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Qual de nós pode dizer que nunca se apaixonou? Por algo ou alguém? Que nunca sentiu a loucura e insanidade do amor? Que nunca perdeu a cabeça por ele… Podíamos dizer tanta coisa acerca de como os amores nos fazem perder a cabeça, mas infelizmente não temos tempo…

Ok, na verdade até temos algum, portanto vamos a isto?

Eu adoro videojogos, cresci com eles, fazem parte da minha vida, e infelizmente devido à idade, ao trabalho e uma vida social agitadíssima não tenho tanto tempo para lhes dedicar como gostava. Mas mesmo assim, alguns jogos ou certos aspectos em volta deles enlouquecem-me… dão figurativa e literalmente comigo em doido. Não que exista um problema com dar em doido, um pouco de loucura nunca fez mal a ninguém, só que disso eu já tenho que chegue sem influências externas…

Há quatro maneiras que os jogos já puxaram ou puxam o desatino em mim, curiosamente são também pecados mortais, (para quem acredita nisso) Ganância, Ira, Luxúria, e…, Ah…, Preg…, hummm… Outro…?

Bem, 3 em 4 não é mau para a analogia:

Scrooge-McDuck

Se cair… vai doer?

Ganância:

STEAM, GOG e outras promoções. Eu este ano prometi a mim mesmo que não ia comprar mais jogos em saldos (e assim como deixar de fumar, estou a cumprir). Se vocês são como eu, já caíram tantas ou mais vezes nesta tentação, “uuuhhh… o seja lá que jogo for que nunca ouvi falar” está a 3€, e o “nem sequer gosto de FPS” está com 70% de desconto, um bundle de jogos de mil e nove e carqueja por €10…” e quando dou por mim, gastei €100 ou mais em jogos, que nunca, mas mesmo, nunca vou jogar.

Se hoje, qualquer um de nós fosse às suas contas e fizesse uma listagem de quantos jogos tem, e quantos jogou, qual seria a percentagem? E qual seria a percentagem de jogos completados?

É esta a ganância que me enlouquece. O ter uma caixa forte virtual de jogos, qual Tio Patinhas para onde me posso atirar de vez em quando e nadar, mas é algo que nunca faço, é só amealhar sem necessidade, só por desejo de ter mais. Daí ter decidido controlar a minha vontade de compra, e tal como nas minhas consolas, ter apenas os jogos que me agradam e se possível um só jogo por estilo, e só compro novos quando acabo esses, se não der para fazer replay.

Mas os saldos estão aí, e há lá uns jogos tão fixes, é.tão.difícil.controlar…

rage

Barrooooowmaaan!

Ira:

Ah… ira, raiva, fúria… nas palavras de William Congreve (e não de Shakespeare como são habitualmente atribuídas): “Os céus não têm raiva como a do amor transformado em ódio, nem os infernos fúria como a da mulher desprezada”. Tudo bem que isto foi escrito no século XVIII mas não deixa de ser verdade, só que hoje em dia podemos dizer também que “Os infernos não conhecem fúria como a do gamer frustrado”.

Qual de nós nunca gritou de raiva para o ecrã, comandos, paredes, sofá, ou mini que estava na mão e foi esvaziada para o bucho depois de ter sido derrotado pela gaziolionézima vez, por aquele Boss irritante? Qual nunca atirou um comando à cabeça de alguém depois de uma derrota humilhante no FIFA ou PES? Quem nunca perdeu amigos depois de umas corridas de Mario Kart? Ou incendiou um edifício público para espairecer depois disso?

Todos nós já o fizemos. Os jogos têm essa particularidade. Eu sou um filho dos 1980s, literalmente de 1980, eu cresci a jogar Nintendo Hard, e a meter moedas em máquinas de arcada. Ah… se eu tivesse guardado todas aquelas moedas de 25 e 50 escudos que meti no Puzzle Bubble 2… Teria montes de moedas de escudo sem valor…? Foi um bom investimento, bem vistas as coisas, mas fora do propósito deste texto.

A questão é que mesmo tendo crescido e treinado qual Frank Dux para o Kumite, ainda fico frustrado e furioso quando alguns jogos me bloqueiam e aí, sai de mim o meu Mr. Hyde, e é bom que ninguém esteja por perto.

Jessica_Rabbit

Eu não sou má… Só fui desenhada assim!

Luxúria:

Os jogos também nos deixam doidos de desejo, não é um desejo pervertido como algumas variantes exclusivas ao mercado nipónico, mas é um desejo. Estamos em temporada de anúncios e apresentações de próximos jogos, E3 e Gamescom estão aí. São lançados trailers, imagens, testes… cada um mais apetecível que o outro, e um gajo fica a bater mal. Ainda no outro dia vi o trailer do Dishonored 2, e eu não gosto nada de jogos FPS, mas esse jogo tem tão bom aspecto que me senti tentado em comprar quando sair. E não foi tentado, tipo passar à porta de uma gelataria e dizer “até comia um…”, foi tentado de quando vemos aquela pessoa que mesmo não sendo o “nosso tipo” pensamos: “Encostava-te ao roupeiro e era até chegar a Nárnia!”… foi esse tipo de tentado… é essa a luxúria que me enlouquece nos jogos. É quando a Nintendo me provoca com um vídeo do novo Legend of Zelda, quando vejo algo com um potencial de diversão incrível, aquele fogo do desejo cresce em mim, anseio por mais, e… depois preciso do equivalente jogável de um duche frio, habitualmente um jogo de Super Mario Bros..

Como disse no início, qual de nós nunca amou? E nunca enlouqueceu por isso? Qual nunca sentiu as loucuras que descrevi ou semelhantes? O amor pelos jogos, o amor que partilho com tantos e tantas é um amor diferente, por vezes ingrato, outras vezes recompensador, mas nunca vazio, nem fácil. Ou, agora sim, nas palavras do Bardo: “O caminho do verdadeiro amor nunca foi suave”.

Ah… ia esquecendo, o outro… Ou a outra?

Bem, há um jogo, já antigo que me deixou doido não de amor, apesar de ter adorado jogar, mas quase literalmente enquanto o fazia, chama-se Eternal Darkness: Sanity’s Requiem e é um jogo de 2002 lançado para a Nintendo Gamecube. Porque é que este jogo me enlouqueceu, perguntam aqueles que nunca o jogaram?

Precisamente porque o jogo estava feito para “brincar” com a cabeça de quem o joga. Imaginem um Survival Horror Game, mas em que além de Energia Física ou “vida”, também temos uma barra de sanidade mental e conforme ela desce o jogo vai alterando, muda a perspectiva, troca os comandos, cria sons aleatórios, “desliga-se” ou falha, para depois voltar ao normal para continuar a jogar… ou fazer tudo do inicio porque reiniciamos a consola quando pensamos que o jogo tinha falhado mesmo, mas agora não me apetece entrar em pormenores desses…

De certeza que alguns jogos já vos deixaram tão “embeiçados”, que vos deixaram doidos de alguma maneira ou de outra, mas nunca, independente do quanto nos enlouquecerem, enquanto tivermos dedos, olhos, ou seja como for que vamos controlar os jogos no futuro iremos parar de jogar. É essa a doce loucura da nossa paixão, é por isso que jogamos, é por isso que quem nos tira os jogos tira um pouco da nossa alma, do nosso coração.

Já que estou numa de jogos e corações: