Tinha de ser, eu sei. Não há melhor forma de entrar no ritmo para falar deste jogo do que o puro disco-sound dos 1970s com Bee Gees a levarem-nos ao rubro com todo o esplendor do seu falsetto. Como viram no nosso Tudo ao Molho da semana passada, Crookz – The Big Heist faz parte do meu top 5 de melhores jogos da Gamescom. E para lhe fazer jus enquanto escrevo preciso de ter a dose certa de boogie, sentir o funk a encher-me o corpo enquanto abano os ombros ao som de Stayin’ Alive. Os dedos também dançam enquanto digitam cada uma destas palavras. Sinto-me vivo. Ah-ah-ah-ah-vivo!

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Todos nós jogámos Commandos, todos nós amamos Commandos e todos nós desesperámos pelo Commandos. Não falo do brilhante filme (ainda que cheio de queijo) no singular que tem o nosso amigo Arnold como protagonista, mas sim da série de acção táctica e furtiva que nos fez esmurrar teclados e espremer ratos (de computador) com raiva. Commandos era difícil e soube ser suficientemente desafiante para que tantos milhares de jogadores o mantivessem num cantinho especial da memória.

Assim que recebi os documentos de RP da Kalypso antes da Gamescom olhei logo para este Crookz como uma skin de psicadelismo dos 1970s dessa série da qual tanto gosto. Mas receei que Crookz não passasse só disso. Felizmente, estava enganado.

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Crookz – The Big Heist apresenta-nos uma série de missões, todas elas relacionadas com roubo ou substituição de objectos, e que requerem infiltração, mestria, e muita acção furtiva. Há uma grande dose de pacifismo (não esquecer que estamos nos 1970s, Flower Power dudes!) e mantendo a honra dos ladrões que somos, não temos sequer a possibilidade de ferir mortalmente qualquer guarda em qualquer nível. Todas as missões têm que ser cuidadosamente levadas a cabo, e ainda que elas decorram em tempo real, é-nos possível “parar o tempo” para fazer os devidos ajustes à nossa estratégia. Cada um dos seis personagens disponíveis tem capacidades únicas, o que significa que temos de seleccionar bem os três (em algumas missões quatro) criminosos que constituirão a nossa pequena quadrilha.

Os boss levels são níveis altamente complexos, cheios de alarmes, câmaras, guardas, armadilhas, caminhos secundários, que temos de conseguir contornar para chegar ao desejado prémio. E sair dali sem sermos vistos é claro, mas isso parece-me óbvio. Há mais do que uma maneira “correcta” de resolver cada missão, e do que pude jogar parece-me que Crookz é suficientemente desafiante para nos voltar a colocar os nervos em franja como Commandos o fez há quase vinte anos. Mas fá-lo-á com funk e algum ritmo, e de preferência com a Irene Cara e uma gigantesca bola de espelhos a preencherem-nos o caminho.

Crookz – the Big Heist demonstrou acima de tudo que é possível ir revisitar géneros menos  explorados nos últimos tempos e dar-lhe uma roupagem nova. Ainda que essa roupagem sejam vestes coloridas, afros a condizer, sapatos de tacão, calças à boca-de-sino e algum perfume patchouly.