou para os lados, como os caranguejos). Falta é mais uma pitada de sal no caldo de cebolinha. Do que vi naquele gigantesco expositor, e do que consegui experimentar mais afastado da confusão e das filas, destaco a capacidade da Nintendo em criar jogos que visam todas as idades, jogos intuitivos que ao primeiro contacto nos colam à cadeira ou ao sofá sem percepção do tempo a passar. Mas isso, vindo da Nintendo, não é uma novidade. 15 minutos podem parecer apenas 60 segundos. Um pouco exagerado, eu sei, mas entendem o que quero dizer.

Não sou dos mais entendidos em Nintendo (muito menos do PC Master Race). E confesso que a minha praia são as outras duas concorrentes, contudo, não é impeditivo para gostar mais ou menos deste ou daquele. Cada um tem os seus trunfos, cada um tem pontos fortes e fracos. E a Nintendo, mesmo sem atrair os olhares dos menos curiosos e sem destacar-se para além do grande espaço que ocupava, não deixou de dar uma boa impressão e alargar o meu sorriso enquanto jogava alguns dos títulos que foram apresentados:

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The Legend of Zelda: Tri Force Heroes (3DS)

Este cooperativo a 3 jogadores (local e online) com elementos de resolução de puzzles baseia-se no visual de The Wind Waker e A Link Between Worlds. Este foi dos títulos que mais apreciei com hands on pelos comandos e objectivos intuitivos, largamente assente em trabalho de equipa como por exemplo criar um totem com as três personagens (3 Links de cores diferentes) para atingir um inimigo ou acionar um mecanismo num plano mais elevado. Há uma discussão em torno das três personagens serem apenas masculinas, mas não será daquelas discussões numa tentativa desenfreada de alertar para o feminismo? Não que o Link seja propriamente um Duke Nukem, e tem roupa vestida que pode ser considerada unissexo.

“Ai, mas é tão Gay!”, diria o outro. *Levas é um chapada!*

E é curioso que à volta da mesa onde se jogou The Legend of Zelda: Tri Force Heroes estava uma mulher a jogar (Well played, Nintendo).

 

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Mario Tennis: Ultra Smash

Não me vejo a jogar o novo Mario Tennis sozinho, mas acompanhado seria capaz de ficar algumas horas seguidas. Um cooperativo até quatro jogadores, que à primeira vista parece nada de novo e muito similar aos anteriores da série, até comer os cogumelos que fazem spawn no campo e que transformam os personagens em gigantes com capacidade para maior poder e velocidade em campo. A questão que ainda me coloco, será este o único power up no jogo? Terá também uma fire flower para encadear o rasto da bola e incendiar as raquetes até que aparece um metaleiro de lado a tocar guitarra e todo o público ocupa o campo ao moche…

…menos, menos.

 

Star Fox Zero

Star Fox Zero

Não, não será a salvação da Nintendo ou uma boa justificação para vender mais consolas. Star Fox Zero é esperado ser um dos maiores lançamentos deste ano para a Wii U, mas falha na integração do gamepad por ser confuso, para dizer pouco, ao estar a olhar para dois ecrãs simultaneamente. E se raramente preciso de muitas instruções para jogar um jogo, Star Fox Zero desceu a percentagem da minha barra “Handsome Gamer”.

 

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Amiibo híbridos de Bowser e Donkey Kong para Skylanders SuperChargers

Pude ver ambos em funcionamento no stand da Activision, mas isto, é para outra conversa…